‘Fora da garrafa’: o coletivo artístico que liberta sacis

Formado por arte-educadores, coletivo busca desmistificar a imagem negativa construída ao redor da figura do Saci Pererê

Eduarda Ramos Publicado em 01.09.2022
Um grupo multiétnico de crianças brinca em um parque. Na frente da imagem, um desenho representando a figura do Saci Pererê.
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Resumo

O coletivo “Fora da garrafa” surgiu para mostrar que a figura dos sacis pererês vai além do que é mostrado por uma literatura racista. Desengarrafá-los é o primeiro passo para ir ao encontro das múltiplas histórias de culturas indígenas e afro-brasileiras.

Você já pensou sobre como o universo dos sacis pode ser uma força de criação e circulação de imaginários, práticas e narrativas de culturas populares? Partindo da premissa urgente de desengarrafar sacis e permitir que suas histórias estejam livres do aprisionamento colonial, nasce o coletivo “Fora da garrafa”, que propõe os mais variados tipos de “sacizices” por meio de diversas linguagens artísticas.

A partir de atividades voltadas a sacis realizadas no Sesc Interlagos, em São Paulo, o “Fora da garrafa” surge em 2018 e segue dando continuidade às narrativas “sacizísticas” desenvolvidas naquele momento.

“Nós realizamos uma série de ações educativas através da arte-educação: vivências, oficinas, contação de histórias etc. De um modo geral, são experimentações artísticas manuais e cênicas”, explicam, coletivamente, Ellen Kianga, Guilherme Bertolino, Inaiara Gonçalves, Laís Cavalcanti, Mateus Farias e Nina Abreu, os educadores e educadoras do “Fora da garrafa”. As ações são gratuitas e acontecem em espaços abertos ao público, como praças, centros culturais e casas de cultura em São Paulo.

“A ideia é que qualquer pessoa, independente da idade ou origem, possa participar!”

O que você sabe sobre sacis?

Sujos, arruaceiros, endiabrados, baderneiros, desobedientes, travessos, ladrões, bagunceiros, sujos e assustadores são só alguns dos adjetivos negativos atribuídos às figuras dos sacis, popularizados pelas obras de Monteiro Lobato. Devido a essas características, é amplamente difundido que eles devem ser caçados com peneiras e aprisionados em garrafas, como forma de punir suas ações.


A figura do Saci Pererê está presente em mitologias indígenas guaranis, tanto brasileiras quanto de toda a América do Sul. Para os integrantes do coletivo, tirar sacis da garrafa é “ir ao encontro das narrativas de origem desses seres: os saberes populares e a oralidade das culturas indígenas e afro-brasileiras”. Desengarrafar sacis é, antes de tudo, permitir que esses seres estejam como nunca deveriam deixar de estar: livres.

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