‘Manolito, assim o chamamos’: um livro sobre pertencer
“O problema com o bicho Manolito é que ele não sabe que não é gente”, pontua o início desta intrigante narrativa. Por não saber que não é gente, ele decide que vai viver entre as pessoas, quer elas queiram, quer não. Planta-se na porta da casa e diz que quer entrar. Sua entrada não é permitida e os vários argumentos para explicar por que Manolito não pode entrar parecem não o convencer.
Cheio do humor e da doçura tão peculiares à obra do argentino Gustavo Roldán, o livro “Manolito, assim o chamamos” levanta questões para as quais não há respostas simples ou diretas. Por isso, ao longo da história, é difícil definir de que lado estamos, para quem estamos “torcendo”.
Um bicho-gente e muitos questionamentos
Hora com atitudes de bicho, hora de gente, Manolito, por mais estranho que pareça, nos cativa por sua teimosia e insistência. Mas, o que é ele? Uma mistura de elefante com outro animal cabeludo ou será um bicho que ainda não conhecemos? É um problema bicho não saber que é bicho? E querer morar em uma casa como gente? Mas e se essa casa já estiver ocupada? Ele pode entrar sem que os donos permitam? Manolito vai desistir da ideia de viver em uma casa como gente ou enfim realizar seu desejo?
A gente segue pensando em motivos e argumentos para dissuadir o bicho teimoso e grandalhão de querer ficar. Enquanto Manolito segue matutando formas de permanecer ali e fazer parte da vida de uma família que vive numa casa pequenina.
Entre as tantas perspectivas de leitura para a história de Manolito, chama a atenção a possibilidade de resolver um conflito de forma respeitosa. Se não há espaço — físico e simbólico —, mas existe o desejo genuíno de permanecer, o que pode ser feito?
Distante de moralizar ou mostrar quem está certo ou errado, a narrativa abre espaço para a reflexão, nos convidando de forma bem-humorada a pensar sobre autoimagem e como somos vistos pelos olhos do outro; sobre individualidade e a forma como nos relacionamos; quem chega e quer — ou precisa — ficar. É sobre pertencer.
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