Os poemas contribuem para o desenvolvimento da sensibilidade estética, construindo uma ponte entre a criança, o mundo real e o simbólico
Poemas infantis podem ser uma porta de entrada para a literatura desde o berço. Ler com as crianças proporciona momentos de afeto, fortalece vínculos emocionais e desenvolve a sensibilidade criativa.
Manoel de Barros, Cecília Meireles, Drummond: quando o assunto é poesia sobre infâncias, a literatura brasileira não economiza exemplos de grandes autores e autoras que se debruçaram sobre essa fase da vida. Mas, e quanto aos poemas feitos não somente sobre elas, e sim para elas? Nesta lista, o Lunetas reuniu alguns livros de poemas infantis pensados para crianças de todas as idades.
A proposta é incentivar pais, cuidadores, professores e adultos em geral que convivem com crianças a aproveitar o potencial da poesia desde o berço. Mas que potência é essa, afinal?
“Ao colocar em palavras a capacidade das crianças de interpretar o mundo pelas sutilezas daquilo que elas imaginam, o poeta Manoel de Barros defendia que só elas conseguem enxergar as coisas para além de sua imagem e do seu nome, e “transver o mundo”. “As coisas não querem mais ser vistas por pessoas razoáveis. Elas desejam ser olhadas de azul”, escreveu Manoel.
Ler poesia com as crianças reforça a importância da literatura no que ela tem de mais potente: afeto, experiência estética e linguagem.
Para conhecer mais razões para apresentar o universo da poesia para os pequenos, acesse a matéria “As palavras como brinquedo: 10 motivos para ler poemas com crianças“.
Neste livro de poemas que Manoel de Barros escreveu para as crianças, o mundo parece um grande faz de conta. Ele é cheio de palavras que brincam com a gente e de acontecimentos típicos do imaginário das crianças. Árvores que falam, ventos que cantam, algazarras de cigarras, um menino que mora numa garça e até uma rã que sonha ser passarinho são algumas das personagens que brincam com o leitor, conduzido por este grande artista das palavras.
Os poemas reunidos em “Mundo palavreado” trazem à cena um outro Ricardo Azevedo, ao mesmo tempo similar e diferente do Azevedo vanguardista, adepto das tecnologias da voz e da escrita. Esse outro Azevedo – gestado nas entrelinhas dos debates críticos e das performances provocadoras do autor – preenche o rigor da palavra e da imagem com uma ternura juvenil, não de todo destituída de humor e fina acidez. Vê-se, neste momento, que o poeta maduro segue de mãos dadas com o menino, ambos nutridos pelas perguntas que lançam ao mundo.
Hora de comer, hora de brincar, hora de colher, hora de pescar, hora de festejar, hora de contemplar, hora de compartilhar são alguns dos temas explorados nestes singelos poemas sobre o cotidiano da vida na aldeia daqueles que são os primeiros habitantes do Brasil.
Em “Poemas para ler com palmas”, o autor estende um fio poético a partir de cinco mitopoéticas de matrizes culturais afrodescendentes: a capoeira, o congado, o jongo, os orixás e os vissungos. O resultado é um livro-canto, em movimento, que convida o leitor-ouvinte a participar a todo momento. Os poemas do livro dialogam com as belas ilustrações de Maurício Negro.
A ideia é bem simples: abrir janelas para os poetas de diferentes tempos, estilos e vozes no Brasil, preenchendo assim a possível ausência de uma compilação dedicada aos leitores de poesia, menores ou iniciantes. Foi a partir dessa “ideia simples” que Adriana Calcanhoto se debruçou por mais de um ano na organização desta antologia e também a ilustrou. Nela, conseguiu reunir poetas do século XIX ao XXI, canônicos e nem tão conhecidos. De Gonçalves Dias a Gregório Duvivier, passando por Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Vinicius de Moraes, Adélia Prado e Paulo Leminski.
Esta é uma antologia da poesia de Fernando Pessoa que se pretende ao alcance de todos: crianças e adultos. Nela se reúnem não só os poucos e por vezes divertidos poemas que escreveu para crianças, mas também outros cuja leitura é acessível aos mais jovens.
Janaina olha para essas pequenas criaturas de um ponto de vista muito particular; captura suas características, faz emergir identidades entre elas e nós, como uma tradução darwiniana poética. Seu texto e suas ilustrações expressam uma combinação de conhecimento científico e sensibilidade, revelando a pesquisadora rigorosa e a artista que é.
Existem uns bichos por aí que é até difícil de acreditar. Também tem bichos que não existem (é o que dizem), mas que muita gente acredita que sim. Neste livro, você vai conhecer bichos da Grécia antiga, do folclore e da fauna brasileira, além de muitas outras criaturas diferentes e esquisitas, de verdade ou de mentira, espalhadas pelo mundo. No final das contas, vai perceber que não há tanta diferença assim entre os bichos que existem e os bichos que não existem. Todos eles estão vivos ― nas palavras dos livros e na cabeça da gente.
Poemas para brincar, ler com sotaque, trava-línguas, palavras inventadas, medonhas e coisas escritas errado para consertar. Jogo do dicionário: palavrórios incríveis para adivinhar. Estórias engraçadas e barulhentas, sons para cantar e também azucrinar. Palavras com arestas e desenhos malucos, ainda sem significado, para você batizar.
O livro reúne poemas sobre os mais diversos tipos de flores, escritos e ilustrados pela própria autora. Repleta de significação, a flor é a metáfora utilizada para tratar de temas ligados à existência humana, como a passagem do tempo, a transitoriedade, a fragilidade.
Este livro é uma coletânea de obras de poetas brasileiros de várias épocas. Apaixonada por poesia desde a infância, Ruth Rocha fez a seleção dos poemas. Com a ajuda de Mariana Rocha, sua filha, eles foram organizados em blocos temáticos, o que deu ao conteúdo uma graça especial. Nove ilustradores foram convidados a participar deste projeto. O resultado é um livro rico e instigante, que pode levar pais e filhos, professores e alunos a conhecer um pouco da riqueza da poesia brasileira.
Tatiana Belinky apresenta textos alegres ou tristes, divertidos ou sérios; poemas que falam de aventuras, de amor, de saudade e de trabalho; composições feitas para serem lidas em voz alta ou em silêncio. Entre os poemas que podem ser declamados estão quadrinhas populares, traduzidas pela autora do russo, do inglês e do alemão, e textos da própria Tatiana, como “Cantiga famélica”. Nele, uma “jacaroa” faminta devora tudo o que vê pela frente. Entre os poemas de autoria desconhecida está “O senhor Ninguém”, em que crianças descrevem um homenzinho invisível que faz estripulias pela casa.
Jaguaré, jururu, pirão e pororoca… Toda criança brasileira, quando aprende a falar, aprende também um bocado de palavras de origem tupi. São palavras que falam da paisagem, dos bichos, das plantas e do jeito de ser da gente daqui. E não é que muitas delas vieram passear nos versos singelos deste livro de poemas, esperando que o leitor as reconheça? Com texto e ilustrações de Maté, “Poemas da minha terra tupi” celebra, com curiosidades, histórias, cor e alegria, o significado de muitas palavras e expressões que usamos no dia a dia, 38 das quais são apresentadas em um glossário, no final do livro.
Poemas, trovas e adivinhas brincam com as palavras e trazem o universo infantil para o centro da conversa. Além disso, a partir do humor, esses “poemas desengonçados” convidam as crianças à reflexão sobre importantes assuntos da nossa vida.
Num texto bem-humorado, Elias José revive uma tradição oral: o trava-línguas, habilidade de recitar bem rápido frases ou versos com sons semelhantes, sem trocar sílabas e sem interrupções.
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