O tambor toca, as saias giram e a suça começa. Na pisada da suça é um convite para que todos conheçam essa manifestação cultural de herança africana que mistura dança, música e religiosidade, a partir da narrativa das novas gerações de suceiras. “É observando e fazendo junto que as meninas narram, por meio da voz e do corpo feminino, a potência da suça em suas vidas, conhecendo e reconhecendo o valor da sua cultura e das suas raízes, símbolos de resistência, beleza e empoderamento”, conta a idealizadora do projeto, Liubliana Silva Moreira Siqueira.
Em sua pesquisa para o doutorado em artes cênicas, ela percebeu a inexistência de artigos, reportagens ou documentários que trouxessem a mulher como protagonista na história da suça. Assim, decidiu que lançaria luz sobre essa manifestação tradicional pela voz das meninas suceiras, acompanhando as integrantes do Grupo de Suça Tia Benvinda, da cidade de Natividade, no Tocantins.
“A cultura tradicional é viva e se mantém viva em cada criança que a experiencia e a leva adiante; acredito que as crianças são fundamentais nesse ciclo. […] Devemos possibilitar novos lugares de fala para as nossas crianças, reconhecendo o potencial expressivo e transformador que elas têm, a sua cultura e a sua história no mundo”, afirma Liubliana.
Um dos maiores desafios foi gravar o vídeo durante a pandemia. Todos os protocolos de segurança foram seguidos, mas manter o distanciamento e não cair na dança foi difícil, diz ela. “Foi um momento lindo. Ver as meninas dançando, tocando e contando sua história dentro dessa tradição valeu a pena, pois deu voz a elas para que trouxessem uma verdade profunda”, recorda.
Com o tema da infância sempre presente em sua trajetória, Liubliana diz que participar do Infâncias plurais ampliou seus horizontes, uma vez que pôde conhecer novas perspectivas e experiências de profissionais de diversas áreas.