Diversão com elementos da natureza tem nome: brincar heurístico

A brincadeira com elementos da natureza e objetos do cotidiano é uma experiência rica e prazerosa para as crianças

João Silva Publicado em 13.12.2022
Brincar heurístico: foto de uUma menina de pele clara e cabelos castanhos curtos brinca com folhas e gravetos em um ambiente com grama e plantas. Ela veste um macacão azul com camisa rosa.
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Resumo

O brincar heurístico é uma abordagem pedagógica criada no Reino Unido, na qual a criança tem a liberdade de tempo e escolha para brincar com elementos da natureza, ou materiais de uso cotidiano, para estimular o imaginário e desenvolvimento em sua totalidade.

Em minhas pesquisas e visitas em cidades e escolas, algo me chamou e continua me chamando a atenção: o brincar. Esse tema é de grande revolução em escolas e espaços de formação para educadores. Tenho dedicado o meu tempo a aprofundar as reflexões sobre o brincar heurístico, abordagem pedagógica criada pelas educadoras britânicas Elinor Goldschmied e Sonia Jackson, e suas contribuições no cotidiano de nossas crianças nos espaços dos centros de educação infantil. Mas o que é o brincar heurístico? Será que as creches e os profissionais estão prontos para se deixarem levar pela pura brincadeira?

O brincar heurístico é a descoberta das coisas por si mesmo, e envolve a livre exploração de objetos não estruturados, como colheres, pegadores de massas, esponjas, pincéis, pedaços de madeira, pinhas, folhas de árvores, entre outros materiais de fácil acesso. Estimulando a criatividade e o desenvolvimento das crianças em sua totalidade. 

Os materiais para o brincar heurístico

A oferta de materiais para esse brincar deve ser rica e diversificada o suficiente para todas as crianças terem a liberdade de escolha desses materiais. Banais no uso cotidiano, mas de grande importância para o imaginário infantil e tudo o que ele pode se transformar. 

Quem já viu uma criança trocar um brinquedo sofisticado por uma caixa de papelão vazia?

A importância do contato das crianças com esse tipo de material é precioso para o seu desenvolvimento, pois elas tornam-se ativas e participativas em suas escolhas, apropriando-se do material que não é pronto. Isso ajuda na escolha dos papéis e na forma como irão brincar, oferecendo estímulos e qualidade nas experiências.

A organização dos espaços deve levar em consideração o encantamento das crianças. Para que elas se apropriem e deixem as suas marcas naquele lugar e naquele brincar. O educador tem grande importância nesse brincar, pois ele organiza o ambiente, observa a interação das crianças com seus pares, com os materiais e com o espaço. A criança terá o seu tempo para pesquisar e fazer as construções. O adulto não precisa intervir dizendo a ela o que deve fazer ou com qual material brincar, a mesma precisa de liberdade para suas escolhas sem a imposição do adulto direcionando-a. 

Não há uma maneira única de fazer esse brincar, nem um tempo a ser seguido à risca, pois, sabemos que cada criança é uma. Não se assuste ou se frustre se as crianças não ficarem muito tempo nas sessões, com duração definida pelo educador em ação. Devemos respeitar as suas escolhas e nunca forçá-las ou insistir de maneira agressiva ou punitiva para que brinquem.

O brincar heurístico se torna um “tempero” em nossas propostas com os bebês e as crianças pequenas, respeitando a necessidade delas.

O resgate do brincar

As crianças precisam de momentos e contatos com esses materiais potencializadores em sua jornada na educação infantil, pois são ferramentas facilitadoras de seu imaginário. Elas precisam dessas materialidades para as brincadeiras e concretudes, pois muitas não têm acesso ao brincar livre em casa ou em outros espaços. 

O brincar se tornou algo sem importância para muitos educadores, em um contexto em que nossas crianças são obrigadas a permanecerem em espaços que ofertam o pronto e não deixam a imaginação falar alto.

 O educador precisa acordar a criança que ficou adormecida em si.

Precisamos resgatar essa essência e deixar as crianças se apropriarem dessa liberdade de maneira plena sem precisar restringi-las dentro dos espaços internos das escolas com atividades sem significado algum para a criança.

O brincar heurístico é um brincar da liberdade de escolha dos bebês e das crianças.  É o resgate do imaginário e da alegria de ser criança. Estejamos abertos ao novo em busca de infâncias vivas e vividas para as crianças. 

*João Luiz Silva é pedagogo, mestre em Educação, autor do livro “Por infâncias vivas e vividas” e professor das infâncias.
**Este texto é de exclusiva responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Lunetas.

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