Birra: como a cultura indígena Inuit lida com as emoções?

Lidar com a birra não é fácil; até mesmo para os adultos, lidar com as emoções é algo complexo. Na cultura Inuit, gritar com as crianças é considerado errado

Laboratório de Educação Publicado em 23.05.2019
Foto de mãe e filha indígenas olhando atentamente. A criança está nas costas de sua mãe
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Resumo

Nosso parceiro Toda Criança Pode Aprender compartilha as experiências da antropóloga americana Jean Briggs junto aos povos da cultura indígena Inuit, do Canadá, e conta como eles lidam com a birra das crianças.

Gritar com crianças pequenas não é efetivo. Foi essa a conclusão que a antropóloga americana Jean Briggs tirou a partir da convivência com a comunidade de cultura Inuit, no Canadá, nos anos 1960. Nessa temática, nosso parceiro do Toda Criança Pode Aprender publicou uma matéria em que compartilha essas experiências, e provoca a pensar sobre a forma como cada cultura lida com as emoções.

Vivência com a cultura Inuit

Brigs viveu cerca de um ano junto os povos Inuit, e neste período pôde observar que os adultos da comunidade eram todos muito calmos, e não demonstravam irritação. Diante dessa observação, ela passou a se questionar: qual é o caminho para que as crianças se transformem naqueles adultos tão tranquilos?

Segundo a publicação, é consenso entre as mães da cultura Inuit que não se deve gritar com crianças pequenos. Para eles, dar broncas ou gritar na hora de tentar educar uma criança é considerado uma atitude inapropriada. Eles têm como prática comum um tipo de beijo especial para os bebês, em que o adulto encosta o nariz na bochecha dos pequeninos e cheira a pele.

Para esse povo, mesmo que os pais achem que os pequenos estão fazendo birra só para provocar, não é isso que de fato está acontecendo. Eles acreditam que o comportamento agressivo da criança deve ser sintoma de uma causa que cabe aos adultos descobrir qual é.

Se associarmos essa prática Inuit à fala de pesquisadores em desenvolvimento infantil, é possível aprofundar ainda mais esse pensamento, de que a criança chora, faz birra, grita e esperneia não para manipular os adultos ao seu redor, mas para expressar um sentimento que ela ainda não tem condições de nomear e demonstrar de outra forma.

Lisa Ipeelie, uma produtora de rádio Inuit que cresceu com 12 irmãos e tem filhos pequenos, disse para a National Public Radio (NPR), um site de notícias dos Estados Unidos: “Levantar sua voz não ajuda, só vai fazer o seu próprio batimento cardíaco subir”. Para quem lê em inglês, é possível acessar a matéria “How Inuit parents teach kids to control their anger” na íntegra.

A psicóloga estadunidense Laura Markham chama atenção para o fato de que as crianças aprendem a regular suas emoções olhando para o exemplo dos pais. Portanto, se o adulto grita quando está com raiva, está ensinando a criança a mesma associação.

Sentir raiva não é tabu

Quando o assunto é lidar com as emoções, é preciso ter cuidado de não transformar emoções genuínas em um comportamento a ser reprimido. Aos adultos que educam a criança, cabe ter cautela e observar cada caso e cada criança de forma individualizada. Para o pediatra inglês Donald Woods Winnicott, a agressividade representa uma parte constituinte do sujeito.

“Há uma agressividade necessária para a convivência e conquista do mundo. De certo modo, em algumas situações, ela é sinônimo de ação, portanto, necessária para a vida”, afirmou, em entrevista ao Lunetas, a psicanalista e mestre em Psicologia da Educação pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP), Maria Teresa Venceslau de Carvalho. Leia a matéria completa.

Clique aqui para ler o texto completo do Toda Criança Pode Aprender.

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