Alimentação saudável é tema de séries de TV para crianças

Canais de streaming apostam no poder do audiovisual para aproximar o assunto dos pequenos, incluindo Michelle Obama como protagonista de série infantil

Da redação Publicado em 16.03.2021
Foto de divulgação da série 'Waffle + Mochi, com Michelle Obama
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Resumo

Canais de streaming apostam em séries infantis para discutir a importância da alimentação saudável entre as crianças, inspirando os pequenos a entender desde cedo os ciclos dos alimentos, os padrões de consumo e o impacto de suas escolhas no meio em que vivem.

Os personagens Waffles e Mochi, da nova série infantil da Netflix que leva seus nomes, acompanharão a ex-primeira-dama dos Estados Unidos Michelle Obama numa jornada a favor da alimentação saudável entre crianças e adultos. A intenção é “ajudar as crianças a criarem hábitos saudáveis e incentivar o uso de alimentos frescos a famílias para que elas possam cozinhar em casa”, declarou Michelle em suas redes sociais.

Desde que deixaram a Terra dos Alimentos Congelados, Waffles e Mochi “partem em missões globais de ingredientes, viajando para cozinhas, restaurantes, fazendas e casas em todo o mundo”, e agora nos convidam a acompanhar suas aventuras em busca de novos ingredientes e novas receitas.

“Waffles + Mochi” estreia hoje, 16 de março, na Netflix. Serão 10 episódios que pretendem ensinar as crianças a terem uma alimentação saudável. Para Michelle, a série é uma extensão do seu trabalho como primeira-dama. A campanha de saúde pública “Let’s Move!” lutou para reduzir a obesidade infantil e incentivar um estilo de vida saudável nas crianças.

 

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Num momento em que predominam ultraprocessados nas gôndolas do mercado, e as crianças sequer sabem ao certo de onde vem a comida, o audiovisual pode ser uma influência positiva sobre a boa alimentação dos pequenos, reconectando-os às etapas da comida: origem (descobri-la), produção (cozinhá-la) e consumo (comê-la).

Para Ariela Doctors, do projeto Comida e Cultura, que integra comunicação, culinária e educação para transformar a maneira como a criança vê os alimentos, essas produções são um contraponto aos anúncios publicitários que “buscam fortalecer marcas e produtos padronizando gostos, desconectados das sociedades e culturas locais, levando crianças a desejarem comidas independente de sabores, além de confundirem mães e pais em relação à saudabilidade dos alimentos”. Assim, segundo ela, o mercado da propaganda viola direitos fundamentais da sociedade, como o direito humano à alimentação adequada (DHAA), principalmente dessa parcela mais sensível que são as crianças. 

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), mais da metade da população brasileira está com sobrepeso. Entre as crianças, estima-se que 7,3% dos menores de cinco anos estão acima do peso, sendo as meninas as mais afetadas.

Alimentação saudável versus fast-food

Apesar das mais de 350 mil espécies de plantas comestíveis listadas mundialmente, Ariela nos alerta para o fato de que comemos por volta de 30 espécies majoritariamente, apenas. Ao mostrar a importância da alimentação nutritiva na prática, com um prato cheio de cores, verduras e proteínas, e o cuidado no preparo dos alimentos, inclusive especialidades de várias partes do mundo, a série também recém-lançada “O restaurante de Arnoldo”, no Disney+, estimula a boa relação das crianças com os alimentos.

Na trama, o cozinheiro Arnoldo junto de seu ajudante Francis, além de tentar agradar seus clientes a todo custo, precisarão responder às ofensivas do food truck de comidas rápidas que abriu bem em frente ao restaurante deles.

Isso porque a experiência de cada um, ao colocar a mão na massa, é fundamental para o conhecimento. “Na construção de um prato temos a oportunidade de aproximar a criança por meio da curiosidade, da ampliação do repertório cultural que um ingrediente traz, de estímulos sensoriais diversos e da magia que a transformação dos alimentos proporciona. A cada gesto, a cada desafio vencido, a cada decisão tomada, são desenvolvidas habilidades e competências como autonomia, cooperação, pensamento crítico e criativo”, comenta Ariela.

Além disso, “criar uma relação orgânica da criança e o alimento desde cedo pode contribuir na formação de cidadãos mais conscientes e politizados”, diz. “Conhecer a proveniência dos alimentos, das energias naturais e mecânicas necessárias para seu crescimento, o papel humano em todos os processos e outras questões relacionadas ao desperdício e à geração de resíduos, ou seja, assimilar desde cedo os ciclos dos alimentos e suas relações intrínsecas com o meio traz para criança uma relação distinta com o consumo e ela tem a possibilidade de perceber a importância de suas escolhas durante a vida.”

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