O passeio "Volta Negra" convida para um tour pela região central de SP, passando por pontos relacionados com a vivência da população negra no século XXI
“O racismo é um problema dos brancos, e não nosso”, disse a ativista e mãe Mayara Assunção, do Coletivo Nana Maternidade Preta, durante a entrevista ao vivo que o Lunetas fez nesta quarta-feira, para falar sobre racismo e infância. Ao lado dela, a socióloga e livreira Luciana Bento, do A Mãe Preta e Josimar Silveira, criador do canal Família Quilombo. Se você perdeu o ao vivo, clique aqui para assistir.
A fala de Mayara reforça a importância de compreender, enquanto adultos de referência das crianças, que cabe a nós não perpetuar o racismo e a discriminação étnico-racial. Isso envolve observar nossos discursos e gestos, mas também aquilo que escolhemos consumir como objeto cultural.
Neste mês de novembro, em que se celebra a Consciência Negra, é comum que os espaços culturais e as escolas se articulem para oferecer programações alinhadas com a temática negra e afrobrasileira. Porém, a data é um símbolo de resistência contra o preconceito e o extermínio negro que acontece todos os dias no país, e convida a refletir sobre qual o nosso papel como pais e cuidadores: como praticar uma educação verdadeiramente antirracista?
Os passeios que fazemos com as crianças também fazem parte dessa educação. Será que os lugares que apresentamos às crianças oferecem uma visão diversa do mundo? Quantos negros e negros estão nestes espaços? Que papeis ocupam? Quais referenciais positivos de personalidades negras nossas crianças conhecem?
Tudo isso é papel do adulto, e reflete nas escolhas do dia dia. Pensando nisso, o coletivo Cartografia Negra, formado por um grupo de pesquisadores que tem o objetivo de resgatar a memória negra da cidade de São Paulo, preparou um roteiro temático em que as crianças são bem-vindas.
O passeio “Volta Negra” convida os participantes para um tour pela região central de São Paulo, passando por pontos relacionados com a vivência da população negra no século XXI. Dentre eles, estão a atual Praça da Liberdade e o Largo da Memória.
“Esses lugares são semelhantes ao que foram os campos de concentração nazistas. Porém, não são demarcados”, explica a descrição oficial do evento, que será no dia 24 de novembro (sábado), das 15h às 17h, com partida do Largo da Memória. Para participar, é só chegar, e a classificação etária é livre. O grupo pede uma contribuição voluntária de R$ 35 para o encontro.
O encontro será facilitado pelos membros do coletivo Cartografia Negra, que há um ano mapeia e se aprofunda na História de espaços urbanos a partir de referências bibliográficas, audiovisuais e pesquisa no arquivo do Estado e de campo.