10 conteúdos para incentivar o combate ao bullying 

Relembre as principais discussões sobre o assunto e entenda como iniciar diálogos e ações para refletir sobre o Dia Nacional de Combate ao Bullying

Da redação Publicado em 07.04.2025
combate ao bullying: Imagem mostra uma menina negra, de cabelos cacheados sentada em uma mesa em um refeitório. Ela olha para o lado e há outras crianças no ambiente.
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Resumo

Dia 7 de abril é o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência nas Escolas. Para refletir sobre o assunto e entender ações eficientes entre escolas, famílias e estudantes, resgatamos dez conteúdos Lunetas sobre o assunto.

Mesmo quando as escolas não discutiam a palavra “bullying”, a prática de intimidar ou agredir um colega de forma recorrente já acontecia entre os estudantes. Mas foi a partir de 1999, depois que episódios de violência extrema em escolas de vários países aconteceram, que o termo se popularizou. Além disso, foi o início de debates mais intensos sobre o assunto.

No Brasil, uma lei nacional institui o 7 de abril como o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência nas Escolas. A data marca o dia em que 12 estudantes morreram após um ataque em uma escola no bairro do Realengo, no Rio de Janeiro. O autor do crime era um ex-aluno que sofreu bullying quando estudava no local.

De acordo com o Instituto Abrace – Programas Preventivos, 86% dos pais e responsáveis de estudantes disseram que seus filhos já sofreram bullying alguma vez. No entanto, apenas 46% acham que a escola leva o bullying a sério e 61% dizem que seus filhos se preocupam com o bullying.

Diante disso, e de consequências graves que o bullying pode levar, o Lunetas destaca 10 conteúdos já publicados com informações, reflexões de especialistas e práticas eficazes para famílias e escolas.

O que dizem as leis e como lidar?

Ano passado, entrou em vigor a Lei 14.811, que prevê medidas contra a violência nas escolas. Desse modo, o bullying e o cyberbullying foram criminalizados como “intimidação sistêmica (bullying)”, com multa em casos menos graves. Já para a “intimidação sistemática virtual (cyberbullying)”, a pena é de reclusão de 2 a 4 anos, e multa se não for mais grave.

Apesar de ter o objetivo na segurança no ambiente escolar, especialistas e instituições de proteção à infância questionaram a criminalização do bullying e cyberbullying. Rodrigo Nejm, doutor em psicologia e consultor em educação digital do Instituto Alana, explicou:

“É importante recuperar o aspecto multidimensional do bullying e cyberbullying, pois são fenômenos que não se limitam à questão jurídica. Portanto, olhar pelo viés criminal faz parte, mas é algo pontual diante de um cenário maior.”

Nejm também defendeu as discussões sobre a regulamentação das plataformas digitais e a urgência da proteção de crianças e adolescentes nesses ambientes.

Leia mais: Punir pode acabar com o bullying e o cyberbullying?

Para apontar caminhos mais diretos, sobretudo no chão das escolas, a equipe pedagógica da plataforma Geekie disponibiliza uma cartilha com dicas para abordar o tema com educadores, familiares e responsáveis. O material é gratuito e defende a conscientização para prevenir o bullying na escola.

Leia mais: Cartilha alerta sobre o bullying no ambiente escolar

Famílias também precisam de orientação

Conversar sobre a cultura da violência, acolher as vítimas e ensinar a resolver conflitos de forma não-violenta. Esses são alguns dos sete caminhos sugeridos pelo escritor e terapeuta familiar Alexandre Coimbra para as famílias iniciarem um diálogo com suas crianças. Segundo ele, o bullying pode ter raízes na postura passiva de algumas famílias em “terceirizar para as escolas” a experiência de se tornar cidadão.

“O bullying não está lá fora. Ele é parte do que aprendemos a ser.”

Leia mais: O que a família pode fazer para evitar o bullying?

Assim, além do medo de que um filho ou filha seja vítima de bullying, muitos pais e mães também temem que suas crianças sejam as agressoras. Recentemente, a série Adolescência (Netflix) tratou do assunto com reflexões sobre a formação de meninos violentos.

Mas, como impedir que uma criança ou adolescente agrida outras pessoas? Como dar referências de empatia, respeito e tolerância?

Isso envolve um trabalho integrado com toda a comunidade escolar e a família. A escritora e ativista contra o bullying, Vanessa Bencz, lista dez sugestões de temas para falar com meninos e meninas sobre o respeito nas mais diversas situações.

Leia mais: Bullying: 10 dicas para impedir que seu filho se torne o agressor

Para os adolescentes, combater o bullying e o cyberbullying é uma tarefa que precisa de mediação. Além disso, quando eles se veem responsáveis por resolver alguns casos, os resultados podem ser positivos. É o que mostra o projeto “Equipes de ajuda entre iguais”, idealizado por professores da Espanha e aplicado em escolas de Araraquara, interior de São Paulo. O Lunetas mostrou como funciona e o que dizem os adolescentes participantes.

Leia mais: Bullying e cyberbullying: ouvir os jovens é parte da solução

Como as violências do bullying e cyberbullying afetam as crianças?

Depressão, baixa autoestima, ansiedade, agressividade, sentimentos negativos, queda no rendimento escolar e medo de ir à escola são alguns sinais que crianças e adolescentes manifestam quando são vítimas de bullying. Já no cyberbullying tudo pode ficar maior. Isso porque o ambiente digital pode ter mais público e, geralmente, os pais e professores não têm conhecimento do que os estudantes acessam.

Ao mesmo tempo, Alessandra Borelli, advogada e diretora executiva da Nethics Educação Digital, reforça a questão da exposição de crianças e adolescentes aos discursos violentos em plataformas digitais. “Há muitas redes de intolerância e ódio que se propagam a uma velocidade acelerada na internet, o que estimula a prática do cyberbullying e comprova os prejuízos que a ausência de programas de cidadania e alfabetização digital podem gerar.”

Leia mais: Cyberbullying: será mesmo que ‘a zoeira não tem limites’?

Além dos sinais imediatos do bullying, existem as consequências a longo prazo, que chegam na vida adulta. A neuropsicóloga e pedagoga Claudiane Quaglia explica que vivenciar experiências negativas, como bullying na infância e rejeição, pode afetar o indivíduo desde “problemas acadêmicos, emocionais, sociais e impactos da saúde mental ao longo da vida”. Tudo porque as memórias de longa data que o cérebro registra estão atreladas às emoções. Portanto, as dores e os sentimentos negativos ficam marcados por mais tempo.

Leia mais: ‘A rejeição sofrida na escola pode deixar marcas por toda vida’

Livros e práticas escolares que fazem a diferença

Embora o bullying seja uma realidade urgente, existem soluções. Elas incluem a escuta dos estudantes, a relação amistosa entre família e escola, além de um olhar cuidadoso para a saúde mental.

No interior do Ceará, por exemplo, uma escola pública ganhou um prêmio internacional por promover ações para minimizar os impactos pós-pandemia na vida dos estudantes. Com sessões gratuitas de terapia online para os adolescentes e atividades artísticas em grupo, a escola conseguiu integrar alunos que se sentiam isolados e combater o bullying.

“Quando a escola olha para a nossa saúde mental, a gente percebe que não somos só um número na chamada ou uma aprovação no vestibular, mas que temos histórias e uma vida que precisa ser cuidada e amada”, Erivan, 17 anos, estudante.

Leia mais: Cuidar da saúde mental nas escolas pode evitar desfechos graves

Nas escolas particulares, alunos bolsistas são alvos constantes de bullying e outras violências. Ano passado, o caso do estudante Pedro Henrique, de 14 anos, que tirou a vida após constantes episódios de bullying em uma das escolas mais caras de São Paulo, acendeu o alerta. Para os psicólogos, a escola precisa incluir de maneira integral seus alunos, não apenas “ceder uma vaga”. Ativistas sociais defenderam também que a escola não deve segregar, mas acolher e não ser tolerante com o racismo, homofobia e outras violências.

Leia mais: Como as escolas podem acabar com as violências contra alunos bolsistas

Por fim, o Lunetas acredita na força da literatura como uma arte de transformação social e pessoal. Por isso, resgatamos uma lista com dez livros para crianças e adolescentes que tratam de bullying. São títulos que podem ter a leitura mediada nas escolas ou em um momento em família.

Leia mais: 10 livros para ajudar na conversa sobre bullying com as crianças

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