Esqueci o quanto um dia é longo. E o que você, adulto, esqueceu?

É fácil esquecer dos aprendizados da infância em meio a tantos boletos, compromissos e responsabilidade da vida adulta

Luciana Bento Publicado em 18.10.2018
Dois homem sorrindo em um brinquedo gira-gira

Resumo

A colunista Luciana Bento nos convida a apreciar os momentos da vida com o olhar de uma criança. Para ela, as crianças são capazes de amolecer o coração adulto. Inspire-se!

Crescer e amadurecer é o curso natural da vida. Ao longo deste processo, nosso olhar se torna cada vez mais mediado por regras sociais e morais. Nossa sede por descobrir o mundo vai diminuindo na medida em que crescemos e nos decepcionamos com a realidade, tão diferente do mundo idílico visto pelos olhos infantis.  Convivendo com crianças e percebendo a esperança na inocência de um olhar que quer descobrir e desfrutar o mundo, me pergunto: o que o adulto esqueceu?

Eu esqueci o quanto um dia é longo. Que 24 horas é tempo suficiente para construir uma cabaninha de lençóis, atravessar um rio de almofadas e explorar a imensa floresta que existe no quintal.

A distância entre a manhã e a noite é enorme quando se espera os pais voltarem do trabalho para brincar.

Eu esqueci que cinco minutos de atenção integral de alguém que a gente ama pode valer mais que várias horas de atenção parcial, dividida entre outros afazeres. Esqueci que fazer tudo ao mesmo tempo, tentar ser multitarefa nem sempre dá certo e raramente é tão prazeroso quanto passar cinco minutos apenas olhando como as formigas se movimentam ou olhando as nuvens no céu, imaginando como seria viver em outros planetas. Quantas vezes respondemos aos nossos pequenos enquanto fazemos o jantar e assistirmos um vídeo no youtube, sem percebermos que tudo que a criança queria naquele momento era um olhar atencioso e uma escuta ativa.

Eu esqueci que brincar o dia todo pode ser tão cansativo quanto um dia de trabalho, que criança também se frustra com a monotonia da rotina. Ninguém quer fazer exatamente a mesma coisa o tempo todo, precisamos de diversidade.

Nenhuma atividade é o suficiente para fazer as crianças “felizes para sempre”

Eu esqueci que o mundo do faz de conta é a grande oportunidade de viver outra realidade. Que lá podemos ser quem quisermos, que não existem limites para os nossos sonhos e que existe sim um lugar no qual nossas frustrações podem ser transformadas em alegrias. Esqueci da importância desse refúgio fantástico no equilíbrio dos nossos sentimentos, na manutenção da esperança e da crença de que um mundo melhor é possível.

Nem sempre conseguimos lembrar da importância de cada um desses momentos. É fácil esquecer dos aprendizados da infância em meio a tantos boletos, compromissos e responsabilidade da vida adulta. Mas se nos permitirmos um momento para olhar o mundo com as nossas crianças, com certeza vamos recuperar todos aprendizados puros que nos fazem olhar o mundo com mais ternura e compaixão.

Estou me permitindo retomar a leveza da vida, apreciando os momentos com um olhar de criança. A convivência com elas deve amolecer nosso coração adulto, calejado pela responsabilidade e nos ajudar a perceber o mundo com mais ternura.

Nesse Mês das Crianças, eu pergunto: do que você se esqueceu?

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