"Nunca vi uma criança com nojo de terra. O que eu percebo é o nojo do adulto, e ele traz isso pra criança"
Ana Paula Silva, mãe da Violeta, de 8 anos, e do Micah, de 6 anos, conta como leva sustentabilidade e ecologia para o dia a dia de sua família.
Os futuros líderes, que terão em suas mãos o poder – e a responsabilidade – de tomar as decisões necessárias para preservar o planeta, são as crianças de hoje. Por isso, ensinar a elas sobre ecologia e a importância de preservar o meio ambiente é essencial.
Para inspirar famílias a abraçarem a urgente causa de preservar o planeta e implementarem com as crianças práticas mais sustentáveis no dia a dia, o Lunetas conversou com Ana Paula Silva e Claudio Vinícius Spínola, pais da Violeta, 8, e do Micah, 6, para saber como eles fazem isso na prática.
O casal e os filhos têm em comum o interesse em levar um modo de vida mais conectado e respeitoso com o meio ambiente. Juntos, começaram a Morada da Floresta, um negócio social cujo slogan traduz os valores da família: “Sustentabilidade começa em casa”.
A família se mudou da capital paulistana para uma pequena cidade no interior do Estado, Monteiro Lobato, motivada pelo desejo de oferecer aos filhos a possibilidade de frequentarem uma escola onde o contato com a natureza esteja mais presente.
Mas, mesmo morando na cidade grande, na casa dessa família o contato com a natureza e o respeito ao meio ambiente sempre fez parte da rotina: no dia a dia, as crianças ajudam na compostagem dos restos orgânicos, cuidam das plantas e das abelhas jataí que moram no quintal, e, claro, brincam muito com a mão na terra.
“A criança desenvolve o cuidado com a natureza quando se relaciona com ela. Esse gosto e esse cuidado vem muito da infância”, afirma Ana Paula, sobre a importância de educar os filhos para a sustentabilidade
Fazer compostagem em casa é um processo muito simples, inclusive para quem mora em apartamento e não tem muito espaço. Também é uma forma educativa e bem prática de ensinar ecologia aos pequenos.
Tudo começa separando os resíduos dos alimentos orgânicos. No final do processo, as crianças podem regar as plantas com o suco resultante.
“A compostagem possibilita à criança observar o processo da natureza, cria uma microfauna. As crianças gostam dos insetos, gostam de observar a vida das minhocas. é uma maneira de promover a consciência ecológica”
Veja como montar uma composteira:
“Temos uma horta, as crianças desde pequenas têm o hábito de plantar, de regar, de podar e de colher as frutas. Elas adoram. Reconhecer a planta contribui para terem uma aceitação maior dos alimentos naturais. Também cria uma rotina de cuidado, e elas têm bastante satisfação de acompanhar esse processo”, conta Ana Paula.
Mas não é preciso ter uma horta em casa para incentivar a criança a cuidar de uma planta. Experiências como a do feijão que brota no algodão, ou plantar em um vaso pequeno uma erva aromática, como hortelã, manjericão ou até mesmo tomate cereja, pode ser muito divertido, além de experiências ricas em aprendizado para os pequenos.
Manter uma alimentação mais saudável muitas vezes é um desafio para famílias com crianças. Mas, a partir da alimentação, uma criança pode aprender sobre o ciclo de vida no planeta, sobre a importância da água, da terra, das plantas e dos insetos polinizadores, por exemplo.
Na casa da Ana Paula, todos são vegetarianos, inclusive as crianças. Ana Paula e seu marido são vegetarianos desde antes de se tornarem pais. Apesar disso, os filhos não são obrigados a seguir a dieta da família.
“Não é uma imposição, mas mostramos informação sobre o porquê da nossa escolha, e eles têm liberdade para escolher”, conta ela.
A opção por não comer carne é muito pessoal. Não necessariamente significa ser o melhor ou o único caminho para uma vida mais conectada com o meio ambiente.
Apesar disso, o exemplo dessa família demonstra que é possível conscientizar as crianças sobre a importância de ingerir alimentos saudáveis, não industrializados e livres de agrotóxicos desde cedo, e que isso acontece por meio do diálogo e da informação, não da imposição.
Sim, brincar ao ar livre é legal e a cidade está cheia de espaços verdes para curtir em família. Então, no final de semana, organize um piquenique em família no parque ou na praça mais próximos.
Aproveite o final de semana para conhecer novas praças e parques perto de sua casa
“Nunca vi uma criança com nojo de terra. O que eu percebo é o nojo do adulto, e ele traz isso pra criança, muitas vezes evitando que a criança toque na terra, por exemplo”, comenta Ana Paula.
Sim, na terra há micróbios, mas a ciência indica que o contato com esse tipo de “sujeira” tem papel fundamental no desenvolvimento do sistema imunológico da criança.
“Nunca vi uma criança com nojo de terra. O que eu percebo é o nojo do adulto, e ele traz isso pra criança”
“Precisamos pensar no que é mais importante na promoção da saúde: nos mantermos afastados dos micróbios ou sermos imunes a eles?”, questiona Emanuel Sarinho, presidente do Departamento Científico de Alergia da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Então, aí vai uma dica para quem tem filhos ou convive com crianças: que tal se permitir participar com os pequenos – e incentivar – brincadeiras que sujem?
Não tem muito como escapar: o exemplo é seu maior aliado quando o assunto é ensinar aos pequenos sobre sustentabilidade, ecologia e respeito ao meio ambiente.
Na casa da Ana Paula é assim: “Através do nosso exemplo trazemos a educação ambiental para eles”, diz ela.
Então, antes de qualquer coisa, reflita sobre sua vida e de que forma ela poderia ser mais conectada com o meio ambiente. Com certeza boas ideias e bons hábitos surgirão, permitindo que as crianças naturalmente aprendam muito com eles.
* Este conteúdo foi produzido em parceria com a Faber-Castell. Por meio do aplicativo “Floresta sem Fim”, a empresa usa a realidade aumentada e a interatividade para ensinar às crianças sobre preservação da fauna brasileira, além de contar sobre suas ações de sustentabilidade nos parques florestais que mantém em Prata, Minas Gerais.
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