A convite do Lunetas, Mayara Assunção, do Coletivo Kianda, listou alguns espaços para levar as crianças e promover a representativdade na infância
Mayara Assunção, mãe e membro do coletivo Coletivo Kianda, indica espaços culturais com representatividade negra para levar as crianças em São Paulo.
“Os espaços de brincar precisam ser pensados para receber crianças diferentes e principalmente, acolher estas diferenças”.
É a partir desta premissa que Mayara Assunção, mãe do Adriano, de um ano e 11 meses, procura espaços com representatividade negra para passear na cidade de São Paulo. Mayara integra o Coletivo Kianda, um grupo de mulheres negras que discute maternidade, arte, educação e cultura.
Ela falou ao Lunetas sobre o quanto é importante que as cidades e os espaços culturais sejam espaços de representatividade negra para crianças: “Destas vivências iremos construir adultos mais fortalecidos, pela representatividade e valorização da autoestima”.
Uma das mais novas descobertas de Mayara, que também integra o Bloco Afropercussivo Zumbido foi o Sesc 24 de Maio, na região central de São Paulo, inaugurado no início deste mês. “Tivemos uma surpresa extremamente agradável ao perceber neste espaço muitos bonecos e bonecas negros de pano. Tecidos africanos ao lado dos tules. Bonecos com slings para as crianças fazerem as amarrações junto ao corpo. Bonecos de crochê. E muita música e cantigas tradicionais”, explica Mayara.
É na infância que estamos formando a nossa visão de nós mesmos e descobrindo o nosso lugar no mundo. Por isso, Mayara sustenta que é fundamental espaços de representatividade: “para que crianças negras possam brincar e fortalecer sua identidade, sem exposição a nenhuma reprodução de racismo”.
Embora 53% da população seja composta por pessoas negras, adultos e crianças, há poucos brinquedos com os quais as crianças negras sintam identificação. Estamos falando de bonecas negras. De acordo com levantamento da ONG Avante sobre a oferta dessas bonecas na internet, entre os meses de abril a julho de 2016, de um total de 1.945 modelos de bonecas encontradas, apenas 131 eram negras. Por isso, outra indicação da ativista é o Ateliê Preta Pretinha, localizado na Vila Madalena, zona oeste de São Paulo. “Lá, encontramos bonecas muçulmanas, indígenas, com deficiência visual”, disse.
O cuidado na curadoria dos passeios, livros e produtos culturais que a crianças têm contato exercem uma influência direta sobre quais paradigmas são acionados no imaginário das crianças. Por isso, para Mayara, é importante que a diversidade cultural, a pluralidade de discursos e o contato com múltiplas realidades estejam contemplados nos espaços que os pequenos frequentam. Leia mais sobre a cultura aqui.
Em parceria com o Lunetas, Mayara Assunção indica espaços de brincar com representatividade em São Paulo.
Veja a lista!
Inaugurado em 12 de julho de 1980, o O Centro de Culturas Negras do Jabaquara – Mãe Sylvia de Oxalá – CCNJ foi criado com o intuito de oferecer,atividades culturais, artísticas e recreativas para população. O local abriga a Biblioteca Paulo Duarte, o Acervo da Memória e do Viver Afro-brasileiro Caio Egydio de Souza Aranha e a Casa Histórica do Sítio da Ressaca. Acompanhe a programação do CCNJ.
O Museu Afro Brasil está dentro do mais famoso Parque de São Paulo, o Parque Ibirapuera, o Museu conserva, em 11 mil m2 um acervo com mais de 6 mil obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, documentos e peças etnológicas, de autores brasileiros e estrangeiros, produzidos entre o século XVIII e os dias de hoje. O acervo abarca diversos aspectos dos universos culturais africanos e afro-brasileiros, abordando temas como a religião, o trabalho, a arte, a escravidão, entre outros temas ao registrar a trajetória histórica e as influências africanas na construção da sociedade brasileira. Todos os meses, o espaço recebe “Aos pés do Babobá”, contação de histórias ou mediação de leitura. Na atividade, crianças e adultos pode, conhecer narrativas africanas ou afro-brasileiras e, em seguida, participar de um bate-papo conduzido por integrantes do Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil. Acompanhe a programação aqui.
O Instituto Brincante é um espaço de conhecimento, assimilação e recriação das inúmeras manifestações artísticas do país. A missão do espaço é promover o enriquecimento humano por meio do estudo e da pesquisa da arte e da cultura brasileiras, formando e capacitando jovens, crianças, artistas e educadores e contribuindo para ampliar sua consciência cultural e social. Acompanhe a programação aqui.
O conceito arquitetônico do Sesc 24 de Maio é assinado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, reconhecido internacionalmente por sua arquitetura social e humanista. O termo “conceito arquitetônico”, em lugar de “projeto arquitetônico”, é corretamente utilizado porque o edifício que abriga a unidade já existia: é o antigo prédio da Mesbla, fechado em 1998. Na brinquedoteca estão disponível bonecos e bonecas negros de pano e também tecidos africanos que servem de brinquedos sensoriais para as crianças. Há também bonecos com slings para as crianças fazerem as amarrações junto ao corpo. Acompanhe a programação do Sesc 24 de maio.
O Ateliê Preta Pretinha produz bonecos de pano étnicos e inclusivos e também oficinas de bonecas e palestras de sensibilização sobre diversidade e inclusão (utilizando os bonecos como ferramenta).
Pé de Baraúna é um espaço para promover o resgate da cultura brasileira, através de atividades oferecidas nos contra-turnos escolares. Através de propostas voltadas para faixas etárias específicas, como circo, musicalização, contação de histórias, SapéCapoeira e outras atividades, o espaço promove a brincadeira, o descanso e o resgate de tradições. A proposta do espaço é que as crianças e jovens possam entrar em contato com a sua própria história, com a sua origem e que possam ser completas já no presente, sem que precisem esperar o futuro para serem. Acompanhe a programação aqui.
A Casa de Cultura Campo Limpo, conhecida como Casa de Cultura Nathalia Rosemberg, se propõe a garantir e proteger a diversidade cultural, resgatando através das atividades propostas a historia individual, grupal, familiar e societária das pessoas. O espaço recebe crianças, jovens, adultos e idosos. Atividades gratuitas existentes: Oficinas de artesanato, coral, dança Afromix, dança do ventre, dança cigana, axé, arte terapia, capoeira, karatê, cinema, teatro, espetáculos, debates, palestras, organização de encontro, festas temáticas, eventos culturais, bailes, saraus, shows etc. Acompanhe a programação aqui.
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