YouTube mudou: vídeos infantis não serão mais monetizados

Conversamos com a advogada Livia Cattaruzzi para entender o impacto da mudança na vida de pais e crianças

Mayara Penina Publicado em 05.09.2019
Foto captada de cima mostra dois meninos de costas sentados no sofá, cada uma com um aparelho eletrônico nas mãos. Um tablet e um celular.
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Resumo

Dentro de quatro meses não haverá nenhuma propaganda personalizada nos vídeos infantis, e alguns recursos se tornarão indisponíveis, como comentários e notificações.

Uma decisão anunciada ontem envolvendo o Google e e vídeos infantis no YouTube causou muita discussão nas redes sociais, principalmente entre pais e mães. Mas afinal, o que aconteceu?

Após um acordo entre a Comissão Federal do Comércio (FTC, na sigla em inglês), que regula a atividade de empresas privadas, e a Procuradoria Geral do estado de Nova York, nos Estados Unidos, o YouTube e seu controlador, o Google, pagarão uma multa de US$ 170 milhões após uma investigação que durou um ano.

Organizações de defesa do consumidor acusaram o Google de monitorar usuários de vídeos infantis no YouTube sem o consentimento dos pais, para vender anúncios direcionados a esses espectadores.

Em seu comunicado oficial, a plataforma informou que dentro de quatro meses, dados de qualquer pessoa que assista a conteúdo infantil no YouTube serão tratados como se fossem dados produzidos por uma criança – não importa a idade do espectador. “Isso significa que, em vídeos feitos para crianças, vamos restringir a coleta e o uso de dados apenas ao necessário para apoiar a operação do serviço”, disse Susan Wojcicki, presidente-executiva do site.

Além disso, não haverá nenhuma propaganda personalizada nos conteúdos infantis, e alguns recursos se tornarão indisponíveis, como comentários e notificações.

Publicidade em vídeos infantis no YouTube

Livia Cattaruzzi, advogada do programa Criança e Consumo, parabeniza a plataforma pela decisão e mudança de postura. “Ao anunciar que os dados dessas crianças que usam a plataforma não serão mais coletados e tratados com a finalidade de vender publicidade dirigida à crianças, a plataforma dá um passo importante globalmente”, afirmou ao Lunetas.

A advogada também acha importante alertar que e a publicidade velada, aquela acontece nas novelas, desafios ou vídeos de unboxing não será barrada com a mudança. “Neste tipo de publicidade, produtos estão sendo divulgados, mas o autor não deixa claro que aquilo é publicidade”, diz.

O que é publicidade infantil?
Comunicação mercadológica é a atividade de comunicação comercial para divulgação de produtos e serviços independentemente do suporte utilizado – comercial, rádio, internet, embalagens, promoções, merchandising, disposição de produtos nos pontos de venda. Quando essa atividade é voltada para o público infantil, trata-se de publicidade infantil.

No Brasil, a resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) proíbe a publicidade infantil e a comunicação mercadológica voltada a crianças menores de 12 anos com intenção de persuadi-las ao consumo de produtos e serviços com a utilização de linguagem, músicas, bonecos ou desenhos direcionados para esse público. (Fonte: Programa Criança e Consumo)

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