Muitas vezes, por estar "na moda", a essência da proposta se perde e a funcionalidade e os benefícios ficam prejudicados
Como diria o dito popular, será que, na prática, a teoria é outra? Como ajustar os ensinamentos pedagógicos de Montessori ao dia a dia sem deixar de lado a importância da autonomia?
A Pedagogia Montessori defende a educação integral da criança em todas as situações. Por isso, ao pensar em oferecer um espaço que coloque em prática esses ensinamentos, é preciso levar em consideração que o quarto também representa um caminho para a aquisição da autonomia dos pequenos. Portanto, objetos que fiquem ao seu alcance e que facilitem o aprendizado são fundamentais para essa abordagem. Nesse sentido, é preciso falar sobre o quarto montessoriano.
Como sempre defendemos aqui no Lunetas, quando o assunto é criar os filhos, não há receitas prontas nem soluções infalíveis. Cada família deve procurar as alternativas que se encaixam melhor ao seu contexto de vida. Afinal, quem tem crianças em casa e vive a difícil tarefa de conciliar trabalho, cuidados com a casa e educação dos filhos, sabe que a prática é bem diferente da teoria.
Pensando nisso, a especialista em Tecnologia Assistida e editora-chefe do site especializado em inclusão Reab.me, publicou um artigo para compartilhar a sua experiência quando colocou em prática os ensinamentos montessorianos para compor o quarto da filha. Ela destaca a culpa que sentiu e as noites em claro que passou no início, em busca de oferecer o ambiente mais enriquecedor possível.
“Se hoje eu pudesse olhar para mim naquela noite, diria: “Alô, Ana? É só uma ideia! Vai dormir”
Mas a verdade é que como terapeuta ocupacional eu catequizo a oportunidade de vivências e estimulações diversas para uma vida saudável e cheia de desenvolvimento, relembra. Ela ressalta os principais pilares que sustentam um quarto dito montessoriano: área de trocador, área da amamentação, área da brincadeira/leitura e o lugar de dormir, tudo baixinho e na perspectiva da criança.
“Quando se pensa na criança ainda pequeníssima, como a minha que é um bebê, com certeza o tópico mais polêmico e até preocupante do quarto montessoriano é a cama. A bendita cama que é basicamente um colchão no chão (sobre um emborrachado ou um estrado de berço) ou uma caminha bem baixinha. Tá, tudo bem, qualquer um até pode conceber a ideia de uma criança de 2, 3 anos em uma cama baixinha, mas um bebê?
“Um bebê que rola, engatinha e não tem controle de tronco ou equilíbrio? Muitos se perguntam por isso. Lembra a noite em que perdi o sono? Foi por causa da questão da hora de dormir”
Em busca de alternativas para sanar sua angústia, Ana buscou soluções similares, e utilizou no início um carrinho de bebê para facilitar as mamadas espaçadas, e depois um moisés até o terceiro mês de seu bebê.
“Uma questão que pesou muito foi isso, afinal, não teríamos que pegar e colocar um bebê no colchão baixo várias vezes durante a noite. Acredito que esse é um dos pontos principais quando estamos falando da prática da cama montessoriana na rotina de um bebê. Lembro várias amigas me alertando em relação a isso! E eu, particularmente, não me imagino ajoelhando várias vezes por noite para colocar um bebê de volta na cama.
Dormir a noite toda foi um ponto essencial para o início do uso do colchão. Mas um outro essencial foi: o tamanho da bebê para o tamanho do móises!! Nosso moisés foi pequenininho, existem maiores que ele (eu mesma ganhei um depois, que se Deus quiser será usado no próximo bebê). Minha bebê aos 3 meses, nas mexidas durante a noite, batia as pernas nos limites do móises”, conta.
Por algum tempo, esse foi um dos maiores receios de Ana em relação ao ambiente de autonomia que norteia o quarto montessoriano. Para resolver essa questão, ela recorreu a um item bastante inusitado.
“O item mais importante de todos para mim foi o “macarrão de piscina”, sabe qual é? Aqueles espaguetes usados em piscina. Vi essa ideia no Pinterest e resolvi adotar! O colchão aqui é de solteiro com altura de 14cm, e os lençóis são para colchões com altura padrão, que se não me engano é 20cm. Para resumir, os espaguetes ficam presos em baixo do colchão nas extremidades. Até então, mais de 6 meses eles sempre funcionaram. Ah, sempre garantimos que o lençol esteja bem colocado para deixar o espaguete bem presinho. Super funciona.”, conta.
Por fim, ela defende que pesquisar e colher o maior número de informações seguras sobre o assunto. É o primeiro passo para aderir a qualquer abordagem de aprendizado, e acalma os pais que não se identificam com uma ou outra pedagogia.
“Como este é um daqueles temas que está na moda, muitas vezes a essência se perde e a funcionalidade e os benefícios da proposta ficam prejudicados”
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