Júlia Rocha: o que há por trás de uma ‘mãe desnaturada’

A médica Júlia Rocha publicou um texto-alerta sobre o excesso de julgamento contra as mães

Da redação Publicado em 05.10.2016
um ursinho de pelúcia jogado em um chão de madeira

Resumo

Você conhece alguma 'mãe desnaturada'? A quantas você deu a oportunidade de falar? Por que ainda depositamos somente sobre as mulheres a responsabilidade pelas crianças?

Post compartilhado no Facebook pela médica Júlia Rocha sobre uma conversa com uma de suas pacientes, Laura, que se queixava de  “não conseguir amar a filha”, viralizou. Com mais de 11 mil compartilhamentos e 47 mil likes, o relato é uma lição quem julga uma mãe, mas também um comovente retrato das consequências que a falta de afeto, amor e cuidado na infância podem trazer.

Na conversa, a mãe, Laura, fala de sua infância e sobre como se sente em relação à maternidade.

“Eu faço como se eu amasse… (e chora) mas eu não consigo sentir. Por que, doutora, eu não sei. Eu tento, me esforço. Eu não sei como fazer pra amar minha filha”

Ouvir de uma mãe que ela não ama seu filho, a princípio, pode disparar o alarme do “cuidado: mãe desnaturada”. A médica, Júlia começa seu post, com uma provocação nesse sentido:

“Quantas mães desnaturadas você conhece? A quantas você deu oportunidade de falar?”

Mas, apesar disso, o relato da médica demonstra em vários momentos que Laura, a mãe, apesar de “não sentir o amor”, cuida de sua filha, uma criança de 4 anos, como qualquer mãe amorosa faria. Então, qual é o problema?

Talvez a resposta para essa pergunta esteja na infância de Laura, e na forma como foi criada. No relato, Julia conta que Laura foi criada pela avó, de quem nunca recebeu muitas demonstrações de amor, e que em sua família havia um histórico de relações entre mães e filhas -da bisavó com a avó, da avó com sua mãe e de sua mãe com ela – de muito pouco afeto e cuidado.

“Desde o nascimento, todas as suas interações com o ambiente influenciam no desenvolvimento cerebral e vão determinar como a criança vai crescer. Fora o ambiente, as pessoas que interagem com essa criança são o mais importante na vida dela”, explicou Jack P. Shonkoff , um dos maiores especialistas do mundo em primeira infância, em depoimento ao filme O Começo da Vida.

Sim, isso quer dizer que os adultos aprendem a amar, a sentir amor e retribuir, a partir das experiências que vivem em suas infâncias, e por isso é tão importante a presença e a construção do vínculo da criança com seus pais, e o investimento em políticas públicas de apoio e acolhimento às famílias com bebês.

Leia o post na íntegra:

Leia a entrevista que fizemos com Júlia Rocha

 

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