"Sempre que possível encoraje o aluno a não apagar a resposta errada", sugere o professor Cléssio Bastos
Muitos professores acreditam que o erro das crianças e jovens não pode ser desprezado e sim valorizado. Confira dicas de como lidar com o erro em sala de aula!
Fomos educados para sempre acertar e muitas vezes transmitimos isso para as crianças fazendo com que temam o fracasso. Na escola, é possível seguir um caminho diferente e errar enquanto percurso para a aprendizagem. “O papel do professor mediante ao erro é justamente levar o aluno a sentir-se confortável diante dele e tê-lo como uma bússola que guia tanto o trabalho do professor quanto o esforço do aluno”, defende o professor Cléssio Bastos, criador do Looking4heroes projeto que mapeia projetos espalhados pelo mundo com atuações intimamente ligadas à educação.
Nesta perspectiva, muitos professores acreditam que o erro das crianças e jovens não pode ser desprezado, pois é um reflexo da construção do conhecimento. Eles têm buscado se instrumentalizar para fazer uso do errar como materiais para a construção do conhecimento.
Por isso, convidamos os profissionais Tônia Casarin, Cléssio Bastos, Marcia Murilo, Carlos Eduardo Fernandes Júnior e Patrícia Andréa Toledo Borges para compartilhar com o Lunetas suas estratégias para lidar com o erros dos estudantes em sala de aula.
Sempre que possível encoraje o aluno a não apagar a resposta errada. Deixando ali a tentativa que culminou em erro, o estudante pode perceber ao final como aquilo fez parte do processo que culminou no acerto dele. Para o professor Cléssio Bastos, o papel do educador é justamente levar o aluno a sentir-se confortável diante dele: “Ter o erro como uma bússola que guia tanto o trabalho do professor quanto o esforço do aluno”, diz.
Utilize a ajuda dos próprios alunos. Em muitos casos, eles têm caminhos para alcançar o colega que são mais eficazes. Aí cabe uma sensibilidade do educador em identificar quais são os amigos que podem ajudar nesse processo.
Em produções escritas é possível apenas marcar com setas, traços, interrogações ou asteriscos o erro. Assim, o próprio estudante pode identificar erro. Se ele identificar, o caminho paro o acerto já estará mais perto e, mesmo que não acerte sozinho, saber onde errou já exige muita capacidade. “Para mim já vale ponto”, brinca o professor Cléssio Bastos.
Não crie uma conotação de que o erro é algo que deve ser escondido. Muito mesmo alvo de vergonha. É necessário que professores, professoras, meninos e meninas entendam que é à partir de muitas tentativas de descobrirmos os fenômenos deste planeta é que constituímos os saberes que compartilhamos hoje em milhares de unidades escolares deste país e, por que não dizer, no mundo.
Trate e erro de forma pública, procurando a solução com toda a potência de uma comunidade que aprende junto. Depois disso, é importante anunciar novos percursos para investigar um problema ou mesmo um fenômeno. “Não será pela repetição que as crianças, jovens e adultos aprenderão, mas sim a partir de diferentes abordagens e em um cenário da heterogeneidade que conheceremos o mundo investigado pela escola” é o que dizem os coordenadores pedagógicos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Infante Dom Henrique.
Uma vez que os estudantes experimentam o sucesso, particularmente o sucesso nascido de seus próprios esforços e persistência, eles têm uma sensação de satisfação enorme. Por isso, a especialista em educação emocional Tonia Casarin recomenda que os educadores elogiem os alunos por sua resiliência e os esforços que fazem para se recuperar de seus erros. “Proteger as crianças da frustração, ansiedade e tristeza que experimentam com o fracasso a curto prazo impede que as crianças se tornem resistentes e vivenciem a crença de que podem aprender, ultrapassar obstáculos e ter sucesso”, destaca.
Criar “dificuldades desejáveis” para os alunos também é importante. O aprendizado que vem com o desafio e dificuldades é armazenado de forma mais eficaz e durável no cérebro do que o aprendizado que vem facilmente. Além disso, o professor pode ser um exemplo contando histórias que ele mesmo errou.
Além da postura de mediador desta aprendizagem. Mediador enquanto aquele que acompanha, que está em companhia de seus estudantes. Acompanhar pressupõe estar junto, logo, é sinalizar, mostrar outras formas de se chegar ao mesmo lugar, é oferecer novas alternativas para que o estudante entenda de outra maneira.
Leia mais
Comunicar erro
Confira aqui as experiências! Errar também educa: por que fomos educados para temer o fracasso?