Levantamento científico mostra as diferenças no desenvolvimento infantil observadas durante 30 anos em vários países
Levantamento científico mostra índices de desenvolvimento saudável de crianças da zona urbana e rural em vários países. No Brasil, as diferenças na altura e peso vêm diminuindo nos últimos 30 anos.
Você sabia que viver na cidade ou no campo influencia o crescimento das crianças? As diferenças na altura e no peso foram constatadas pelo artigo “Diminuição dos benefícios da vida urbana para o crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes”, publicado na revista científica “Nature”, semana passada. O estudo destaca que, pela primeira vez neste século, o desenvolvimento das crianças
desenvolvimento de crianças do campo está mais próximo ao das crianças da cidade. O resultado é consequência de melhorias socioeconômicas e nutricionais em países de renda média e de economias emergentes da Ásia, América Latina e Caribe.
Embora a subnutrição ainda seja um fator preocupante e a obesidade infantil esteja aumentando, a diferença entre campo e cidade quando se fala em desenvolvimento infantil está diminuindo no Brasil.
Em 1990, crianças que viviam na zona urbana do país chegavam a ter o dobro da altura e do peso das crianças da zona rural. Atualmente, a diferença é de dois quilos. Já a distinção pela altura foi dividida por gênero: meninas da cidade são um centímetro mais altas que as do campo, e meninos, dois centímetros.
Países que têm maior desenvolvimento econômico apresentaram médias quase equiparadas. Os índices do Reino Unido, Bélgica e Holanda, por exemplo, mostram que as crianças do campo tinham maior altura e pesos mais adequados do que as crianças das cidades. Segundo os pesquisadores, pode ser uma consequência do sedentarismo do contexto urbano desses lugares.
Já nos países do sudeste asiático, do oriente médio e da parte africana abaixo do deserto do Saara, as crianças que crescem nas cidades são favorecidas em relação às do campo, em função da crise nutricional e de saúde instaladas desde 1980.
Em declaração à “Nature”, o professor Majid Ezzati, um dos autores do estudo sobre o desenvolvimento de crianças do campo e da cidade, disse que as descobertas devem motivar políticas que combatam a pobreza e a acessibilidade de alimentos nutritivos onde vivem as comunidades mais pobres. Segundo ele, iniciativas de complemento monetário e programas de alimentação escolar gratuita são fundamentais, de modo a “garantir que crianças e adolescentes cresçam e se tornem adultos com vidas saudáveis e produtivas”.
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O levantamento global foi liderado pelo Imperial College de Londres e envolveu mais de 1.500 profissionais que analisaram dados da altura e do índice de massa corporal (IMC) de 71 milhões de crianças e adolescentes de cinco a 19 anos, residentes de áreas urbanas e rurais de 194 países. Foram analisados mais de dois mil estudos publicados nos últimos 30 anos.