O afeto é parte fundamental do triângulo que une adultos, bebês e livros e vai muito além de ensinar palavras, formas e cores
A leitura com bebês é uma possibilidade de construção afetiva e cabe aos adultos dar acesso a obras que ampliem o potencial destes pequeninos leitores. Para quem não sabe por onde começar, esta seleção é um bom ponto de partida.
É na companhia de seus cuidadores que os bebês são apresentados também ao mundo dos livros – às vezes, desde a barriga da mãe o bebê lê ao ouvir histórias. Mais do que tornar bebês superdotados e capazes de decodificar os signos da escrita, a leitura com bebês é uma possibilidade de construção afetiva e pode começar bem cedo.
A literatura para bebês é uma oportunidade de “garantir em igualdade de condições o direito a todo ser humano de ser o sujeito da linguagem: de se transformar e transformar o mundo e de exercer as possibilidades que proporcionam o pensamento, a criatividade e a imaginação”, como ensina a escritora e educadora colombiana Yolanda Reyes, que é referência em leitura e literatura na primeira infância.
Segundo aponta em seu livro “A casa imaginária: leitura e literatura na primeira infância” (Global), a leitura na primeiríssima infância é parte de um triângulo amoroso entre adulto, bebê e livro capaz de transformar os pequenos leitores em sujeitos de suas próprias escolhas no futuro.
Em sua livraria e jardim de infância Espantapájaros, Reyes mantém uma estante com os livros mais mordidos, ou seja, os preferidos. Por aqui, o Lunetas convidou a pesquisadora Cássia Bittens, do projeto “Literatura de berço”, para sugerir uma lista de livros para bebês a serem aproveitados na companhia de adultos. O cardápio é variado, para que os pequenos leitores possam experimentar à vontade, definir suas preferências e se preparar para escolher suas próximas leituras quando forem a bibliotecas, livrarias e outros espaços com livros.
Bia e o elefante são inseparáveis e completamente diferentes. Bia gosta de brincar lá fora e o elefante prefere ficar dentro de casa. Um gosta de correr, outro de andar devagar. Mas todas essas oposições não os impede de serem grandes amigos. Esta é uma das obras da coleção “Literatura de colo”, criada especialmente – mas não apenas – para a primeiríssima infância.
O nome do personagem desta narrativa já anuncia sua principal característica: ele só responde “não”, mesmo quando lhe perguntam se quer brincar, comer algo gostoso, passear, ver os amigos… Por que será? Essa questão vai provocar muita inquietação nos leitores, afinal, quem diz não a um passeio no parque ou a um brigadeiro?
O bebê e a mamãe estão sem fazer nada, até que toca a campainha e quem será? Os familiares que vão chegando para uma festa de aniversário surpresa têm um jeito próprio de saudar o bebê, de quem todos gostam tanto! Um texto delicioso para ler em voz alta.
Na cozinha da mamãe, uma colher logo vira microfone. Um cabo de vassoura vira um cavalo bravo! Quantos objetos no cotidiano são transformados pela imaginação e pelo olhar dos pequenos? Este livro é um convite para adultos e crianças exercitarem este olhar sensível para a mágica que acontece no dia a dia. Também é um convite para os pequenos leitores exercitarem a observação atenta aos detalhes da ilustração. Será que tudo é mesmo como parece? Será que só o sol se esconde atrás da cortina?
O que é que tem um nariz azul esverdeado, dentes brancos afiados e grandes olhos amarelos? É O Grande Monstro Verde! Um livro cheio de recortes e formas que transformam uma narrativa em que a criança vai assumindo o protagonismo e mostra quem é que manda.
O sapo Bocarrão tem uma boca enorme, é muito guloso e vive perguntando aos outros bichos o que eles gostam de comer. De página em página, vai jogando conversa fora até encontrar o terrível crocodilo e tomar uma atitude radical. Um dos motivos do encantamento das crianças por este livro são as dobraduras-surpresa que saltam a cada virar de página. Os autores têm outras obras que também são sucesso entre os pequenos.
A partir da provocação da fonoaudióloga Aline Lucena, que entende que o olhar é um aspecto importante da comunicação que pode ser desenvolvido – e brincado! -, a autora Bruna Lubambo criou “Olha! Olha!”, cheio de rimas e de convites para explorar o que os olhos podem fazer. Depois da leitura, os pequenos podem começar a brincadeira com máscaras e recortes para criar em família.
Esta é a história de uma lagarta gulosa que come de tudo. Come até as páginas do livro! Em formato que cabe nas mãos dos bebês, o material cartonado é resistente, mesmo àqueles que, assim como a lagarta, vão querer experimentar o livro. Uma das obras mais conhecidas de Eric Carle, faz sucesso entre leitores do mundo todo há 50 anos. O autor dedicou seu trabalho à primeira infância e produziu muitas obras incríveis.
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