Esquecer da reunião de pais na escola, mentir que a sobremesa já acabou, fazer hora extra todos os dias por uma semana inteira. Alguém precisa colocar um limite nisso! Em O pior filho do mundo, produção de Pamella Doria de Souza Martins, é apresentada uma inversão divertida dos papéis de pais, mães e filhos. Ou será que nem tanto?
O vídeo partiu de uma pesquisa via formulário digital realizada pela autora com crianças. Elas deveriam responder quais eram, na sua opinião, as vantagens e os desafios de ser criança e de ser adulto. Pamella construiu o roteiro a partir dessas respostas e escolheu a técnica de stop-motion para a gravação, contando com a ajuda de seu marido, e com as vozes de um casal de amigos e do filho de uma amiga. O prazo de produção e a falta de experiência com a técnica foram seus principais obstáculos a superar, diz.
Ao longo de mais de uma década trabalhando com educação, ela nota uma séria tensão entre o que está no imaginário social e a realidade de ser criança. A autora se pergunta como o público infantil vai reagir diante do filho que põe os pais de castigo, se vai se sentir representado ou incomodado. Será que muitos dos espectadores, ao serem contrariados de forma enfática pelos pais, já se viram gritando um dramático “eu tenho os piores pais do mundo!”?
Além de entreter, a intenção de Pamella é gerar uma curiosidade e um debate sobre as relações intergeracionais entre adultos e crianças e sobre a diversidade de formas de viver e de conceber a infância, questões que também a guiam em sua profissão. Como educadora, seu objetivo é a construção de um espaço de pluralidade, que acolha a todos e que não admita retrocessos: “Pelas crianças, precisamos continuar avançando”.
Foi nesse intuito que se deu sua participação no Infâncias plurais. Segundo ela, o projeto veio como uma ferramenta de ampliação de sua leitura de mundo que vai reverberar na sua prática pedagógica e na vida das crianças que passam por sua vida.