Em produção remota, a Emei Nelson Mandela mostra mais uma vez como incluir a pauta da diversidade na educação das crianças desde cedo
Reconhecidas por seus projetos educativos em prol do antirracismo, educadoras da Emei Nelson Mandela gravam vídeo da música “Tudo bem ser diferente”.
“Uma música para celebrar a diversidade”, define Raul Cabral, o autor da letra de “Tudo bem ser diferente”, que conquistou as crianças e as educadoras da Emei Nelson Mandela. A escola pública infantil, localizada na zona norte de São Paulo, é reconhecida por seus projetos educativos inovadores e emancipatórios em prol do antirracismo.
“Não precisamos ser iguais para conviver. Nós, adultos educados em uma cultura racista, precisamos desconstruir uma série de paradigmas. Mas, a educação antirracista, a partir da arte e da música, oferece às crianças de hoje um outro ponto de partida ao falar diretamente aos afetos e apresentar a experiência de um mundo em que tudo bem ser diferente”, defende Raul.
Há alguns anos, Raul faz músicas para crianças e famílias. Em 2019, ao mostrar às educadoras da Emei Nelson Mandela a música “Tudo bem ser diferente”, elas adoraram, porque tem tudo a ver com a escola, premiada por seu projeto em favor da diversidade e referência na educação em cultura de paz. “A música não foi pensada para que a criança fixe conceitos sobre respeito às diferenças, mas para que entenda o valor da diversidade”.
Somos todos diferentes
Cada um tem o seu jeito
Ninguém é igual à gente
E todos merecem respeito
Neste mesmo ano, as crianças da Emei Nelson Mandela vivenciaram o projeto “Modos de ser e viver no mundo: eu, eles, elas e nós”, em que a investigação da vida de importantes mulheres negras para a história e cultura de nosso país inspirou o estudo autobiográfico de cada criança da escola e suas famílias. A música “Tudo bem ser diferente” veio para celebrar essas vivências e continuou a fazer parte das nossas narrativas”, conta a professora Marina Basques.
Com a interrupção das atividades presenciais e a necessidade de produzir conteúdo remotamente, surgiu a ideia de fazer um videoclipe, com a participação de cada educadora cantando da sua casa – as educadoras da limpeza, da cozinha, da secretaria e as professoras. Nesta nova versão, foram incluídos os versos que Raul escreveu especialmente para a Emei Nelson Mandela:
Nesse gramado verde
Nessa escola amarela
Todo mundo é diferente
Todas as cores são belas
Rosa pode ser pra ele
Azul pode ser pra ela
Porque a gente é colorido
Porque a gente é Mandela
Nossa casa é o mundo todo
Tem lugar pra todo mundo
Para Raul, “a arte é uma forma de apresentar o mundo que carregamos dentro de nós. Por alguns instantes, emprestamos nossos olhos, nossos ouvidos, nossos pensamentos, para que outra pessoa experiencie o mundo a partir da nossa perspectiva – um jeito único de pensar e de estar no mundo”.
Neste período, as crianças experimentaram possibilidades de reflexões sobre o que a música traz de potência. “Foram muitos momentos de leitura e conversa, o que a letra quer dizer, e o que as crianças sentem e pensam quando ouvem essa música”, comenta a professora Solange Miranda.
Para ela, os significados da música reforçam a “linguagem do que vivenciamos com as crianças e da prática da nossa comunidade educativa com a diversidade, pautada pela naturalização das diferenças e estruturada pelo discurso de que devemos respeitar todas as pessoas”, comenta.
Solange diz que “Tudo bem ser diferente” representa “a comunidade mandelense e já é considerada o hino da escola”; e a professora Marina destaca como é marcante “ver as crianças entoando ‘Porque a gente é Mandela’, num misto de amor e pertencimento”.
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O lançamento oficial do clipe “Tudo bem ser diferente” acontece hoje (16/7), aproveitando as comemorações do aniversário de Nelson Mandela no domingo. Educadoras e educadores podem usá-lo à vontade em seus projetos de ensino, para que outras crianças cantem um mundo mais diverso. Assista ao clipe!