Em um bairro com poucas árvores, uma abriga a casa de um joão-de-barro. Os adultos mal notaram a presença do novo morador, de tão imersos na rotina da cidade grande. Já as crianças foram envolvidas pelos mistérios em torno daquele visitante surpresa. Para Theo, 3, o canto do bem-te-vi parece o seu nome. Giovanna, 3, e o Joaquim, 4, adoraram experimentar as sementes que os passarinhos comem. Por fim, o Noah, 4, se encantou pelo ninho que cuida dos ovos.
Essa árvore fica em frente a uma escola de educação infantil onde o projeto “Passarinhar” trouxe os pássaros como tema. “Para as crianças, é uma alegria ver o joão-de-barro, ao chegar e sair”, conta Anna Dorio, diretora da escola Chave do Tamanho, no Parque São Jorge, na zona leste de São Paulo.
“Com o joão-de-barro, por exemplo, as crianças aprenderam que o tempo, quando bem planejado, pode ser um aliado dos nossos sonhos. Os sabiás nos convidaram a colocar as pipas para voar e o bem-te-vi, com seu canto, nos conectou à natureza”, comenta a professora Nislei Cantóia.
Quem sabe depois do “Passarinhar”, as crianças possam descobrir outros passarinhos entre as mais de 500 espécies que habitam a capital paulista ou passam sazonalmente por ela. Isso quem nos conta são os editores de “Pássaros e outras aves da cidade de São Paulo”, publicado pela editora Laranja Original.
Neste trabalho, além de apresentar alguns hábitos curiosos das aves, a artista Noris Lima desenha cada passarinho usando apenas lápis de cor. O convite é para que a obra atravesse gerações, “com pais mostrando a filhos, avós mostrando a netos”.
Livros sobre pássaros para aprender e se divertir
O Lunetas preparou uma lista com livros sobre pássaros para atender todos os gostos. Nesse sentido, tem livro informativo, poético, para ler em capítulos, para brincar, para conhecer espécies e para ouvir os cantos.
Entre eles, você vai conhecer um menino curioso que quis se aproximar dos pássaros. Isso porque acreditava que as aves guardam segredos sobre a vida. Esta história está no livro “A alma secreta dos passarinhos”.
“Muitas vezes o menino ouviu dizer que os passarinhos eram a alma de Deus voando pela Terra. Decidido a conhecer Deus, postou-se de tocaia entre as flores.” Assim, com poesia e sensibilidade, o texto e as imagens nos convidam então a acompanhar a aventura de um menino curioso que quer compreender os mistérios da vida.
Um dos finalistas do Prêmio Jabuti de 2022, o livro entrelaça 48 pássaros brasileiros em uma história rimada e cheia de humor. Desse modo, o autor brinca com os nomes das aves, que refletem a criatividade do povo de cada região. “Tem passarinho de nome esquisito. Será que onde tem Pernilongo, também tem Papa-mosquito? Há quem tenha nome elegante, como a Saíra-diamante. Ou engraçado, como o Enferrujado.” Cada uma das espécies é retratada com ilustrações em aquarela. No fim do livro, há um QR Code que dá acesso aos cantos.
No livro, sabiás, andorinhas, beija-flores, canarinhos-da-terra e coleirinhos enfrentam o medo dos humanos e das aves maiores. Mas tem algo mais difícil: a falta de árvores para abrigar todos em segurança, conforme sua população vai aumentando. Então, os passarinhos pequenos se reúnem para pôr em prática uma ideia ousada que pode mudar tudo. A obra é a estreia da jornalista Miriam Leitão na literatura infantil. Foi inspirada em sua vivência na fazenda, em Minas Gerais, que é também uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), onde vivem mais de 156 espécies de pássaros.
Você já viu um pássaro dormindo? Já se perguntou quando as garças em migração encontram tempo para tirar uma soneca enquanto atravessam o oceano? São curiosidades assim que este livro informativo apresenta. A ideia surgiu das perguntas dos filhos dos autores. Isso porque foram pesquisar e descobrir os hábitos de sono de mais de 20 espécies de pássaros do mundo todo.
Com texto gostoso de ler em voz alta e palavras que desafiam até leitores experientes, o livro é também um convite a brincar de adivinhar. “A cada página virada, bicovárias aves você verá. Agora a grande charada: qual delas vai voar?”. As ilustrações são ricas em detalhes. Portanto, trazem pistas para os olhares atentos.
Os jaburus, também chamados de tuiuiús, ave símbolo do Pantanal, mostram nesta narrativa que há muitos jeitos de ser e estar no mundo. Por isso, é um convite a olhar para as diversas configurações familiares e as possibilidades de convivência. Há quem viva sozinho, os que partem, se multiplicam e quem guardamos na memória.
Ele não podia voar, porque tinha asas pequenas demais. Mas isso não era problema até que seus amigos voaram e ele ficou para trás. É a partir da solidão que o Pássaro Amarelo mostra o poder da criatividade e da amizade. E vai em busca dos sonhos.