A história de sonhos e aventuras de três amigos traz diversas reflexões sobre identidade e relações para toda família
O novo filme da Disney-Pixar traz reflexões sobre identidade e relações a partir das aventuras de três amigos. Luca é uma criança que também é um “monstro marinho” e em sua jornada de amadurecimento vai descobrindo maneiras de seguir seus sonhos e aceitar quem é.
O novo filme da Disney-Pixar nos presenteou com um convite para passear pelo vilarejo de Cinque Terre, no norte da Itália, onde os protagonistas vivem dias inesquecíveis. Com uma narrativa doce e cheia de texturas, o filme conta a história de Luca, um monstro marinho tímido, porém curioso e entusiasta de novas descobertas. Luca fica fascinado pelos mistérios da superfície até que conhece Alberto e resolve explorar esse novo mundo.
Rapidamente, os dois se tornam melhores amigos e preenchem suas tardes brincando. Mas a diversão é ameaçada por um segredo: ninguém do vilarejo pode descobrir que eles se transformam em monstros marinhos quando entram em contato com a água. A partir dessa metáfora, Luca trata de temas importantes para a infância como a autonomia dos pequenos e a empatia para aceitar as diferenças.
Em entrevista ao jornal El País, o diretor Enrico Casarosa conta que se inspirou em suas próprias experiências durante a infância na Riviera Italiana, onde se passa a animação. “Quero viajar com nostalgia ao mundo da infância, ao deslumbramento, à brincadeira. Espero que os sentimentos sejam fortes: traição, vergonha, remorso, tristeza. Mas quero que pareça agridoce, que a emoção chegue com dolcezza”, explica o diretor. “Talvez eu pense mais nas crianças que outros diretores da Pixar. E também na criança que há dentro dos adultos.”
Protagonizado por crianças curiosas e corajosas, o filme possibilita experienciar esses sentimentos intensos em família e nos faz um chamado para o encanto com o cotidiano.
“Eu gostei muito da amizade dos dois meninos. O filme é divertido e colorido.” Na cena final, quando os personagens pegam o trem, Moana completou: “Que saudade de ir pra escola!”
A relação de Luca com seus pais é outro tema abordado pelo filme. Os adultos proíbem Luca de ir à superfície para protegê-lo dos perigos. Contudo, não abrem espaço para um diálogo franco com o filho sobre seus desejos e preocupações. É a partir desse momento que a curiosidade e a desobediência de Luca movem a história.
Com a evolução da relação em família no filme, podemos fazer reflexões bem interessantes: como é possível criar ambientes familiares acolhedores para as diferenças e também para desbravar “um novo mundo” em conjunto? Quais os perigos da superproteção?
Luca nos lembra o tempo todo que as crianças merecem ser olhadas como seres completos, que têm seus próprios sonhos e frustrações. Meninos e meninas precisam ter a oportunidade de falar e serem ouvidos pelos adultos.
“Algumas pessoas nunca vão aceitá-lo. Mas algumas vão. E parece que ele sabe
encontrar pessoas boas” – Avó de Luca
Assim que chegam no vilarejo, Luca e Alberto conhecem Giulia, uma garota destemida que deseja vencer a corrida da cidade. Ao perceber que os dois estão com dificuldade para se encaixar, ela convida os garotos a formarem um time: “os excluídos”.
“Nós excluídos, devemos cuidar uns dos outros, certo?” – Giulia
A jornada dos três amigos trata de grandes temas sem precisar nomeá-los: exclusão, preconceito, autoconfiança, diversidade e liberdade. A união dos personagens fortalece a trama do filme de como encontrar segurança para ser quem você é.
Luca nos apresenta o exemplo de amizade entre crianças que não têm suas bases em rivalidades ou competições. A ligação entre elas é afetuosa e acontece pelo compartilhamento de sonhos, segredos, aprendizados e brincadeiras.
As referências presentes no filme são leves e positivas, contribuindo para que os pequenos reflitam sobre aceitação, afeto e respeito. Com frescor e leveza, Luca traz personagens encantadores que se divertem em meio às descobertas do amadurecimento.
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Vale ressaltar que o pai de Giulia, Massimo Marcovaldo, é uma pessoa com deficiência, que convive com a falta de um de seus antebraços sem que isso se torne uma questão a ele ou a outros personagens. A influencer Mariana Torquato, que tem a mesma deficiência, até fez uma postagem sobre este assunto. Mais uma vez, é a celebração da diversidade de maneira genuína no enredo – e que tenhamos mais pessoas com deficiência nas telas da TV, do cinema, convivendo e ocupando todos os espaços!