Chá de bebê coletivo reúne doações para população de rua

O intuito é reunir itens de primeira necessidade que garantam as demandas básicas de saúde e higiene dos bebês que nascerão em situação de rua

Da redação Publicado em 28.08.2018
Mulher adulta e três crianças em situação de rua, sentados na calçada de cabeça abaixada.

No dia 8 de setembro (sábado), a partir das 14h, vai acontecer no Centro de São Paulo, no Viaduto Alcântara Machado (Brás), um chá de bebê coletivo em prol das gestantes em situação de rua. O evento será realizado pelo Luta Com AMOR (Artesanato das Mulheres Organizadas na Rua)), coletivo que trabalha para garantir direitos básicos da população de rua e de ocupações, sobretudo de mulheres e crianças.

O objetivo pontual do chá de bebê coletivo é arrecadar doações de artigos de primeira necessidade de saúde materna e infantil, como fraldas, produtos higiene, roupas, carrinhos de bebê, etc. E, além disso, o evento visa sensibilizar a sociedade para as demandas práticas, sociais e humanas dos indivíduos que estão em situação de rua. Em sua segunda edição, o chá de bebê surgiu da observação atenta do movimento às necessidades das mães.

“Sabemos da importância de estar presente, de criar, de somar na luta com as manas que com muito amor resistem, vivem e dão a luz debaixo de viadutos, nas calçadas, nas malocas, nas quebradas. Queremos fazer desse encontro um dia de abundância, de afeto, de força, e de leveza para todas. Para isso precisamos arrecadar doações de tudo aquilo que um bebê precisa para nascer e crescer com saúde”, diz a descrição do encontro.

“A gente acredita muito nessa forma de construção autônoma, horizontal e coletiva”, diz Judie Juno, uma das organizadores do chá de bebê, em entrevista ao Lunetas

Outras iniciativas também fazem parte da atuação do coletivo, que já realizou também um chá de panela coletivo e organiza regularmente um encontro de artes em que as mulheres veem no fazer manual uma possibilidade de autonomia.

Por mulheres, e para mulheres 

“O coletivo surgiu sem muita pretensão, com o objetivo de reunirmos as amigas da rua e promovermos um momento de trocas por meio das artes, resgatando nosso potencial ancestral de tecer, pintar, bordar e se acolher entre mulheres. A partir daí, os resultados foram aparecendo e nos surpreendendo, porque percebemos que, além de nos firmarmos enquanto grupo de mulheres, também estamos lidando com marcas de opressão e abandono, que são violências sofridas por quase todas as mulheres, e em maior escala, as mulheres pretas e pobres”, explica Judie.

“Nas ruas, embaixo dos viadutos e ocupações tem muitas mulheres e todas elas são incríveis. Cada uma com sua história, trajetoria de vida, e lida com as suas marcas de forma particular, mas o que todas tem em comum, é a capacidade quase revolucionária de sonhar, de acreditar e é por isso que estar ao lado dessas mulheres nos é gratificante, porque nos redescobrimos tambem nessa corrente”, defende ela.

Os interessados em participar do evento ou contribuir com os itens solicitados, basta comparecer ao Viaduto Alcântara Machado no dia 8, a partir das 14h, com artigos em bom estado de conservação e utilização.

Outra demanda do grupo é a campanha para arrecadação de verba para comprar uma kombi, que servirá para levar as gestantes até o hospital. o SAMU muitas vezes quando chamamos e percebe que se trata de um viaduto com morador de rua, nao aparece e precisamos parar carros na radial leste para socorrer nossos amigos e amigas.

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