Livro lançado por professor universitário e babalorixá busca mudar práticas eurocêntricas no campo da educação
Em “Exu nas escolas”, os terreiros e suas tecnologias são quem guiam os caminhos pedagógicos.
Como cantava Serena Assumpção, “Exu é o começo”, “Exu é o travesso” e também é quem “cruza e descruza o amor” nas encruzilhadas. Orixá mensageiro, que intermedia caminhos entre humanos e divindades, é ele quem guia os caminhos de uma educação antirracista em “Exu nas escolas”, livro do babalorixá e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) Linconly Jesus, com prefácio do babalorixá Rodney William e lançamento pelo Instituto Parentes.
O livro apresenta uma perspectiva de desenvolvimento para que a sala de aula vire uma encruzilhada, isto é, um ponto de reflexão e convergência onde educadores e estudantes possam conceber o conhecimento em dinâmicas circulares. Pensar e repensar as práticas pedagógicas das escolas é algo urgente, em um país onde o racismo religioso destrói templos de fé e ataca mães, pais e filhos de santo.
Linconly Jesus conta que o livro nasceu entre o cotidiano do terreiro e da sala de aula, onde leciona no curso de pedagogia da Unilab. Em contato frequente com alunos indígenas, quilombolas e africanos de países lusófonos, “Exu nas escolas” nasce como um levante: “Nós precisamos visualizar um outro referencial didático-metodológico que possa compreender a existência de crianças de terreiro, crianças periféricas, afirmando suas autonomias dentro do ambiente escolar”, explica, caracterizando o cenário como uma grande “encruzilhada do conhecimento”.
Com tecnologias dos terreiros de candomblé, umbanda, juremas e tradições do território brasileiro, “Exu nas escolas” reúne diversos conhecimentos guardados e silenciados de povos negros e indígenas. O livro não se trata de ensino religioso, mas sim de “uma proposta educativa antirracista potencializadora de vidas”, como aponta sua descrição. Através da “Exuística”, a educação, a equidade e a diversidade étnica são transformadas com muito axé.
“Exu é o caos e a vida, mas é antes de tudo a possibilidade e o grande referencial” – Babalorixá Rodney William
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