A maior floresta tropical do mundo pede socorro, em um período crítico de aumento do desmatamento. Nesta lista, histórias que resgatam toda a sua pulsão de vida
A Amazônia tem papel fundamental na regulação do clima da Terra. Apesar disso, suas terras e espécies naturais estão ameaçadas por constantes crimes ambientais. Conheça 9 livros infantis que contribuem para a urgência de preservação da floresta.
Nesta segunda-feira, diversas cidades do país amanheceram encobertas por nuvens carregadas. A capital paulista viveu uma noite escura às 15h da tarde, e capitais como Porto Velho e Rio Branco enfrentam dias opacos e com qualidade do ar em nível crítico. Cuiabá e Londrina foram algumas das cidades brasileiras que se espantaram ao ver no céu um Sol cor de fogo. Segundo o Nexo, “os efeitos foram, principalmente, meteorológicos, mas diversas fontes apontaram também que a fumaça vinda de queimadas de outras partes do país e até do exterior pode ter auxiliado na formação de nuvens densas e negras.” De acordo com dados do Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real) divulgados neste mês de agosto, os índices de desmatamento na Amazônia tiveram um aumento de 278% em relação ao mesmo período do ano passado.
Julho foi considerado o pior mês já registrado historicamente, em relação aos alertas emitidos pelos órgãos fiscalizadores. Segundo o órgão, cujo objetivo é alertar o Ibama e demais instâncias estaduais de fiscalização, são mais de 2 mil e duzentos quilômetros quadrados de focos de crimes ambientais, como queimadas, incêndios e extração ilegal.
O panorama é crítico, e lutar contra ele é uma ação que demanda uma comprometida e ampla corresponsabilidade – do poder público federal, estadual e também dos interesses privados de quem se beneficia da exploração ambiental. Daí estarmos tão longe de salvar a maior floresta tropical do mundo.
Segundo uma notícia divulgada pelo Prodes (Monitoramento do Desmatamento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite), se fosse feito um planejamento sustentável do uso das terras, seria possível diminuir o aumento de incêndios relacionados a mudanças climáticas até o final do século 21.
Então, como transmitir a importância desse assunto para o público infantil, respeitando sua sensibilidade e contribuindo para uma educação crítica e conectadas às questões sociais. Para envolver as crianças neste debate e ajudar a responder as inúmeras dúvidas que elas podem ter ao ver a floresta Amazônica constantemente nos noticiários de TV e nas capas de revistas e jornais, recorremos à literatura infantil e seu potencial de gerar empatia, identificação e consciência.
Nesta lista, livros* que contam histórias sobre a floresta, os povos originários que vivem nela, e as incontáveis espécies de fauna e flora da região. São histórias de ficção que se pautam na realidade para apresentar a diversidade socioambiental da Amazônia, e assim despertar nos leitores o senso de preservação tão necessário para o futuro das próximas gerações.
Um dos maiores expoentes de nossa literatura, o escritor amazonense Thiago de Mello, oferece-nos um presente; uma deliciosa viagem pela paisagem e pelo imaginário dessa porção mágica de nosso território, o pedaço mais verde do planeta. Ele nos apresenta as águas, a mata, a história e a cultura do povo amazonense. Fala sobre o poder de cura das várias ervas da floresta. Mas nos permite conhecer, principalmente, o homem que habita esta região e que vive a sua relação com a floresta de forma equilibrada e amorosa.
Cauã e Inauê vivem às margens do Jari, um pequeno canal que liga o rio Amazonas ao rio Tapajós, no estado do Pará. Os irmãos vivem em uma casa simples, de palafitas, com os pais e Titi, o jabuti de estimação da família. Mas o personagem principal do livro é, na verdade, o próprio cenário da pequena vila, que é de encher os olhos.
A Amazônia é tão rica em variedade de espécies quanto em histórias nascidas nas mais diferentes culturas. Nesta antologia, o sociólogo Reginaldo Prandi reuniu 25 narrativas para nos mostrar um pouco desse universo infinito da mitologia amazônica.
O mito do guaraná, um dos mais típicos frutos brasileiros, é aqui contado pela voz de um índio do povo Saterê Mawé, conhecido como “povo do guaraná”, ao qual se juntam mais sete belíssimas histórias que compõem a tradição ancestral dos índios que ocupam atualmente uma faixa demarcada pela Funai, situada nos Estados do Amazonas e do Pará. Ilustrado por Queila da Glória, pelo próprio autor, especialista em pintura corporal, e pelas crianças Mawé.
Você sabe como se quebra uma castanha-do-Pará? Qual a melhor madeira para fazer um barquinho que flutua de verdade? E a diferença entre o boto e o tucuxi, qual é? Estes e outros saberes e fazeres das crianças quilombolas que vivem nas margens do Rio Amazonas e do Rio Trombetas no noroeste do Pará estão reunidos neste Manual que foi tecido com muito carinho e muitas mãos. Conheça aqui um pedaço deste livro que fala também da história das comunidades, da vida na várzea, dos segredos dos peixes e dos bichos da floresta e também reúne um tanto de causos e lendas da região.
Primeiro volume das aventuras de Jack Brodóski, a estrela desta coleção que tem a geografia como tema. Auxiliado pelo professor Almendra, seu guia intelectual, Jack vai à Amazônia resolver um mistério digno dos melhores detetives. E, na companhia dele, os leitores conhecerão de perto uma das regiões geográficas mais ricas da Terra.
O primeiro livro sobre músicas indígenas dirigido a professores, educadores musicais e interessados no universo indígena brasileiro. Trata-se de conteúdo transmídia, que engloba o livro impresso acompanhado de CD com 27 áudios originais, e um site com atividades de contextualização, jogos, brincadeiras, escuta sensibilizadora, dinâmicas didáticas envolvendo as músicas dos povos indígenas a partir de seu complexo sistema cultural, que inclui aspectos materiais e imateriais da cultura tradicional.
O livro traz um glossário no final e faz parte da coleção Histórias do Rio Moju – Reconto de Narrativas Amazônicas. Esta coleção é composta por histórias inspiradas na mitologia da região amazônica – lendas sobre seres fantásticos e misteriosos que até hoje povoam a imaginação dos seus habitantes.
Vera do Val mora atualmente em Manaus, onde pesquisou e recolheu lendas e mitos dos povos amazônicos, a partir dos quais escreveu o belo ‘O imaginário da floresta’. Dessa obra foram selecionados os contos que falam das origens – da noite, das estrelas, da lua, dos rios, do mundo –, que compõem este A criação do mundo. As ilustrações de Geraldo Valério, feitas com colagens de cores e formas magníficas e inusitadas, completam lindamente este livro, que é uma deslumbrante homenagem à cultura dos nossos indígenas.
Com um tom objetivo e direto, mas ao mesmo tempo poético e afetivo, o pensador indígena Ailton Krenak deixa um convite para repensarmos nossas escolhas – sociais, políticas, ambientais – a fim de garantir algum futuro para as gerações futuras. “Qual é o mundo que vocês estão agora empacotando para deixar às gerações futuras?”, questiona. Clique aqui para saber mais sobre o livro.
Como combinar estratégias de desenvolvimento social e econômico com a necessidade de proteção aos recursos naturais e ao meio ambiente? Experiências recentes empreendidas na Amazônia brasileira, aqui reunidas em oitos estudos de caso de grande riqueza, tornaram-se referência de um modelo de desenvolvimento sustentável baseado em econegócios e trazem importantes contribuições para a reflexão sobre o promissor mercado para produtos coletados das florestas tropicais sem impacto ambiental. Escrito pelos consultores ambientais Anthony Anderson e Jason Clay, Esverdeando a Amazônia: comunidades e empresas em busca de práticas para negócios sustentáveis é referência para empresários, ambientalistas, políticos e todos interessados por soluções sustentáveis de desenvolvimento.
*As descrições dos livros são de autoria das respectivas editoras
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Alerta máximo
Segundo a organização internacional Global Footprint Network, julho de 2019 foi o ano em que o planeta Terra atingiu o nível máximo de recursos naturais que poderiam ser renovados sem prejuízo ao meio ambiente. Isso significa que, a partir deste ano, entramos em uma espécie de “crédito negativo” para a humanidade, já que todos os recursos naturais – água, petróleo, mineração, solo, entre outros – já foram explorados até o seu limite.