Pediatra defende a importância de reconhecer a criança também como um corpo cultural e político. Ela se junta a outras vozes para refletir sobre o tema
No Minuto Lunetas, a pediatra Silvane Vasconcelos defende que cuidar das infâncias é também garantir que crianças negras se vejam no mundo e, assim, possam sonhar e existir plenamente.
No mês da Consciência Negra, o Minuto Lunetas convida a olhar as infâncias negras. Afinal, o que significa, para uma criança, se ver no mundo? Para ampliar o debate, o quadro reúne vozes que ajudam a responder: qual a importância da representatividade?
Desta vez, quem compartilha suas reflexões é a pediatra Silvane Vasconcelos. Ela sugere olhar para o tema a partir do cuidado com a infância, observando como o mundo olha e devolve às crianças a imagem simbólica de quem elas são e de quem podem ser.
Confira também as respostas de Ediane Ribeiro, psicóloga, escritora e comunicadora, e de Natália Sousa, jornalista, escritora e podcaster.
“É preciso olhar para a criança como um corpo cultural e político e não apenas para sua expressão física biológica”, defende. “Como diz a educadora Bárbara Carini, a representatividade não é vaidade, é sobrevivência simbólica.”
Para Silvane, é por meio da representatividade que se constroem os sentidos de pertencimento, identidade, possibilidade e devir. “Quando uma criança vê o seu cabelo, o seu tom de pele ou sua família representados em telas, livros, espaços e lugares sociais, o corpo relaxa e a autoestima se amplia. Assim, a ideia de futuros possíveis passa a existir.”
As referências positivas têm poder transformador: quando uma menina vê uma médica negra, pode acreditar que aquele também é um lugar para ela. E, ao aprender que a ciência pode ter o seu rosto, se permite sonhar com essa possibilidade, abrindo caminho para imaginar e existir de outras formas.
“Representatividade é quando uma criança se vê e passa a existir.”