Separação dos pais: 5 livros infantis para naturalizar o assunto

Quando um casal se separa, como ficam as crianças? Será que conversar sobre o assunto com os pequenos precisa ser difícil? Aqui vão 5 dicas para te ajudar

Renata Penzani Publicado em 09.02.2017

Resumo

Livros infantis que falam com naturalidade sobre separação dos pais e passam um recado também para os adultos: às vezes, complicamos demais coisas que, para as crianças, são simples e naturais.

Uma angústia comum para os pais que se separam é o impacto que essa decisão terá sobre a criança. Em dúvida de como fazer e com receio de traumatizar os pequenos, não é raro que alguns casais optem por continuar juntos mesmo quando o relacionamento já desandou. O assunto “separação”, então, torna-se um tabu. Até mesmo quando ele aparece nos livros. Será que precisa ser assim?

Crianças têm olhos atentos. Reparam a vida ao seu redor com curiosidade irreparável. Por isso, adiar uma separação apenas por considerar que a criança poderá sofrer com aquela situação nem sempre é o melhor caminho. Apresentar  experiências desconhecidas à criança é oferecer a vida em sua potência de realidade de constante transformação, é respeitar o seu direito de escolher como vai lidar com o novo.

A literatura, então, aparece mais uma vez como aliada na hora de responder perguntas que parecem insolúveis: como fazer meu filho não sofrer? É só pensar em algo assim para perceber o paradoxo da coisa toda: dor se evita? Como fazer a criança feliz se quem convive com ela não está feliz? O tema separação está diretamente relacionado a uma série de questões fundamentais para o bem-estar da criança: o perigo da alienação parental, a importância da paternidade ativa, maternidade sem culpabilização e muitos outros aspectos que circulam em torno do assunto principal: a saúde do casal.

Pensando em tudo isso, selecionamos alguns títulos que falam sobre o assunto de uma forma leve, natural e delicada, colocando-se no lugar da criança para experimentar diferentes formas de vivenciar o que nada mais é do que um novo cenário familiar.

1. “Lá e aqui”, Odilon Moraes e Carolina Moreyra (Pequena Zahar)

“Era uma vez uma casa, a minha casa. Ela tinha um lago cheio de peixes, sapos no jardim, muitas flores coloridas, um pai e uma mãe. Mas, um dia, nossa casa virou duas”Com uma linguagem lírica e repleta de simbologias sofisticadas e poéticas, o livro “Lá e aqui”, de autoria de Odilon Moraes e Carolina Moreyra, tem por trás uma história real, e surgiu depois de uma quase separação dos dois, quando pensaram como seria para o filho encarar o pai e a mãe vivendo em casas diferentes. Diferente do que aconteceu na vida real, o livro refaz o cenário da família a partir da separação, e a cada página representa a casa do pai e da mãe, dois mundos distintos mas que guardam a única coisa que não pode faltar para a criança: afeto e presença. Um livro para mostrar como é possível manter uma rotina saudável e feliz para a família, mesmo quando ela ganha uma nova casa para morar.

2. “Dois de cada”, de Babette Cole (Ática)

Se você procura uma história sobre separação bem-humorado e divertido, em que as crianças são protagonistas e que ainda por cima mostra como um relacionamento ruim pode fazer mal às crianças, encontrou! “Dois de Cada”, escritora pela inglesa Babette Cole, foi lançado no Brasil em 1998 e permanece atual em sua leitura do comportamento humano. O livro conta a história de dois irmãos – um menino e uma menina – que não aguentam mais ver os pais brigando o tempo todo. Para resolver a questão, eles botam um plano cheio de minúcias e engenhosidades de criança para separar os dois. A solução encontrada pelas crianças é “des-casar” os pais. No final do livro, eles ganham algo inesperado, e a história passa enfim o seu recado: às vezes, as coisas são mais simples do que pensamos, nós, adultos, é que temos a mania de complicá-las.

3. “Mamãe é grande como uma torre”, de Brigitte Schär e Jacky Gleich (Cosac Naify)

Mais uma história em que as crianças são protagonistas. Aqui, a separação dos pais é contada a partir do ponto de vista infantil. Para a menina desta história – criação da premiada autora suíca Brigitte Schär -, sua mãe é a maior do mundo, e seu pai cabe dentro de uma caixa de sapato. Cheio de poéticas metafóricas, o livro simboliza a importância que os pais têm na vida dos pequenos, e aborda o tema da solidão de um jeito sutil, para ajudar a iniciar com as crianças uma conversa sobre o inevitável da vida.

4. “A separação”, de Pascale Francotte (Edições SM)

Escrito pela autora francesa Pascale Francotte, “A Separação” foi lançado no Brasil em 2009, e compõe uma narrativa sobre separação contada no ritmo da percepção da criança sobre aquilo que está vivenciando. Na história, um menino pequeno percebe que algo está diferente entre os pais, e a autora descreve o desenrolar dos acontecimentos a partir do ponto de vista do pequeno protagonista. As sensações que a nova situação desencadeiam no menino aparecem com força, e aos poucos, as tensões, as brigas e a falta de comunicação do casal geram sentimentos negativos na criança, como insegurança, culpa e medo. É só quando a ruptura se materializa em um novo cenário familiar que tudo fica mais leve e confortável para todo mundo, e o livro chega ao fim com uma lição delicada sobre a aceitação daquilo que é melhor para a criança.

5. “É tudo família!”, de Alexandra Maxeiner e Anke Kuhl (L&PM)

Dois irmãos que têm cada um duas mãe e dois pais. Uma menina que ganha duas festas por ano porque chegou em sua família em um dia diferente daquele em que chegou ao mundo. Outra que está chateada porque não quer uma segunda mãe. O livro conta estas e outras histórias incomuns para reinventar o próprio conceito de família. Um livro para mostrar às crianças, sem didatismo e com muita leveza, como podem ser divertidas as famílias que não se parecem com nenhuma outra. A história mostra principalmente que mesmo com pais vivendo em casas diferentes, o amor é o que nos une e faz uma família ser o que ela é. “Existem pais que tratam seus filhos muito mal. Nunca os abraçam ou beijam. Só gritam com eles. Outros até batem nos filhos, embora isto seja proibido!”, revela. No fim das contas, todas as crianças que aparecem no livro têm algo em comum: fazem parte de uma família, e cada uma é única.

 

 

 

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