Cartilha reúne 23 contos africanos para encantar as crianças

Publicação da Universidade Federal de Santa Catarina convida leitores a realizarem uma mini imersão na literatura oral africana, com ênfase em países lusófonos

Da redação Publicado em 25.05.2022
Contos africanos: ilustração de uma mulher negra com diversos desenhos étnicos africanos em suas roupas e cabelos.
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Resumo

Vamos conhecer mais da literatura oral africana? Material produzido por educadores e estudantes da UFSC traz 23 contos africanos para uma pequena imersão em África.

Quantas histórias populares de territórios africanos você conhece? Com o intuito de preservar narrativas tradicionais de países africanos (com ênfase nos lusófonos), educadores e estudantes do projeto de extensão “África: diálogos entre história, literatura e artes”, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), produziram um contos com 23 contos africanos para leitura.

Disponível para download no Mural África (seção de consulta pública da UFSC com diversos materiais voltados ao continente), a cartilha mostra apenas um pedaço da amplitude cultural que o continente africano oferece. Com uma oralidade que conta da criação do mundo às fábulas, todo canto da África tem muito para falar. O Lunetas selecionou algumas histórias:

Contos africanos para as crianças conhecerem

  • A criação do mundo

No princípio, o Deus único criou o Sol e a Lua, que tinha a forma de cântaros, a sua primeira invenção. O Sol é branco e quente, rodeado por oito anéis de cobre vermelho, e a Lua, de forma idêntica, tem anéis de cobre branco. As estrelas nasceram de pedras que Deus atirou para o espaço. Para criar a Terra, Deus espremeu um pedaço de barro e, tal como fizera com as estrelas, arremessou-o para o espaço, onde ele se achatou, com o Norte no topo e o restante espalhado em diferentes regiões, à semelhança do corpo humano quando está deitado de cara para cima.

Mito de origem Dogon (grupo étnico que vive na região do Mali).

  • Coração-Sozinho

O Leão e a Leoa tiveram três filhos; um deu a si próprio o nome de Coração-Sozinho; o outro, escolheu o de Coração-com-a-Mãe; e o terceiro, de Coração-com-o-Pai.

Coração-Sozinho encontrou um porco e apanhou-o, mas não havia quem o ajudasse, porque o seu nome era Coração-Sozinho. Coração-com-a-Mãe encontrou um porco, apanhou-o e sua mãe veio logo para o ajudar a matar o animal. Comeram-no ambos. Coração-com-o-Pai apanhou também um porco. O pai veio logo para o ajudar. Mataram o porco e comeram os dois.

Coração-Sozinho encontrou outro porco, apanhou-o mas não o conseguiu matar. Ninguém foi em seu auxílio. Coração-Sozinho continuou nas suas caçadas, sem ajuda de ninguém. Começou a emagrecer, a emagrecer, até que um dia morreu. Os outros continuaram cheios de saúde por não terem um coração sozinho.

Conto de origem moçambicana (1979).

  • O Porco e o Milhafre

O Porco e o Milhafre eram dois amigos inseparáveis. O porco invejava as asas do Milhafre e insistia continuamente com o amigo para que lhe arranjasse umas iguais para voar também. O Milhafre se dispôs a fazer-lhe a vontade. Conseguiu arranjar penas de outra ave e, com cera, colou-as nos ombros e nas pernas do seu amigo Porco.

Este ficou radiante e começou a voar ao lado do seu amigo Milhafre. Quis acompanhá-lo às grandes alturas, mas a cera começou a derreter-se com o calor e as penas foram caindo uma a uma. À medida que as penas se despegavam, ia o porco descendo, contrariado. Quando as penas acabaram de se soltar, o porco caiu e bateu no chão com o focinho. E com tanta força bateu, que este, ficou achatado.

Zangou-se o Porco com o Milhafre dizendo que tinha querido matá-lo, porque grudara mal as asas. Desde essa ocasião deixou de ser amigo do Milhafre e, quando o vê pairar no alto, dá um grunhido e olha para ele desconfiado. E aqui está a razão porque o porco tem o focinho achatado e nunca mais quis voar.

Conto de origem desconhecida.

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