Não amamentar gera custo diário de US$ 1 bilhão, afirma pesquisa

Cientistas reuniram informações sobre mais de 100 países por meio da ferramenta “O Custo de Não Amamentar”

Da redação Publicado em 01.08.2019
Imagem de uma mãe com o peito para fora da blusa amamentando seu filho
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Resumo

O mundo poderia poupar, diariamente, cerca de US$1 bilhão em perda de produtividade e custos de saúde caso as mulheres pudessem amamentar por mais tempo. É o que indica uma pesquisa publicada em junho pela Universidade de Oxford, no Reino Unido.  

O mundo poderia poupar, diariamente, cerca de US$ 1 bilhão em perda de produtividade e custos de saúde caso as mulheres pudessem amamentar por mais tempo. Considerando os obstáculos sociais, econômicos e trabalhistas envolvidos em uma escolha, que, no atual contexto, acaba sendo para poucas. É o que indica uma pesquisa publicada em junho pela Universidade de Oxford, no Reino Unido.  

O estudo “O custo de não amamentar” (disponível em inglês) reúne informações sobre mais de 100 países, por meio de uma ferramenta inédita de acesso aberto. O objetivo, de acordo com os cientistas responsáveis, Dylan D Walters, Linh T H Phan e Roger Mathisen, é fornecer subsídios a formuladores de políticas públicas e defensores de direitos sobre custos humanos e econômicos em relação à interrupção da amamentação nos níveis regional, nacional e global. 

O não amamentar e suas perdas econômicas

De acordo com a pesquisa, as perdas econômicas globais anuais totais são estimadas entre US$ 257 bilhões e US$ 341 bilhões, ou entre 0,37% e 0,70% da renda nacional bruta global. 

Dados da pesquisa
Estima-se que as perdas econômicas de mortalidade prematura de crianças e mulheres equivalham a US$ 53,7 bilhões em lucros futuros perdidos a cada ano. O maior componente das perdas econômicas, no entanto, são as perdas cognitivas, estimadas em US$ 285,4 bilhões anuais. (Fonte: Universidade de Oxford

”Os custos de não amamentar são significativos e devem obrigar os formuladores de políticas e os doadores a investir na intensificação das intervenções de aleitamento materno e nutrição para crianças e suas mães, a fim de fortalecer o desenvolvimento do capital humano e os resultados econômicos em todo o mundo”, indica o estudo. 

Aleitamento materno

O aleitamento materno é um direito humano e seus benefícios para a saúde das crianças e das mães são inquestionáveis atualmente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento materno por dois anos ou mais, sendo exclusivo nos seis primeiros meses. A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) recomenda iniciar a amamentação nos primeiros 60 minutos de vida. 

No que diz respeito à mortalidade infantil, entre seis e 59 meses, a pesquisa publicada pela Universidade de Oxford indica que 595.379 mortes são atribuídas à interrupção da amamentação anualmente. As principais causas são diarréia e pneumonia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). 

Também de acordo essas organizações, 974.956 casos de obesidade infantil podem ser relacionados a não amamentar. Caso as mulheres pudessem cumprir as recomendações de aleitamento, 98.243 mortes adicionais de mães por câncer de mama e de ovário e diabetes tipo II poderiam ser prevenidas a cada ano. 

“Este nível de morbidade e mortalidade evitável se traduz em custos de tratamento do sistema global de saúde de US $ 1,1 bilhão por ano”, aponta o estudo.

Apesar das evidências apontadas, apenas 40% das crianças com menos de seis meses são amamentadas exclusivamente em nível mundial. 

Panorama mundial

  • Cinco em cada 20 bebês (52%) na América Latina e no Caribe não são amamentados em sua primeira hora de vida;
  • Estima-se que, em 2017, 78 milhões de recém-nascidos no mundo tiveram que esperar por mais de uma hora para serem colocados no peito de suas mães, segundo o relatório publicado pelo UNICEF e pela OMS, “Capture the moment”, que analisa dados de 76 países. (Fonte: Nações Unidas)

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