Publicidade: brinde de emoji do Burger King gera denúncia

Advogada afirma que a intenção da empresa é elevar as vendas do combo e tornar a marca conhecida das crianças

Da redação Publicado em 15.08.2018
Menina segurando um emoji de pelúcia na frente do rosto

Resumo

Campanha da rede de fast food tem comunicação direta com as crianças. Segundo o programa Criança e Consumo, a campanha estimula o consumo excessivo de produtos alimentícios por meio de colecionáveis da marca Emoji.

O Instituto Alana, por meio do programa Criança e Consumo, enviou representação ao Procon/SP, denunciando a recente campanha da promoção do combo infantil King Jr. da rede de fast food Burger King.

A estratégia de comunicação realizada em junho, julho e agosto direcionada às crianças oferece junto com o combo um dos 15 brindes surpresa da marca Emoji. E, embora possam ser adquiridos separadamente, custam R$ 14,90 cada um, enquanto o preço sugerido para a refeição é de R$ 19,90.

“O uso de brinquedos para estimular o consumo excessivo de produtos alimentícios caracteriza não só publicidade infantil, que é abusiva e ilegal, mas venda casada.

O brinquedo separado tem praticamente o mesmo preço do lanche completo”, argumenta Livia Cattaruzzi Gerasimczuk, advogada do Instituto Alana.

“Sempre recebemos mensagens, especialmente de pais e mães, indignados com as estratégias publicitárias abusivas direcionadas às crianças pelas redes de fast food. Isso precisa acabar”.

Por ser um público extremamente sugestionável, persuadido com facilidade, as crianças são vistas pelas empresas como parte relevante do mercado. Para o Idec, tendo como base o artigo 37 do Código de Defesa do Consumidor, a publicidade direcionada ao público infantil é abusiva pois se aproveita da deficiência de julgamento da criança.

A campanha publicitária foi divulgada em pontos de ônibus, relógios eletrônicos em São Paulo, com ações em shoppings, nas redes sociais e com a veiculação de um filme publicitário com a atriz Maísa Silva, de amplo apelo junto ao público infanto-juvenil, em canais abertos e pagos de televisão e nos canais do SBT e da adolescente no Youtube.

“A intenção da empresa é elevar as vendas do combo e tornar a marca conhecida das crianças, incentivando o consumo do produto alimentício atrelado ao brinquedo. O fato deles serem exclusivos e colecionáveis faz com que a criança seja incentivada a consumir muitas ‘promoções’ no curto espaço de tempo em que são oferecidas”, complementa a advogada do Alana.

Já existe consenso entre especialistas de que a comercialização de brinquedos por redes de fast food estimula o consumo excessivo e habitual de produtos alimentícios com altos teores de sódio, açúcar e gorduras, sendo extremamente prejudicial à saúde das crianças.

A obesidade infantil e as doenças crônicas associadas são um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Sem uma mudança de hábitos e práticas de mercado, em menos de uma década a obesidade pode atingir 11,3 milhões de crianças brasileiras.

 

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