SP terá primeiro curso de formação de professores indígenas

O curso terá conteúdos curriculares que contemplem cada uma das cinco etnias atuantes na região: Guarani, Tupi, Kaingang, Terena e Krenak.

Da redação Publicado em 20.09.2018
Duas meninas indígenas abraçadas e sorrindo, com o rosto pintado e ornamentos típicos da Amazônia pendurados no pescoço.

Resumo

O primeiro curso de formação para professores indígenas totalmente elaborado por indígenas terá conteúdos curriculares que contemplem cada uma das cinco etnias atuantes na região: Guarani, Tupi, Kaingang, Terena e Krenak.

Você sabe quais são as etnias indígenas presentes no Estado de São Paulo? Para suprir esta e outras lacunas de conhecimento sobre a cultura indígena paulista, lideranças estaduais estão reunidas desde agosto deste ano para articular conteúdos curriculares que contemplem cada uma das cinco etnias atuantes na região: Guarani, Tupi, Kaingang, Terena e Krenak.

Voltado para professores que atuam em escolas indígenas, o curso de licenciatura tem a proposta de reforçar a utilidade de escolas em aldeias que respeitem à multiplicidades das culturas indígenas, a partir de transformações no modo de pensar a educação nesses espaços. Trata-se do primeiro curso de formação de professores inteiramente elaborado por indígenas. A iniciativa foi organizada pelo Fórum de Professores Indígenas do Estado de São Paulo, e acolhida pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

O resultado será um curso de extensão, que deve ser desenvolvido durante os anos de 2018 e 2019, pelo grupo “Por uma licenciatura indígena no Estado de São Paulo”. Todas as reivindicações do curso estão amparadas pela LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). O conteúdo da formação terá o objetivo não só de atender à diversidade cultural e identitária dos povos originários, mas também respeitar as múltiplas realidades da comunidade, suprindo espaços que a pedagogia comum não preenche.

Dentre as docentes que coordenam o grupo de trabalho, está a educadora indígena e Poty Poran Carlos, que milita pelo reconhecimento da diversidade indígena, e alerta como a cultura do homem branco da cidade trata o indígena com generalizações perigosas, quase sempre o considerando um estrangeiro dentro de sua própria terra.

“No Brasil, existem cerca de 220 etnias e mais de 180 línguas. São mais de 400 modos de e ser e estar no mundo. Não existe cultura indígena, existem culturas indígenas”, defende Poty

“A maioria dos nossos alunos não quer ser formada necessariamente para o mercado de trabalho. Quer outros caminhos como ficar na aldeia e aprender as atividades de subsistência. Mas também poder circular no mundo juruá e saber lidar com o que não é da aldeia: ir até a cidade, ler as placas e contratos, o transporte, e mexer com dinheiro”, diz Poty Poran, em entrevista ao Centro de Referências em Educação Integral.

Depois de finalizada, a proposta do curso será apresentada para universidades paulistas. O objetivo é propor que elas acessem verbas do Ministério da Educação (MEC) voltadas para cursos de formação de indígenas.

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