Ícone do sitePortal Lunetas

Minuto Lunetas com Cris Pàz e Joubert Amaral: menino não chora?

Imagem mostra um menino branco escondido atrás de folhas verdes de uma planta.

Quem já precisou esconder que está triste sabe como é difícil guardar os sentimentos sem poder desabafar. Imagine, então, para uma criança? No livro “O menino que engoliu o choro” (Editora Gulliver), a autora Cris Pàz (antes Cris Guerra) conta a história de uma criança que, aos poucos, “vira um mar por dentro” de tantas lágrimas presas.

Tudo começa com uma bronca do pai: “engole o choro porque homem não chora”. O menino cresce sem saber lidar com o que sente até que… Uma hora deságua.

No Minuto Lunetas, Cris Pàz explica por que meninos aprendem a silenciar a dor — e como quebrar o ciclo. Joubert Amaral, diretor da adaptação em curta de animação (Navegantes Entretenimento), conta sobre os bastidores do filme que já ultrapassou 1 milhão de visualizações no YouTube.

Cris e Joubert defendem uma criação mais sensível dos meninos e novos olhares dos adultos sobre os sentimentos.

‘O choro é a porta de saída da dor’

Cris Pàz lembra que muita gente aprendeu, em algum momento, a “engolir o choro”. Para ela, ainda lemos a dor como fracasso — e tentamos escondê-la. “Mas esquecemos que essa dor faz parte de todo o processo.”

Segundo a autora, os meninos recebem essa cobrança com ainda mais força, muitas vezes por crescerem com adultos que também não aprenderam a lidar com o que sentem. Cris se define como “ativista do choro” e reforça: “Quando a gente chora, fica mais forte.”

Para romper o ciclo, ela sugere que os responsáveis olhem para suas próprias feridas e curem a criança que foram. Dessa forma, é possível criar meninos que sabem chorar — e homens que não precisem da masculinidade tóxica e violenta para existir.

‘Uma frase simples pode ter um peso gigante’

Para Joubert Amaral, quando um adulto diz para uma criança engolir o choro, ele não percebe o quanto afeta os sentimentos dela. “Há gerações isso acontece, e muitos adultos não sabem lidar com seus sentimentos, diz. Por isso, quando naturalizamos esse jeito de falar, a criança perde repertório para enfrentar dificuldades.

O diretor entende que esse é também um problema de gênero. “Esperam que as meninas sejam mais chorosas e que os meninos sejam fortes”. Então, além de ouvirem que precisam engolir o choro, existe a frase “homem não chora”. É mais um fator de sofrimento. “Uma frase simples pode ter um peso gigante.”

Leia mais

Sair da versão mobile