Educadora distribui bonecas negras em escolas públicas do Rio

Impactando mais de quatro mil crianças, projeto “Dandara nas escolas” distribui bonecas negras e forma professores da rede municipal carioca

Eduarda Ramos Publicado em 09.12.2022
Um grupo de meninas negras brinca com bonecas negras em uma biblioteca.
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Resumo

Os brinquedos de hoje refletem a diversidade étnica do país? Unindo o ato de brincar a uma formação antirracista de qualidade, a empreendedora Jaciana Melquiades distribuiu duas mil bonecas negras em escolas do Rio de Janeiro.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE, 56,1% da população brasileira é negra (pretos e pardos). Mas esses números refletem a possibilidade de crianças se verem em brinquedos que têm a sua cor? Para tentar resolver essa questão, a historiadora e empreendedora Jaciana Melquiades criou a empresa social “Era uma vez o mundo”, em que bonecas negras permitem às crianças acessarem uma formação social cidadã, antirracista e representativa.

Qual a cara das bonecas do Brasil?
Segundo a pesquisa “Cadê nossa boneca?”, lançada pela Avante – Educação e mobilização social, em 2020, apenas 6% das bonecas comercializadas no Brasil em sites de fabricantes associados à Fundação Abrinq eram negras: o número equivale a 70 bonecas em um total de 1.093 modelos. Entre 2016 e 2018, os números oscilaram de 6% a 9%. 

Melquiades conta que a empresa nasceu em 2013 com a proposta de oferecer atividades educativas, em que produzia os brinquedos para brincar nas oficinas com seu filho Matias, hoje com 11 anos. Com o apoio de um edital privado, a professora desenvolveu a boneca Dandara Mini, que apresenta profissões para as crianças junto de informações voltadas à história negra por trás dessas ocupações. Foi assim que ela começou a distribuir o brinquedo em escolas públicas do Rio de Janeiro, por meio do projeto “Dandara nas escolas”.

As ações da educadora impactaram aproximadamente quatro mil crianças. Além da distribuição direta, bonecas negras foram enviadas a acervos de escolas públicas. Sobre a formação especializada para professores da rede municipal de ensino, a empreendedora comenta, em entrevista, que eles “acabam se tornando braços de atuação antirracista dentro da sala de aula”.

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