6 em cada 10 professores no Brasil fizeram graduação a distância

Cursos a distância representam quase 20% do ensino superior brasileiro, mas formam a maioria dos professores do país

Da redação Publicado em 21.07.2022
Uma mulher negra realiza anotações em um caderno, ao lado de um notebook.
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Resumo

O número de professores formados em cursos de educação a distância é maior que o presencial: a cada 10, 6 se formam em regime EaD.

A cada 10 alunos concluintes de cursos de formação inicial docente no Brasil, 6 realizaram graduação a distância – 61,1%. Já em bacharelados e cursos tecnológicos, esse número é de 3 em cada 10 (24,6%). Os dados foram levantados pelo Todos pela Educação a partir de informações do Censo da Educação Superior de 2020.

Em 2020, dos 7.717 cursos de licenciatura no Brasil, quase 20% deles (1.512) eram oferecidos a distância. Apesar desta modalidade ser minoria, é a que mais forma professores: enquanto 12% de todas as matrículas de licenciatura feitas em 2020 são no formato presencial, esse índice chega a 32% no EaD. Os números também mostram que houve uma evolução contínua e ascendente da quantidade de ingressantes no ensino superior nos últimos dez anos, exceto em 2020, quando o número de ingressantes em licenciaturas foi menor do que em 2019 (passou de 731.682 para 695.790).

  • O número de concluintes na modalidade EaD na rede privada cresceu 109,4% entre 2010 e 2020. Das matrículas de licenciaturas realizadas em 2020, 66,4% são de instituições privadas.
  • Em 2020, o número de concluintes em cursos de graduação presencial teve queda de 6% em relação a 2019. A modalidade a distância aumentou 26,7% no mesmo período.
  • O curso de pedagogia é o que mais teve matrículas em 2020: 816.247. 92% das ingressantes são mulheres.

(Fonte: Censo da Educação Superior de 2020, Inep)

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Notas estatísticas do Censo da Educação Superior (Inep)

Gráfico com dados gerais referentes às matrículas de licenciatura. Mais de 70% delas são realizadas por mulheres.

“A formação inicial de professores na modalidade EaD, que deveria ser uma exceção, se tornou a principal estratégia de formação docente no país, o que é extremamente grave. Formar professor é coisa séria. Precisa de tempo, de discussões aprofundadas sobre a docência, de vivência nas escolas, de simulações de situações reais de sala de aula”, explica, em nota, Gabriel Corrêa, líder de políticas educacionais do Todos Pela Educação. O especialista lembra que a modalidade de ensino a distância vai na contramão do que as pesquisas e boas experiências educacionais mundo afora indicam ser o mais adequado. 

“O Ministério da Educação precisa melhorar os processos regulatórios e a avaliação que faz dos cursos. Não podemos ter essa proliferação de cursos, sem clareza sobre a qualidade da formação inicial que vem sendo ofertada para os nossos futuros professores”

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