Conviver é o caminho para crianças com hábitos mais saudáveis?

Encontrar espaços na rotina para inserir hábitos mais saudáveis, e tempo junto com a família é uma atitude importante para cuidar da saúde

Da redação Publicado em 19.10.2017

Resumo

O uso dos espaços em comum possibilita que as crianças cresçam juntas, façam amigos, brinquem e construam memórias de momentos de afeto e descobertas.

Em busca de um dia a dia mais saudável, famílias usam a criatividade para abrir janelas verdes em sua rotina. São passeios, viagens, histórias, hábitos, mas também oportunidades para conhecer outras pessoas e ter uma vida preenchida com experiências reais.

Em alguns condomínios ou vilas fechadas, por exemplo, adultos e crianças experimentam a construção de relações mais harmoniosas e de maior troca entre seus vizinhos. O uso dos espaços em comum possibilita que as crianças cresçam juntas, façam amigos, brinquem e construam memórias em torno de momentos de afeto e descobertas com os amigos.

“Os amigos estão sempre lá no condomínio. Fazemos muitos programas juntos”, contou Monica Vegas, que é educadora física e mora na zona oeste de São Paulo. Mãe de Arthur, de 12 anos, mora com o filho em um condomínio de prédios onde há mais de 100 crianças de idades entre três a 13 anos.

Por ali, de acordo com ela, as brincadeiras e encontros entre as turmas de crianças são frequentes, e o espaço é aproveitado para piqueniques -entre famílias com bebês- mas também almoços e outras atividades entre as crianças mais velhas.

Para Mônica, a possibilidade de seu filho crescer mais livre dentro desse espaço, contribui para a saúde da criança, e para uma infância mais ativa, e menos sedentária.

O sedentarismo das crianças é uma preocupação de muitas famílias, pois pode estar diretamente ligado a casos de obesidade infantil. Por isso, encontrar espaços na rotina para inserir hábitos mais saudáveis, e tempo junto com a família, além de um prazer, é também uma atitude importante para cuidar da saúde dos filhos. Inspire-se com o vídeo Amores Reais:

Também na zona oeste de São Paulo, a produtora cultural Julia Meireles, e sua filha Rosa, encontraram uma espécie de oásis secreto na cidade grande, um lugar onde também estão nutrindo relações pautadas na convivência respeitosa e troca. A vila, fechada para a rua, com 10 casas e uma praça ao centro, é um espaço onde as portas ficam abertas e crianças e adultos celebram aniversários e outras datas.

Julia conta que criar sua filha em um ambiente como a vila e a possibilidade de troca e da brincadeira livre que ela proporciona é fundamental para a educação e desenvolvimento da menina, mas também dela própria, como mãe, e contribui para hábitos no dia a dia mais saudáveis.

Para fora de casa: convivência e saúde em atividades coletivas 

Morar em uma vila protegida e rodeada de outras crianças, ou um condomínio onde seja possível compartilhar o tempo e áreas comuns com amigos não é uma realidade para todas as famílias. Apesar disso, diversas iniciativas nas cidades reúnem famílias em espaços ao ar livre para brincar, ou em torno de alguma proposta comum.

Em São Paulo, por exemplo, existem hortas comunitárias, espaços nos quais adultos e crianças se reúnem para colocar a mão na massa e plantar alimentos. Alguns exemplos na cidade de São Paulo são a Horta da Vila Indiana , a Horta do Ciclista, a Horta do centro Cultural São Paulo , a Horta comunitária da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), a Horta das Corujas  e a Horta Comunitária da Saúde.

Todos esses espaços são abertos a quem desejar contribuir, adultos ou criança. Uma boa dica para construir um hábito alimentar mais saudável e levar os pequenos para atividades mais conectadas a um estilo de vida saudável, é engajar a família toda no cuidado desses espaços.

Há, também, alguns movimentos que pretendem convidar a população dos bairros a se envolver nos cuidados e manutenção de espaços públicos. O Movimento Boa Praça, encabeçado por moradores da Zona Oeste de São Paulo, é um deles.

Mensalmente, os moradores organizam piqueniques coletivos abertos à quem tiver interesse em praças do bairro. O espírito é compor a roda e partilhar a comida e os momentos de brincadeira, além conscientizar sobre a importância de se cuidar dos espaços.

Outra dica para famílias que querem proporcionar às crianças mais atividades ao ar livre são as Ruas de Lazer. Trata-se de um projeto que autoriza o fechamento das ruas para o trânsito de veículos motorizados aos domingos e feriados das 9h às 16h. A ideia é que os carros deem lugar ás crianças e suas brincadeiras, pelo menos por um dia na semana.

Em algumas cidades brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro, já existem leis e regras claras para fechar as ruas, em outras, é preciso garantir uma legislação que defina os procedimentos necessários. Confira um passo a passo de como transformar a sua rua num espaço de lazer:

  • Se existe legislação na sua cidade

1.      Escolha uma rua com pouco movimento e que não funcione hospitais, cemitérios, linhas de ônibus, pontos de táxi, feiras ou qualquer tipo de comércio;

2.      Forme um conselho com dez moradores da rua. O conselho será responsável por cuidar da via e zelar pela sinalização (cavaletes) e materiais utilizados nas atividades;

3.      O Conselho deve entregar na Subprefeitura um abaixo-assinado de, no mínimo, 80% dos moradores da via escolhida.

  • Se não existe legislação na sua cidade

1.      Procure um vereador ou a prefeitura para propor a criação das Ruas de Lazer.

2.      Que tal convidar os vizinhos para transformar a sua rua em espaço de brincadeira e diversão?

As opções acessíveis para sair da mesmice são muitas: se engajar em alguma atividade como as descritas acima, ou então criar novas atividades, como limpar um campinho ao lado de um terreno baldio, organizar uma excursão para passar um dia na natureza –seja na praia, ou nas montanhas –, tudo vale para que compor um dia a dia mais leve, ativo e, consequentemente saudável e coletivo.

*Este conteúdo foi produzido pelo Catraquinha em outubro de 2017, em parceria com a Amil. Em maio de 2018, o Catraquinha migrou para o Lunetas.

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