O que dizer no lugar do “não”? Psicanalista dá dicas propositivas

Segundo a psicóloga Carol Lopes, o “não” é uma palavra poderosa e não deve ser desperdiçado

Da redação Publicado em 03.07.2019
Foto de um homem e um menino negro. O homem com suas mãos segura a mão do menino que o olha atentamente
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Resumo

Às vezes, mães, pais e cuidadores exageram no "não". Se as famílias forem dizer "não" para todas as travessuras das crianças, podem passar o dia inteiro usando essa palavra. Entenda o poder do "não", como usar e quando realmente importa.

Mexer em produtos de limpeza, rabiscar as paredes da casa, abrir a gaveta dos remédios e rasgar as páginas daquele livro que você ganhou de aniversário. Bom, se as famílias forem dizer “não” para todas as travessuras que as crianças de um a três anos costumam fazer, podem passar o dia repetindo essa palavra. Afinal, escutar a criança pressupõe um diálogo ativo, em que nem sempre o saldo é o “não”. Muitas pessoas podem achar que essa escuta é sinônimo de fazer as vontades da criança, mas não é o que psicólogos defendem.

O “não” em diferentes situações

É o que atenta a psicóloga e psicanalista Carol Lopes, em entrevista para o nosso parceiro Criar e Crescer. Segundo ela, existem dois tipos de situações que devem ser diferenciadas e que pedem respostas distintas. Ela convida mães, pais e cuidadores a fazer este exercício de separação.

  • Situação, em que você evita o “não” e redireciona uma ação;
  • Situação em que o “não” é estruturante, portanto, inevitável.

Quando dizer “não”?

A primeira situação envolve aqueles momentos em que o “não” pode ser evitado, por exemplo, rabiscar as paredes da casa. Neste caso, de acordo com Carol Lopes, a sugestão é pegar um papel e direcionar a criança para um espaço em que ela possa pintar, escrever e rabiscar livremente. A ideia aqui é substituir a negação pela afirmação.

“Isso evita o ‘não’ e mostra que ela ‘pode’”, afirma.

Já a segunda situação envolve casos em que o “não” se torna fundamental, pois pode envolver riscos graves ou outras questões que as crianças não podem ignorar.

Mas negar não significa ser ríspidos. Nestes momentos, a psicóloga sugere ser firmes e amorosos e “embarreirar o estímulo”. Isso significa, por exemplo, que se alguém diz “não” para uma criança que quer mexer na tomada e mesmo assim ela continua a ação, uma opção é ficar com a mão na frente da tomada (estímulo) até ela desistir.

“Ela precisa desistir para entender que aquilo não pode”

Ambas as situações, de acordo com ela, são importantes para o aprendizado e crescimento da criança, pois ela passa a assimilar significados como os de hierarquia, regras sociais e convivência coletiva.

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