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Crianças do Espaço Alana participaram enviando desenhos entre quase 200 trabalhos para pedir ao papa Francisco atenção especial à crise climática e a proteção das novas gerações.

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‘Ouvir o futuro’: adolescentes falam ao papa sobre a natureza

Imagem mostra um grupo de adolescentes ao lado do papa Francisco, onde pedem atenção para a crise climática, no Vaticano.

Que as crianças sejam protegidas diante da crise climática mundial. Esse é o pedido urgente que um grupo de adolescentes engajado na luta pelo meio ambiente faz, esta semana, ao papa Francisco, no Vaticano. Em forma de desenhos e mensagens, o presente feito com a participação das crianças sinaliza como os líderes mundiais podem garantir essa proteção.

Apesar de confessar que, às vezes, “cansa ter que pedir a mesma coisa”, a jovem ativista baiana Catarina Lorenzo, 17, está entre os sete jovens que, com o apoio do Instituto Alana, terá a oportunidade de falar diretamente com o papa e com outros representantes mundiais sobre a crise climática. Para ela, levar essa missão em frente é uma preocupação pessoal, mas que deveria ser coletiva.

“Quando a minha geração e as que virão estiverem nos espaços de poder, as ações para evitar a crise climática não serão tão efetivas quanto agora. Então, se nós somos o futuro, esse futuro tem que ter voz para falar sobre isso”, defende. Também participam do encontro a brasileira Maria Helena Garrido, 16, da comunidade Tumbira, no Amazonas, Francisco Veras, 14, da Colômbia, e mais jovens dos Estados Unidos, Guatemala e México. A delegação de adolescentes deve cobrar ações dos governantes, como, por exemplo, investimentos para conter a crise climática e lembrar da importância da educação ambiental nas escolas.

“Quero pedir ao papa que ore pela humanidade, mas também que use o espaço de poder que ele tem para influenciar os líderes globais e a comunidade cristã para proteger a natureza e as crianças. Sei que, como papa, ele consegue mobilizar uma comunidade inteira, então, isso vai além das fronteiras dos países”, afirma Catarina.

Aberto às questões ambientais, o pontífice sinalizou preocupação com a situação do planeta, quando deixou uma mensagem na COP 28, em Dubai, no ano passado. “Que sejamos sensíveis às esperanças dos jovens e aos sonhos das crianças! Temos uma grave responsabilidade: garantir que eles não sejam privados do seu futuro.”

Além disso, o foco do evento “Da crise climática à resiliência climática” é construir uma nova carta encíclica com orientações para toda a comunidade cristã mundial priorizar a natureza. O documento oficial do papa será articulado em parceria com o Instituto Liberta, Lux Mundi e outras organizações religiosas.

Crianças na linha de frente da crise climática

São as crianças, que representam um terço da população mundial, as mais vulneráveis aos efeitos da crise climática. Ondas de calor, queimadas no Pantanal, a devastação da Amazônia e catástrofes ambientais, como as enchentes no Rio Grande do Sul, que deixaram mais de 70 mil pessoas desabrigadas, afetam diretamente seus direitos básicos de moradia, saúde, lazer e educação, por exemplo.

Um relatório do Unicef, de 2022, indica que mais de 40 milhões de crianças e adolescentes brasileiros (quase 60% da população infantojuvenil do país) estão expostas a choques climáticos e ambientais. Por isso, “eles precisam ter prioridade absoluta no enfrentamento aos efeitos da crise climática. E devem também participar de decisões que impactam seu presente e seu futuro”, afirma, em nota, Laís Fleury, líder de parcerias da Alana Foundation.

“Quando a gente nasce, temos uma grande conexão com a natureza. Acredito que nunca perdemos essa conexão, mas ela vai enfraquecendo. Por isso é importante ter a voz das crianças quando falamos da crise climática enquanto essa conexão é mais forte”, argumenta Catarina.

Contato com a natureza e consciência ambiental

A experiência no Vaticano será mais um passo importante na trajetória de Catarina. Isso porque, desde cedo, ela entende que melhorar o mundo não deveria ser responsabilidade das crianças. Assim, para ela, a infância de todas as pessoas tinha que ser apenas brincando, livre das preocupações que os adultos teriam que resolver. “As gerações passadas negligenciaram as atitudes sobre a crise climática. Então, se eles não vão agir, nós mesmos temos que agir.”

Depois da infância “correndo no meio da mata, com pés descalços, subindo em árvore e aprendendo a surfar na praia, eu vi a poluição de perto, os rios contaminados e a temperatura aumentar. E essas consequências atingem diretamente todas as pessoas”, afirma Catarina. “Isso foi essencial para ser uma apaixonada pela natureza e entender que lá tem muita vida para proteger”.

Durante o evento, será exibida uma nova edição do filme “O que importa”, com falas de crianças e adolescentes de 12 países. Eles cobram ações imediatas aos líderes mundiais e contam como as mudanças climáticas atingem suas vidas. Entre os pedidos, é unânime a vontade de participar das tomadas de decisões sobre o clima e o planeta. A produção é uma parceria do Alana com Unicef e ChildFund International.

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