Em seu primeiro livro ilustrado de para crianças, Hilda Hilst brinca com os sentidos das palavras e dialoga sobre a busca de identidade
Único poema infantil escrito por Hilda Hilst convoca as crianças a soltarem a imaginação. Por meio do desenho, cada um pode ajudar a monstra a descobrir quem é.
Uma monstra à procura de saber quem é convida as crianças a imaginá-la. A imaginação, tão comum ao fazer poético e às brincadeiras da infância, acompanha os pequenos no movimento de interpretar de múltiplas maneiras os passeios de Hilda Hilst (1930-2004) por temas como identidade e amizade. “Eu sou a monstra” é o primeiro livro ilustrado infantil da autora que se dedicou integralmente à criação literária, entre livros de poesia, ficção e peças de teatro.
Sem saber exatamente que caras e cores tem, a Monstra chama seu amigo Daniel para desenhá-la no papel e descobrirem juntos formas possíveis de existir. Por meio de perguntas sobre sua aparência e seus gostos, a Monstra vai se construindo como um ser multifacetado, cheio de sonhos e contradições. Astronauta, bruxa, rainha, roseira ou simplesmente sucata, a Monstra pode se transformar naquilo que ela quiser, assim como o pequeno leitor, a bordo das palavras da poeta.
“E o que seria da Monstra
Se não fosse poeta
Para brincar de medo
De magia, de loucura
E de dedo”
– Hilda Hilst
Com uma linguagem repleta de humor e vigor, típica da poética hilstiana, “Eu sou a monstra” brinca com os limites dos significados das coisas e com os sentidos das palavras. Para combinar com a proposta disruptiva e inventiva da poesia de Hilda, os traços fortes e as cores vibrantes da artista mexicana Ixchel Estrada reforçam o poder que sua obra possui de dialogar com os mais diversos públicos, criando a cada página figuras diferentes, com cores vibrantes, traços marcados e colagens.
“Eu sou a monstra” (Companhia das Letrinhas) Neste único texto de Hilda Hilst voltado para o público infantil, com ilustrações de Ixchel Estrada, a Monstra pode se transformar em tudo aquilo que ela quiser – e a imaginação do leitor permitir. Isso porque talvez nem a monstra saiba como ela é. Então, que tal desenhá-la e dar a ela formas possíveis? Ela pode ser fina ou larga, uma rainha ou um astronauta, uma roseira ou simplesmente sucata. Escrito originalmente em 1988, o poema é dedicado a Daniel, filho do artista plástico Mora Fuentes, um grande amigo de Hilda.
No vídeo a seguir, a escritora Aline Bei empresta sua sensibilidade às palavras de Hilda. Outras autoras, como Luiza Romão e Regina Azevedo, também fizeram suas leituras do poema.
Leia mais
Comunicar erro