"Por que Hitler odiava judeus?", esta é uma das dúvidas das crianças ao visitar um museu de sobreviventes judeus. Conheça o livro "Tudo Sobre Anne"
O livro "Tudo sobre Anne", recém-lançado pela Companhia das Letrinhas, traz perguntas de crianças após visitar a Casa de Anne Frank, na Holanda, museu dedicado a preservar a história da menina de 15 anos que eternizou em seu diário a violência do Holocausto.
Os relatos de guerra escritos pela pequena alemã Anne Frank comove o mundo há décadas, e são bem-vindas as publicações que procuram novas perspectivas para aproximar essa narrativa das crianças, respeitando sua inteligência e sensibilidade. “O que as crianças presas faziam nos campos de extermínio de judeus?”, “Os clandestinos não ficavam entediados?”, “Quem denunciou os judeus?”, “Por que Hitler detestava os judeus?”. O livro “Tudo sobre Anne”, que acabou de ser publicado no Brasil pela Companhia das Letrinhas, parte destas e outras perguntas das crianças que visitam a Casa de Anne Frank.
Localizado em Amsterdam, na Holanda, o museu foi fundado em 1957, e é dedicado a preservar o prédio onde a família Frank ficou escondida, e a história da menina de 15 anos que, em fevereiro de 1945, morreu após contrair tifo devido às precárias condições sanitárias em que eram mantidos os prisioneiros, no campo de concentração Bergen-Belsen, na Alemanha.
A curiosidade e o espanto das crianças visitantes da Casa diante deste capítulo devastador da História mundial são os motores que movimentam a narrativa do livro, o que faz com que uma história já conhecida de grande parte das pessoas ganhe novos contornos, problematizações e profundidades.
“O leitor conhecerá a mais famosa história de resistência e superação, e certamente a levará consigo para o resto da vida”, diz a contracapa da obra.
Organizado por Menno Metselaar e ilustrado por Huck Scarry, o livro monta para os pequenos leitores uma espécie de almanaque ilustrado não só da biografia de Anne, mas também sobre a Segunda Guerra Mundial, o contexto de ascensão do nazismo e a trajetória do antissemitismo até culminar no Holocausto. O livro é entrecortado com cards especiais com informações históricas e relatos específicos sobre a rotina de Anne.
Diferente do que já existe no mercado literário sobre esse período, o livro busca fazer isso a partir do ponto de vista das crianças, principalmente de Anne, que escrevia tudo o que via e presenciava em textos para o seu diário, que ganhou de presente em seu aniversário de 13 anos. Todo o material da publicação é inédita em livro, como trechos do diário que contam os 761 dias que a família da garota família viveu no Anexo Secreto, um quartinho escondido na antiga fábrica do seu pai.
“Quando as coisas andam mal em um país, sempre há pessoas que, injustamente, colocam a culpa nos outros”, diz o livro.
“Foi o que aconteceu também na Alemanha. Muitos alemães consideravam os judeus responsáveis por todos os problemas, pela guerra perdida e pela crise econômica”, diz o livro, em uma tentativa de explicar a eclosão do nazismo na Europa.
Nele, os leitores conhecem os gostos pessoais de Anne Frank, ficam sabendo que ela adorava desenho, patinação artística, poesia, e que colecionava bilhetes dos filmes que assistia porque sonhava em se tornar estrela de cinema. O livro traz também diversas fotografias do álbum de família da menina, e também de suas amigas, algumas que são hoje sobreviventes dos mesmos horrores que tiraram a vida de Anne.
Já no texto de abertura do livro, quem lê se depara com uma foto onde constam nove garotas sorridentes, todas com idades parecidas, entre 9 e 12 anos. É o décimo aniversário de Anne, em junho em 1939, e foi o último registro fotográfico da menina, antes da Segunda Guerra Mundial. É ali também que o leitor é informado que daquelas meninas contentes e cheias de vida, assim como Anne, também serão mortas pelo fato de serem judias.
Em um trecho da publicação, conta-se como o diário da garota ficou conhecido mundialmente pelas mãos do pai, sobrevivente do Holocausto. “Um ano antes de morrer, Otto Frank [pai de Anne] deu uma entrevista e falou isto: ‘Recebo cartas, ainda diariamente, de leitores do mundo inteiro […], dos mais diversos países, como a Austrália, a África do Sul, o Japão ou os Estados Unidos, e isso faz com que o diário de Anne seja muito especial. Por isso, posso dizer com convicção que se trata de um document humain. É humano e toca as pessoas, independentemente de onde vieram”.
“O Diário de Anne Frank”, como ficou conhecido o livro escrito pela menina nos países de língua portuguesa, foi publicado em dezenas de países, idiomas e gêneros literários, é um dos best-sellers mais aclamados em todo o mundo.
“São principalmente os jovens que continuam querendo saber como fomos um dia capazes de tanta atrocidade”
“Eu respondo da melhor maneira que posso: ‘Espero que o livro de Anne continue tendo efeito em sua vida futura para que você, dentro do possível em sua situação, se empenhe para promover a aproximação, a reconciliação e a paz”, escreveu Otto Frank.
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