Errar não é tabu: 8 dicas de educadores para lidar com os erros

"Sempre que possível encoraje o aluno a não apagar a resposta errada", sugere o professor Cléssio Bastos

Mercur Publicado em 22.02.2019
Imagem de uma mão escrevendo em uma lousa. Na lousa contém uma expressão matemática, e o número 8 da expressão está com um X
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Resumo

Muitos professores acreditam que o erro das crianças e jovens não pode ser desprezado e sim valorizado. Confira dicas de como lidar com o erro em sala de aula!

Fomos educados para sempre acertar e muitas vezes transmitimos isso para as crianças fazendo com que temam o fracasso. Na escola, é possível seguir um caminho diferente e errar enquanto percurso para a aprendizagem. “O papel do professor mediante ao erro é justamente levar o aluno a sentir-se confortável diante dele e tê-lo como uma bússola que guia tanto o trabalho do professor quanto o esforço do aluno”, defende o professor Cléssio Bastos, criador do Looking4heroes projeto que mapeia projetos espalhados pelo mundo com atuações intimamente ligadas à educação.

Nesta perspectiva, muitos professores acreditam que o erro das crianças e jovens não pode ser desprezado, pois é um reflexo da construção do conhecimento. Eles têm buscado se instrumentalizar para fazer uso do errar como materiais para a construção do conhecimento.

Por isso, convidamos os profissionais Tônia Casarin, Cléssio Bastos, Marcia Murilo, Carlos Eduardo Fernandes Júnior e Patrícia Andréa Toledo Borges para compartilhar com o Lunetas suas estratégias para lidar com o erros dos estudantes em sala de aula.

A importância do errar em 8 dicas

  • 1. Não apague as respostas erradas

Sempre que possível encoraje o aluno a não apagar a resposta errada. Deixando ali a tentativa que culminou em erro, o estudante pode perceber ao final como aquilo fez parte do processo que culminou no acerto dele. Para o professor Cléssio Bastos, o papel do educador é justamente levar o aluno a sentir-se confortável diante dele:  “Ter o erro como uma bússola que guia tanto o trabalho do professor quanto o esforço do aluno”, diz.

  • 2. Os estudantes podem se ajudar entre si

Utilize a ajuda dos próprios alunos. Em muitos casos, eles têm caminhos para alcançar o colega que são mais eficazes. Aí cabe uma sensibilidade do educador em identificar quais são os amigos que podem ajudar nesse processo.

  • 3. Ajude o estudante a identificar o próprio erro

Em produções escritas é possível apenas marcar com setas, traços, interrogações ou asteriscos o erro. Assim, o próprio estudante pode identificar erro. Se ele identificar, o caminho paro o acerto já estará mais perto e, mesmo que não acerte sozinho, saber onde errou já exige muita capacidade. “Para mim já vale ponto”, brinca o professor Cléssio Bastos.

  • 4. Não esconda o erro

Não crie uma conotação de que o erro é algo que deve ser escondido. Muito mesmo alvo de vergonha. É necessário que professores, professoras, meninos e meninas entendam que é à partir de muitas tentativas de descobrirmos os fenômenos deste planeta é que constituímos os saberes que compartilhamos hoje em milhares de unidades escolares deste país e, por que não dizer, no mundo.

  • 5. Compartilhe as dúvidas, elas podem se repetir

Trate e erro de forma pública, procurando a solução com toda a potência de uma comunidade que aprende junto. Depois disso, é importante anunciar novos percursos para investigar um problema ou mesmo um fenômeno. “Não será pela repetição que as crianças, jovens e adultos aprenderão, mas sim a partir de diferentes abordagens e em um cenário da heterogeneidade que conheceremos o mundo investigado pela escola” é o que dizem os coordenadores pedagógicos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Infante Dom Henrique.

  • 6. Elogie os alunos por seus esforços

Uma vez que os estudantes experimentam o sucesso, particularmente o sucesso nascido de seus próprios esforços e persistência, eles têm uma sensação de satisfação enorme. Por isso, a especialista em educação emocional Tonia Casarin recomenda que os educadores elogiem os alunos por sua resiliência e os esforços que fazem para se recuperar de seus erros. “Proteger as crianças da frustração, ansiedade e tristeza que experimentam com o fracasso a curto prazo impede que as crianças se tornem resistentes e vivenciem a crença de que podem aprender, ultrapassar obstáculos e ter sucesso”, destaca.

  • 7. Crie desafios “desejáveis”

Criar “dificuldades desejáveis” para os alunos também é importante. O aprendizado que vem com o desafio e dificuldades é armazenado de forma mais eficaz e durável no cérebro do que o aprendizado que vem facilmente. Além disso, o professor pode ser um exemplo contando histórias que ele mesmo errou.

  • 8. Diálogo, sempre!

Além da postura de mediador desta aprendizagem. Mediador enquanto aquele que acompanha, que está em companhia de seus estudantes. Acompanhar pressupõe estar junto, logo, é sinalizar, mostrar outras formas de se chegar ao mesmo lugar, é oferecer novas alternativas para que o estudante entenda de outra maneira.

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