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Hora de montar o enxoval do bebê: precisa mesmo de tudo isso?

Foto de um homem com um bebê no colo enquanto estende fraldas no varal

Fraldas, mamadeira, body, mantas, travesseiro, kit higiene, termômetro, aspirador nasal, meias, luvinhas, saída de maternidade, paninhos, cueiro, sling. Calma que tem mais: bebê conforto, cômoda, trocador, banheira, poltrona-amamentação. E a lista do enxoval de bebê parece não acabar mais. Não bastasse a quantidade de coisas necessárias quando uma criança está quase chegando ao mundo, tem ainda o fato de ser caro, mas tão fofo que dá vontade de comprar tudo que tem na loja. Listas com mais de 200 itens estão disponíveis em qualquer pesquisa simples sobre o tema. Mas será mesmo que precisa de tudo isso?

As listas de enxoval de bebê podem gerar uma ansiedade grande nos pais e deixá-los confusos sobre o que realmente precisam. “Assim que eu descobri a gravidez da minha primeira filha, não via a hora de saber o sexo para sair comprando tudo. Aos cinco meses de gestação, comecei a fazer o enxoval e comprei muita coisa que não usei, como o kit berço”, conta Valéria Rocha da Silva, mãe de Joana, 7, e Sofia, 2.

“As lojas especializadas oferecem listas de enxoval de bebê com produtos que serão necessários sob o pretexto de facilitar a vida dos futuros papais e mamães, mas elas tendem a conter muitos itens que o bebê não precisará de imediato, por exemplo”, afirma a pediatra Márcia Yamamura. A melhor dica para sair às compras é entender o momento para consumir cada item.

O momento de criar a lista de enxoval de bebê e sair às compras não deve gerar ansiedade ou preocupação. O primeiro passo é não exagerar ao querer comprar tudo de uma vez!

Lista de enxoval de bebê: o que e quando comprar

A internet e a facilidade das compras on-line certamente ajudam os futuros pais a aproveitarem desse benefício. Porém, segundo a pediatra, alguns itens necessitam de uma verificação de qualidade, como roupas, toalhas, poltronas, berço e carrinho, por exemplo, e devem ser comprados, de preferência, presencialmente ou, no mínimo, após avaliar comentários de pessoas que já testaram o produto.

O período mais recomendado para ir às compras presenciais, no caso das gestantes, é até o fim do segundo trimestre de gestação. No início da gravidez, ainda há muita incerteza e desconforto, e no final, o cansaço é um dos principais inimigos das compras. “Porém o momento ideal para preparar o enxoval depende do item da lista. Móveis, poltronas e reformas do futuro quartinho podem demorar mais do que o esperado, portanto, é importante que os pais fiquem atentos ao prazo de entrega e execução. Deixar para última hora pode aumentar o estresse, desnecessariamente”, recomenda a pediatra.

É essencial evitar comprar tudo de uma vez. Ao invés disso, é melhor priorizar o que o bebê vai precisar em um primeiro momento e ir comprando as outras coisas, na medida em que surgirem novas necessidades. “Por possuir muitos itens, as listas podem custar, em média, de 6 a 10 mil reais, a depender da qualidade, marca e preço. Comprar as coisas que o bebê irá utilizar nos primeiros seis meses de vida e os produtos mês a mês pode amenizar esse investimento inicial”, aconselha a especialista.

  • Confira no final da matéria uma lista de enxoval de bebê com itens básicos e realmente necessários!

Para que tanta roupinha?

Bebês crescem rápido demais. Só no primeiro ano, a altura deles pode aumentar até 25 centímetros e o peso triplicar. “A ideia de comprar roupinhas de cada tamanho sempre está presente nas listas de enxoval. Para economizar e comprar o que realmente o bebê irá utilizar, o adequado é ter noção de seu peso no último trimestre da gravidez. Além disso, tenha a quantidade de roupas suficiente para trocas necessárias durante três dias, escolhendo peças que sejam 100% algodão para evitar alergias e sem muitos acessórios”, recomenda a pediatra.

Não esqueça também que, normalmente, os bebês que nascem com 3kg ou menos usam roupa de recém-nascido (RN) por cerca de um mês e os bebês que nascem com 3,5kg ou mais usam roupa de recém-nascido por cerca de 15 dias, ou seja, rapidinho elas não servem mais. Outra dica é estar atento a qual estação do ano está previsto o nascimento do bebê para assim saber quais roupas comprar e de que tamanho: não adianta ter roupas de inverno para um bebê que irá nascer no verão, por exemplo.

Itens como cadeira de alimentação, mamadeira, esterilizador, copo de transição e potes para alimentos e talheres só serão úteis quando a mãe deixar o aleitamento exclusivo – o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é que seja exclusivo até os seis meses e complementar até os dois anos ou mais. Por isso, não é necessário, segundo a especialista, se antecipar e investir em itens que talvez nem sejam utilizados. No caso das chupetas, o uso é controverso. “O uso de bolsa térmica para cólicas também é algo a se atentar, pois pode causar queimaduras no bebê”, indica a médica.

Consumo consciente vem do berço

Na hora de montar o enxoval, muitos pais esquecem que comprar nem sempre é a única forma de obter os itens necessários. É possível, por exemplo, conseguir as peças, especialmente roupas, em sites como Segunda Mãozinha, Ficou Pequeno ou Troquinha, em grupos de desapego, troca, aluguel e até de empréstimo.

Ana Luíza Piovezam, que está grávida do seu primeiro filho, optou por itens de brechós. “Todas as roupinhas eu comprei em brechós, ponderando sempre sobre a real necessidade e praticidade do uso. Acessórios como chupeta e mamadeira não foram incluídos na lista, por serem vilões da amamentação. Quero conhecer a necessidade do meu bebê para investir certo”, defende.

O consumo consciente de itens de enxoval, sem dúvida, ajuda a diminuir os custos. Roupas de segunda mão, por exemplo, desde que em boas condições, podem seguramente ser adquiridas no enxoval”, afirma a pediatra. É importante que os pais fiquem atentos à qualidade e ao estado das peças e façam a higienização necessária, utilizando sempre sabão em pó neutro, sem recorrer a produtos químicos agressivos, que podem causar alergias no bebê.

Atualmente, existem diversas iniciativas de consumo consciente. Um exemplo é a Circulô, marca de roupas para bebês que nasceu das experiências das fundadoras Luanda Oliveira e Gabriela Miranda. Ambas são mães e sentiram na pele as dificuldades de montar um enxoval no primeiro ano de vida das crianças. Num modelo de economia circular, a empresa oferece kits base do guarda-roupa do bebê com opções complementares e avulsas.

Cada família escolhe o que quer para compor aqueles itens, recebe em casa, lavado e passado, usa e, quando não serve mais, compra o vale troca, passa para o tamanho seguinte e manda o anterior para a loja, que vai higienizar e reparar as peças, se necessário, colocando de novo em uso para uma nova família.

No caso de itens mais caros, como carrinhos, berços e cadeirinhas de carro, a pediatra recomenda sempre verificar se o selo do Inmetro está presente nos produtos e se são adequados à idade da criança. Verificar o estado de conservação do produto também é indicado, pois pode afetar a segurança, como o bebê-conforto. Se for possível optar por mercadorias que utilizem matéria-prima natural e formas de produção sustentáveis, melhor ainda.

Menos coisas, mais pessoas

Silva teve experiências diferentes na primeira e na segunda gestação, e aconselha as gestantes que estão nesse processo de montar a lista de enxoval do bebê a se preparem para aceitar a ajuda da rede de apoio. “A exaustão após o nascimento de um bebê é muito grande e ter alguém ajudando traz conforto”, diz. Já Piovezam conta que nesse processo de montar o enxoval ela usa uma regrinha simples, mas que vem sendo de grande ajuda. “Um dos pontos principais é sempre me questionar: como tal item passou a ser tão necessário e até considerado ‘obrigatório’ se não existia há 30 anos? Será que ele é realmente prático ou só um modismo ou marketing”, exemplifica.

Trocar, alugar para experimentar, pesquisar bastante, pedir emprestado, consumir menos: essas são algumas das formas de evitar um enxoval que vai se acumulando, sem uso, no guarda-roupa.

Na hora de pensar no que um bebê precisa, vale a máxima de que ele precisa de pessoas, não de coisas.

“O meu conselho é ter o mínimo, para começar, e se permitir conhecer o bebê para ver o que vai funcionar na nova realidade e ir ajustando aos poucos. O essencial continua sendo o colo, o tempo do cuidador principal – que, geralmente, é a mãe -, e carinho. Todo resto vai se moldando na realidade de cada um, da melhor maneira”, aconselha Oliveira. Além disso, priorizar o que as crianças precisam alivia a pressão por um consumismo sem freios, nada saudável para a vida na Terra. “Os bebês estão chegando em um planeta com recursos escassos, e precisamos cuidar do meio ambiente para que eles cresçam e ainda tenham uma natureza saudável para participar e aproveitar”, emenda.

Faça do processo de montar o enxoval uma atividade necessária no momento de gestação, mas preocupe-se também em adquirir conhecimento sobre amamentação, sono do bebê, cuidados com o recém-nascido. Prepare-se para receber uma pessoinha que não vai se importar com o que está usando, e sim com todo o amor que você tem para dar.

Sim ou não? Lista (enxuta) de enxoval de bebê 

PRECISA 

Mobiliário

  • Berço ou moisés
  • Cômoda ou trocador
  • Poltrona-amamentação: opte por uma bastante confortável e com apoio de pé, pois é onde mamãe e bebê vão passar grande parte do tempo
  • Guarda-roupa
  • Cabides e/ou organizadores de gavetas
  • Bebê conforto para o carro
  • Carrinho para passeio
  • Banheira: recomendado para o banho até três meses de vida, mas os pais podem optar por dar banho no colo e direto no chuveiro

Roupa de cama e banho

  • Colchão, caso opte pelo berço 
  • 1 lençol de baixo (preferencialmente com elástico), caso opte pelo berço
  • Mantas e cueiros
  • Kit limpeza: pode ser uma garrafa térmica com água morna e um recipiente para guardar algodão
  • Toalhas de banho
  • Paninhos/fraldinhas de boca

Roupinhas (verificar idade, tamanho e peso o bebê em determinada estação do ano)

  • Bodies de manga curta e longa
  • Macacões 
  • Calças ou shorts
  • Meias
  • Casaquinhos e gorrinhos (se outono/inverno)
  • Luvinha: apenas para quando recém-nascido, antes do primeiro corte de unha

Higiene

  • Fraldas (descartáveis/de tecido)
  • Algodão
  • Cotonete: para limpar em volta da orelha, nunca dentro
  • Creme para assaduras (com recomendação pediátrica)
  • Sabonete neutro 2 em 1 (corpo e cabelo)
  • Pente de cabelo
  • Kit unha: tesoura, cortador de unha, lixa  
  • Álcool 70% e gaze (para o umbigo)
  • Lenço umedecido (para passeios) 
  • Aspirador nasal
  • Seringa e soro: para lavagem nasal
  • Termômetro
  • Sabão de coco/neutro para lavar roupas

Outros

  • Sling e ou mochila evolutiva (a partir de seis meses) 
  • Mochila ou malinha para passeio 
  • Almofada amamentação: facilita para posicionar o bebê, principalmente quando recém-nascido

Para a mamãe

  • Coletor de leite: útil para coletar o leite excedente de uma mama enquanto a mãe amamenta em outra  
  • Sutiã amamentação: com sustentação
  • Camisas/pijamas de botão ou fáceis para amamentar
  • Absorvente grande para pós-parto
  • Absorvente para seios

NÃO PRECISA 

  • Protetores de berço, posicionadores para dormir, cobertores, lençóis, almofadas, bichos de pelúcia e outros objetos: não são recomendados pelo risco de sufocamento
  • Travesseiros: a Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda o uso de travesseiros até 1 ano de vida
  • Móbiles, mosquiteiros e cortinas: acumulam poeira e sujeira, podendo provocar alergias e outros problemas de saúde
  • Sapatos: os pés do bebê crescem rápido e eles não pisam no chão no início da vida
  • Estoque de fraldas: é importante experimentar a marca primeiro e verificar se o bebê não vai desenvolver alguma alergia; além disso, é essencial comprar de vários tamanhos, já que o bebê cresce rápido
  • Xampu e condicionador: sabonete líquido neutro já é suficiente no início da vida
  • Colônias, perfumes, óleos e hidratantes: pelo risco de alergias e reações que podem causar na pele do bebê
  • Cadeira de alimentação: apenas após seis meses de vida
  • Mamadeiras e acessórios, potes para armazenamento de leite, bomba para tirar leite: comprar caso ocorra dificuldade de amamentação ou para armazenar o leite em caso de ausência da mãe, que pode estar no trabalho, por exemplo
  • Copo de transição, talheres, pratos e potes para alimentos: só a partir do sexto mês
  • Chupetas: não recomendado
  • Bolsa térmica: risco de queimadura
  • Saída de maternidade: qualquer conjuntinho confortável tem a mesma função

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