Por mais crianças na natureza e mais natureza para as crianças

Festival Criança e Natureza debate caminhos individuais e coletivos para que a criança na natureza não se torne uma espécie em extinção

Da redação Publicado em 18.08.2021
Uma criança agachada planta uma muda com a ajuda de um adulto, de quem só aparece uma parte do corpo e as mãos
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Resumo

Taís Araújo, Gaby Amarantos e Bela Gil se unem a outros convidados para refletir sobre caminhos práticos para que o direito à natureza prevaleça, garantindo a vida das múltiplas infâncias no planeta.

O Festival Criança e Natureza, promovido pelo Instituto Alana em parceria com o Sesc, preparou uma programação on-line e gratuita com o propósito de refletir com você sobre caminhos práticos e soluções baseadas em recursos naturais, para que o nosso direito à natureza prevaleça, garantindo a vida das múltiplas infâncias no planeta. 

A natureza nos mostra o poder da interdependência para o bem-estar de todos os seres e um melhor uso de seus recursos. Por isso, precisamos defender a presença de mais crianças na natureza e mais natureza para as crianças. 

Nos dias 17, 18 e 19 de agosto, o Festival Criança e Natureza convida para uma série de conversas, reflexões e propostas. Entre os temas abordados, estão: Como incorporar o acesso aos espaços de lazer ao ar livre como fator determinante de saúde na infância e adolescência? Como articular escolas, territórios e natureza para desemparedar as crianças? Como construir cidades mais verdes, acolhedoras e brincantes? Como avançar do “acessório” para o “essencial” e garantir que todas as infâncias tenham acesso aos benefícios que o brincar e o aprender ao ar livre trazem para a saúde física e mental?

A abertura do evento aconteceu nesta terça-feira (17/8), com mediação de Taís Araújo. A atriz, jornalista e defensora do Direito das Mulheres Negras da ONU lembrou que 

“Crianças são as mais vulneráveis à crise socioambiental que estamos vivendo e as que mais precisam ser protegidas”

Apesar da infância urbana, Bela Gil, chef de cozinha natural e apresentadora de programas de TV, destacou a importância da conexão com a natureza, sobretudo em seu trabalho, que está “enraizado na vontade de transformar o mundo por meio da alimentação”, diz. “Se eu tivesse crescido com mais contato com a terra, isso teria facilitado minha profissão, mas a experiência em centros urbanos foi importante para agora passar algo diferente para os meus filhos, conectando-os à terra através da comida e do plantio em nossa horta, por exemplo”, reforçando a importância de a criança saber de onde vem os alimentos e entender que a gente é a natureza.

A experiência em meio à natureza de Juliana Tozzi, engenheira civil e primeira montanhista cadeirante do Brasil, acampando e escalando em rochas, é vivida por ela como uma oportunidade de se desconectar e estar mais próxima da família. Além de ser uma válvula de escape fugir para a natureza depois de uma semana de trabalho, Juliana aponta o contato com a natureza e os esportes como responsáveis por ter lhe dado forças quando sua vida mudou completamente, deixando-a em uma cadeira de rodas, mas sem impedi-la de acessar o mundo lá fora.

“Todo mundo tem o direito de acessar a natureza!”

Catarina Lorenzo, ativista que assinou a petição Crianças vs Crise Climática junto de Greta Thunberg e outros jovens, lembrou que sua luta é pelo direito a um futuro justo. Para tanto, ela recomenda que líderes mundiais ouçam os mais jovens, que haja políticas públicas em prol do meio ambiente e fiscalização dessas leis, além do estímulo a uma educação ambiental em que a criança bote a mão na terra.

“Somos nós, jovens, que vamos lidar com esses problemas. Queremos a oportunidade de viver junto da natureza. Tenho esperança de ter esse futuro que segue o caminho da sustentabilidade, que vai nos trazer o equilíbrio da natureza, porque sem ele não sobreviveremos.”

“Há uma linguagem da natureza, e, nesse momento, ela está pedindo ajuda”

Por fim, Gaby Amarantos, cantora, apresentadora de programa de TV e ativista da ONU, ao relembrar seus antepassados ribeirinhos, que vivem do que o rio e a floresta dão, comentou os impactos das queimadas e do desmatamento da Amazônia, que afetam os povos da floresta, geram desequilíbrio à biodiversidade e comprometem nossas condições de vida, com um clima mais seco e ar poluído, por exemplo.

Entre as formas de se reconectar com a natureza, ela sugere o caminho via alimentação, incentivando produtores rurais, que têm respeito pela terra, e também um consumo natural, esperando o tempo da terra, ou seja, “comer banana no tempo da banana”, diz.

O futuro que Gaby quer é um futuro que “tudo da natureza seja para todos”. “Um futuro em que as crianças acessem a natureza e que isso vire política pública. Que a gente mostre a elas a beleza do nosso Brasil e da nossa diversidade – não só nos livros, mas que elas possam ter isso como experiência: saber o que é um jenipapo, conhecer uma cachoeira, pintar o rosto de vermelho com urucum.”

“Mais do que aprender a desenhar uma árvore, a gente tem que aprender a plantar uma árvore”

Assista à abertura na íntegra e se inspire também com a fala de Kiara Terra, escritora e contadora de histórias que foi a mestre de cerimônias do primeiro dia de evento:

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