Livro coloca menina protagonista para falar de ocupação das ruas

A vida roda acelerada nas calçadas, ruas e avenidas. Mas uma menina e sua bicicleta vão propor uma pausa no ritmo frenético da cidade grande

Da redação Publicado em 01.11.2016

Resumo

"As crianças e os idosos parecem ser a pedra no caminho na vida das cidades", provoca o autor do livro, que discute mobilidade e ocupação urbana.

“Numa grande cidade, tinha uma menina que parou o trânsito com sua bicicleta.” Assim começa o recém-lançado livro infantil “A menina que parou o trânsito” (Editora V&R), de Fabrício Valério, com ilustrações de Bruna Assis Brasil. Aparentemente banal, a narrativa leva o pequeno leitor a refletir sobre a lógica quase sempre cruel de uma grande cidade.

Ao decidir interromper o fluxo dos carros com sua bicicleta, a menina vira o alvo de uma série de reações em cadeia. E o que acontece depois é que o guarda fica bravo apita, o motorista fica irritado e buzina, o condutor do ônibus se enche de raiva e freia bruscamente. Em linguagem de conto cumulativo, o livro propõe uma reflexão sobre o ritmo acelerado nas grandes cidades e como ele afeta a qualidade de vida e da mobilidade das pessoas.

Apesar de as ilustrações indicarem leveza no trato do tema, por trás há uma mensagem urgente: conscientizar sobre o espaço do próprio ser humano na lógica desenfreada da rotina de uma metrópole. “A brincadeira toda é mostrar o que uma simples pausa pode acarretar e revelar. O ser humano, em especial as crianças e os idosos, parece ser a pedra no caminho da cidade grande”, ressalta o escritor.

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A menina que parou o trânsito 

Carros e ônibus num vaivém furioso, motos em zigue-zague, gente andando feito barata tonta. A vida roda acelerada nas calçadas, ruas e avenidas. Mas uma menina e sua bicicleta vão propor uma pausa no ritmo frenético da cidade grande.

Cidade para pessoas x Cidade para carros

O livro propõe também uma reflexão sobre o lugar privilegiado que se dá aos meios de transporte motorizados no dia a dia das grandes cidades, e como esse realidade influencia em cada indivíduo.

“A pressa da vida diária não dá tempo para a reflexão, e essa insanidade cotidiana, essa violência quase surda que está materializada no carro, objeto que tomou as ruas para si como seu habitát natural”, explica o autor

Apesar de ser uma narrativa divertida e lúdica, a mobilidade urbana e a ocupação do espaço público estão no centro da intenção da história. O texto de Fabrício foi inspirado por um fato real, que aconteceu na cidade de Amsterdã, na Holanda, em 1972. Um grupo de crianças, reivindicando seu espaço na sociedade e nas ruas, encabeçaram um movimento para lutar por espaços de lazer. Veja o minidocumentário sobre o caso e inspire-se:

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