Crianças na internet: 1 em cada 3 usuários do mundo é uma criança

A informação é de um relatório publicado pelo Unicef, que oferece um panorama sobre o impacto da internet e das mídias sociais para o bem-estar das crianças

Da redação Publicado em 04.01.2018
As mãos de uma criança, desenhando um boneco azul na tela de um tablet.

Resumo

"O Estado Mundial da Infância 2017: crianças em um mundo digital" identifica os riscos e oportunidades que a tecnologia oferece. Segundo a pesquisa, 9 em 10 endereços virtuais de abuso sexual infantil identificados no mundo são hospedados em apenas cinco países.

Quem de nós saberia viver sem conectividade e as novas formas de organização social que a internet propiciou? Talvez alguns adultos até respondam ser possível, mas as crianças têm vivido uma geração cada vez mais integrada com o universo online. Mesmo assim, é essencial que cuidadores atentem para os perigos que esse ambiente pode oferecer para meninas e meninos que navegam pela web sem orientação ou acompanhamento.

“Por outro lado, é fundamental saber e reconhecer que ‘estar on-line’ ainda não é uma realidade de todos. Nem no Brasil e nem no mundo”

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) publicou em dezembro de 2017 um relatório de alerta (em inglês, espanhol ou francês) que oferece um panorama sobre o impacto da internet e das mídias sociais para o bem-estar das crianças. E a contribuição da era digital para a criação de uma nova linha de desigualdade entre países e classes sociais também é um dos focos.

Crianças e jovens na internet

O estudo The State of the World’s Children 2017: Children in a digital world (ou “O Estado Mundial da Infância 2017: crianças em um mundo digital) identifica os riscos e oportunidades que a tecnologia oferece.  De acordo com a entidade, os jovens são os mais conectados em todo o mundo, 71% deles estão online em comparação com 48% da população total.

Em relação às crianças, é possível afirmar que 1 em cada 3 usuários de internet em todo o mundo é uma criança.

Pouco é feito para protegê-las dos perigos e para aumentar seu acesso a conteúdos virtuais seguros.

“Para o melhor e o pior, a tecnologia digital é agora um fato irreversível de nossas vidas”, disse o diretor-executivo do Unicef, Anthony Lake. “Em um mundo digital, nosso desafio duplo é como mitigar os danos, ao mesmo tempo em que maximizam os benefícios da internet para cada criança”.

Entre os desafios para tornar esse ambiente mais seguro está a necessidade de evitar o uso indevido de informações privadas, o acesso a conteúdos prejudiciais e o excesso de ciberbullying.

A presença onipresente de dispositivos móveis, segundo o relatório, fez o acesso online de muitas crianças ser menos supervisionado – e potencialmente mais inseguro.

E as redes digitais, como a Dark Web e as criptografias, estão permitindo as piores formas de exploração e abuso, incluindo o tráfico e o abuso sexual infantil “feito sob encomenda”

Segundo o estudo, mais de 9 em 10 URLs de abuso sexual infantil identificados globalmente são hospedados em cinco países – Canadá, França, Holanda, Federação Russa e Estados Unidos.

E a vida offline?

A tecnologia digital pode oferecer benefícios às crianças mais desfavorecidas, inclusive aquelas que crescem na pobreza ou são afetadas por emergências humanitárias.

Isso inclui um maior acesso à informação, a construção de habilidades para o local de trabalho digital e a possibilidade de utilizar plataformas para publicar e partilhar experiências e opiniões.

Porém, o relatório mostra que milhões de crianças estão perdendo tais possibilidades. Cerca de um terço da juventude mundial – 346 milhões – não está online, exacerbando as desigualdades e reduzindo a capacidade das crianças de participar de uma economia cada vez mais digital.

A diferença de gênero também apareceu. Globalmente, há 12% mais homens do que mulheres online. A lacuna é maior entre países de baixa renda.

A juventude africana é a menos conectada, com 3 em cada 5 jovens offline, se comparado com apenas 1 em cada 25 na Europa.

Outro ponto negativo e que dificulta o acesso a conteúdos na internet é o fato de que aproximadamente 56% de todos os sites estão em inglês e muitas crianças não conseguem encontrar conteúdo que eles entendam ou que seja culturalmente relevante.

Como reagir aos perigos digitais?

Para o Unicef, somente uma ação coletiva – por governos, setor privado, organizações infantis, acadêmicos, famílias e crianças – será possível nivelar o campo digital e tornar a internet mais segura e acessível para crianças.

“A internet foi projetada para adultos, mas é cada vez mais usada por crianças e jovens”

A tecnologia digital afeta cada vez mais suas vidas e seus futuros. Assim, as políticas, práticas e produtos digitais devem refletir melhor as necessidades das crianças, as perspectivas das crianças e as vozes das crianças”, disse Lake.

Entre as recomendações de práticas necessárias para mudar esse quadro, está a criação de políticas mais eficazes como melhor controle de conteúdos inadequados, preservar a identidade de crianças online, facilitar o acesso a recursos e internet de qualidade e investir na alfabetização digital, com foco na segurança.

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