14 livros de autores indígenas para ler com crianças e jovens

Incentivar desde a infância a leitura de obras de escritores indígenas pode ajudar a ampliar os olhares das crianças para a cultura dos povos originários

Da redação Publicado em 19.04.2023
Fotomontagem com capas de livros indígenas num fundo laranja
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Resumo

Estimular a leitura de livros de escritores indígenas desde cedo amplia os olhares para a própria cultura. Conheça 14 títulos para crianças e adolescentes que contam as memórias da infância livre na floresta, as lendas e a cosmologia de povos originários.

A literatura indígena utiliza não somente a imaginação, mas a tradição que corre nas veias e permeia a memória de seu povo. Uma vez que ler é uma forma de desvendar mundos diversos e estimular as crianças, apresentar a elas desde cedo livros escritos por indígenas é uma forma de naturalmente ampliar seu olhar infantil para a cultura ancestral e levá-las a entender os povos originários como pessoas que vivem no presente.

Entre as histórias contadas pelos avós, as lendas sobre os seres da floresta, a origem de um povo a partir dos elementos da natureza e memórias das brincadeiras de infância, o Lunetas selecionou 14 títulos de livros escritos por autores indígenas para crianças e adolescentes, para ler com olhos para a terra e para a grandeza da natureza.

Confira sugestões de livros indígenas para os pequenos:

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“Nós: uma antologia de literatura indígena”, diversos autores (Companhia das Letrinhas)

Nesta antologia inteiramente escrita por autores indígenas Kayapó, Saterê-Mawé, Maraguá, Guarani Mbyá, Krenak e outros, diversas narrativas apresentam os mitos e as brincadeiras, e até paixões impossíveis entre seres da natureza. Com linguagens diversas, cada final tem um glossário e informações sobre o povo indígena de origem de seus autores.

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“Lua-menina e menino-onça”, Lia Minápoty (RHJ)

Um conto escrito a partir das memórias da autora que passou a infância ouvindo as lendas compartilhadas nos saraus de sua aldeia. A magia na relação homem-natureza se dá na junção de personagens carregados de cosmologia e diálogos marcados pela oralidade do povo Maraguá, do Amazonas, como forma de preservar os detalhes que ficaram na memória da menina que tinha a escuta aguçada para a fala dos mais velhos.

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“O povo Kambeba e a gota d’água”, Márcia Kambeba (Edebe)

Para os Kambeba, a água é o elemento sagrado que deu origem e formou a identidade deste povo. Com linguagem simples e lúdica, a autora narra o início do “povo das águas”, os Omágua/Kambeba, destacando as tradições seculares ligadas aos rios que atravessam seus territórios. “Ser o povo das águas é motivo de alegria e honra para os que vivem na aldeia e na cidade”, diz o livro.

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“Um sonho que não parecia sonho”, Daniel Munduruku (Caramelo)

Munduruku traça um diálogo entre as crianças da cidade e as lendas indígenas a partir da leitura dos sonhos. Para o seu povo, os sonhos refletem tudo o que uma pessoa pensa, sente e vive. O que se “vê” ao dormir pode ser uma importante mensagem ancestral.

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“Contos da floresta”, Yaguarê Yamã (Peirópolis)

Mitos e lendas dos Maraguá são recriados na narrativa do autor, filho do “povo das histórias de assombração”. Em textos curtos e cheios de suspense, animais fantásticos que protegem a floresta e acontecimentos mágicos que rondam as aldeias apontam a inesgotável fonte de mistério que é a natureza. No final, um glossário com termos da Língua Regional Amazônica e do idioma Maraguá.

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“Projetos e presepadas de um curumim na Amazônia”, Edson Kayapó (Positivo) 

O livro narra a viagem de um pequeno curumim do Amapá, que sai de sua aldeia navegando em um barco rio adentro e depois sobe em um ônibus até chegar em um internato, no Pará. Com viés autobiográfico, o educador celebra a caminhada sob o olhar de sua criança interior, que fazia presepadas na escola, para acalmar a saudade da infância livre nas matas com seu povo.

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“Falando tupi”, Yaguarê Yamã (Pallas)

Jacaré, tatu, ipê, pipoca. Muitas palavras que aprendemos na escola são do tupi, língua das culturas tupinambá, tupiniquim e caeté. De nome de animais, frutas, rios e até cidades do país, o livro inicia as crianças ao universo da língua que os povos de Pindorama falavam antes da invasão portuguesa.

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“A boca da noite”, Cristino Wapichana (Zit)

Os irmãos Dum e Kupai sobem a Laje do Trovão, o lugar mais perigoso da aldeia, para descobrirem as respostas das dúvidas que pairam em suas cabeças enquanto brincam na mata: O que acontece quando o sol mergulha no rio? Ele vai tomar banho antes de dormir? A aventura ganha mais emoção quando os meninos escutam a história da Boca da Noite, contada pelo pai antes de dormir.

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“Meu lugar no mundo”, Sulami Katy (Ática)

O livro traz reflexões para o público infantojuvenil sobre identidade indígena e diferenças culturais, a partir da autobiografia do autor, que saiu de seu território e chegou a São Paulo, onde vai exaltar a cultura potiguara marcada pela natureza, rituais sagrados e palavras sábias do pajé.

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“A pescaria do curumim e outros poemas indígenas”, Tiago Hakiy (Panda Books)

A cultura dos povos da Amazônia é apresentada às crianças na forma de poemas que contam o dia a dia dos curumins. Tem banho de rio, escalada em pé de goiabeira, brincadeiras com animais, pescaria e descanso olhando as estrelas.

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“Meu pai Ag’wã: lembranças da casa de conselho”, Yaguarê Yamã (Scipione)

O livro conta as memórias de um menino, que tem os ensinamentos ancestrais de seu povo e a conexão com o pai conselheiro guardados no coração e nas veias. O reencontro de Yamã, já adulto, em sua terra natal e as lembranças das brincadeiras, da floresta e do pai guiam a narrativa.O livro conta as memórias de um menino, que tem os ensinamentos ancestrais de seu povo e a conexão com o pai conselheiro guardados no coração e nas veias. O reencontro de Yamã, já adulto, em sua terra natal e as lembranças das brincadeiras, da floresta e do pai guiam a narrativa.

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“Txopai e Itôhã”, Kanátyo Pataxó (Formato)

Escrito e ilustrado pelo autor inicialmente para compartilhar pequenas lições sobre o cuidado com as pessoas e a natureza entre os alunos de uma escola Pataxó, conta sobre o mito que originou seu povo. De uma gota de chuva, o primeiro Pataxó a surgir na Terra foi Txopai. Ele, então, teve a missão de ensinar aos irmãos, nascidos das chuvas seguintes, a caçar, pescar e plantar respeitando o tempo da natureza.

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“Coisas de índio – versão infantil”, Daniel Munduruku (Callis)

Com linguagem adaptada para as crianças, Munduruku explica o que é ser indígena retomando os costumes passados e o comportamento presente. O livro detalha a importância da cultura dos povos originários mostrando com ilustrações e pequenos textos como são as aldeias, a arte, as brincadeiras e a língua indígena.

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“Tomoromu – a árvore do mundo”, Cristino Wapichana (SM)

Tomoromu, a árvore mais gigante da floresta, dava frutos doces e perfumados até os gananciosos começarem a explorá-la, mudando os rumos daquele lugar onde vivem os Wapichana e outros povos indígenas de Roraima. A narrativa conta a história de um tempo em que o céu morava mais perto dos seres vivos e todos falavam a mesma líng

* As descrições sobre cada livro foram elaboradas a partir de material disponibilizado pelas próprias editoras.

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