Para adultos que foram grandes amantes dos clássicos jogos de tabuleiro na infância, talvez pareça estranho que os filhos prefiram as telas do que uma boa partida de dama, xadrez ou dominó. Muitos desses jogos, por exigirem paciência e foco, costumam ser desafiadores e perdem ao competirem com os estímulos sonoros e visuais da atualidade. Entre clássicos e menos populares, separamos 10 jogos de tabuleiro para brincar em família. A ideia é “quebrar a cabeça”, um desafio para as crianças e também para os adultos usarem a imaginação!
Raciocínio lógico com auxílio dos jogos
Apesar disso, os jogos de tabuleiro trazem benefícios para o desenvolvimento do raciocínio lógico infantil e são uma ótima oportunidade de passar tempo junto em família. Jogando, as crianças podem aprender a planejar, prever movimentos ou detectar padrões, e exercitar o pensamento proativo. A experiência também traz lições valiosas como ganhar, perder e, consequentemente, lidar com a frustração de forma saudável.
É importante lembrar que o tempo de aprendizagem varia de jogo para jogo, que também depende da habilidade de cada criança, não sendo necessário que ela já comece com o conjunto completo. É possível jogar apenas com algumas peças, iniciando pelas regras básicas, e ir progredindo ao longo do tempo. Desafiar os jogos, propor novas regras ou inventar um novo jogo a partir de uma regra específica também podem ser uma proposta divertida até a criança se familiarizar com um determinado tabuleiro.
Jogos de tabuleiro para brincar em família
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1. Mancala
A mancala é considerada “pai e mãe” de todos os jogos, um dos mais antigos da humanidade. Com origem no continente africano, os primeiros tabuleiros eram escavados na terra e as partidas eram jogadas com sementes, já que as ações simulam o ato de semear para a germinação.
Tradicionalmente, a mancala apresenta um tabuleiro com 14 cavidades: duas fileiras paralelas com seis cavidades cada e duas cavidades na ponta, entre as fileiras, que servem de reservatório. O objetivo é acumular um número maior de sementes do que o adversário.
Você pode explorar com mais profundidade as regras do jogo no livro “Brincar e ler para viver”, de Adriana Klisys e Edi Fonseca. O material explora um acervo de possibilidades e ações educativas para serem realizadas com jogos de tabuleiro, além de estimular a criação dos próprios jogos.
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2. Pong Hau k’i ou “ferradura”
Um jogo simples e de origem chinesa, pensado para dois jogadores. Ele pode ser feito com pedaços de papel e poucas peças. O tabuleiro marca cinco casas e exige quatro marcadores, dois de cada cor. O objetivo é movimentar as peças pelas linhas até que se consiga “trancar” o adversário.
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3. Xadrez
Apesar de ser um jogo de inúmeras estratégias, o xadrez não apresenta regras tão complexas quanto parece. Para os pequenos, o mais interessante é começar com o exercício de posicionamento e movimento de cada uma das peças, individualmente. No livro “Xadrez para crianças”, de Sabrina Chevannes, a autora mostra, de forma lúdica e criativa, como elaborar novos jogos com objetivos diferentes.
Antes de colocar todas as peças e ensinar a criança a jogar, experimente dinamizar o aprendizado começando apenas com os peões, por exemplo. Depois, acrescente as torres ou bispos, com novas regras para a vitória. Assim, sucessivamente, o aprendizado das peças vai conduzindo os pequenos até o conjunto de regras finais do jogo.
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4. Que história é essa?
Os Três Porquinhos, Branca de Neve, Baba Yaga, Aladin ou Barba Azul: que história é essa? Este é um jogo de trilha, criado pela editora A Taba, para testar os conhecimentos sobre os contos de tradição oral. São 24 casas até o ponto final, que precisam ser caminhadas conforme a indicação do dado e avançadas caso as charadas sejam desvendadas.
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5. Damas
Apesar de tantas regras, uma partida pode se tornar uma porta para novas narrativas e descobertas. Como qualquer outra brincadeira, os jogos de tabuleiro têm uma história, que pode ser contada e imaginada com as crianças. Você sabia que os faraós do Egito já eram fãs desse tabuleiro com capturas por volta de 3.500 anos atrás? Jogar também é uma oportunidade de conhecer e explorar a imaginação!
Regras básicas
- O tabuleiro é posicionado de modo que cada participante fique com uma casa escura à esquerda;
- Tanto as damas escuras quanto as claras devem ser posicionadas nas casas escuras;
- O objetivo é capturar ou imobilizar as peças do adversário;
- Quem inicia o jogo é quem possui as peças mais claras;
- As peças só andam e capturam para frente;
- Quando algum jogador atravessa o tabuleiro e chega à fileira inicial do adversário, a peça se torna dama e ganha novos poderes;
- A dama pode andar para frente e para trás na diagonal, e quantas casas quiser.
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6. Quatro em linha
Da mesma família dos jogos de alinhamento, como jogo da velha, o 4 em linha exige um alinhamento de quatro peças da mesma cor na posição vertical, horizontal ou diagonal. A grande diferença é que seu tabuleiro costuma ser vertical, o que oferece um desafio a mais para a dinâmica do jogo.
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7. Debaixo do meu chapéu (jogo da memória)
O jogo da memória é um clássico e pode ser recriado conforme a criatividade dos jogadores. Mas aqui apresentamos uma proposta especial, criada pelo projeto cultural Vozes do Bem-Querer. Debaixo do meu chapéu não é só um jogo da memória (com 28 cartas, 14 iguais), mas uma brincadeira de ação para soltar a voz.
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8. Dominó
O dominó é um jogo de 28 peças, cujas faces apresentam números de zero a seis. Cada jogador recebe sete peças e as guarda para jogar, iniciando com quem possui o duplo seis. Entre as regras e estratégias do jogo, é preciso estar atento às sequências de pares numéricos.
O dominó é um ótimo jogo para se colocar no lugar do parceiro, experimentando olhar a situação por outro ponto de vista. Afinal, conhecendo bem as peças do jogo, é possível imaginar quais delas faltam nas mãos do outro, buscar antecipar as jogadas alheias e tomar as melhores decisões a cada rodada. Este jogo de dominó está disponível para imprimir.
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9. Fantan
O fantan é um jogo que surgiu na China e muito popular na Coréia. Ele é considerado um “jogo de azar”, semelhante à roleta. O jogo tem sido usado para investigar o pensamento e a linguagem algébrica no ensino fundamental, por meio de situações problema.
Material necessário
- Tabuleiro retangular, marcado pelos números 0, 1, 2 e 3 (pode ser de papel)
- 2 a 20 fichas em quatro cores (80)
- 3 a 4 jogadores
- Feijões, pedrinhas ou botões
Modo de jogar
- Cada jogador deve receber 20 fichas e apostar uma quantidade de fichas em um número (0 a 3) escolhido. Não se pode apostar no mesmo número;
- Um jogador externo apanha um punhado de feijões e joga no tabuleiro. Os grãos precisam ser agrupados de quatro em quatro. O número de feijões que sobram indica o número do tabuleiro que é vencedor da rodada;
- Quem apostou no número ganha as fichas do adversário.
O interessante para as aprendizagens de matemática é usar variáveis de agrupamento dos feijões ou situações-problema que precisam ser resolvidas e cujo resultado chegará a um dos números do tabuleiro.
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10. Jogo da Onça
Sua origem remete aos povos indígenas do Brasil e, inicialmente, era praticado com pedras ou sementes, movidas por traços na terra ou areia. Para os Bororos, era conhecido como “adugo”; para os Guaranis, como “jaguá ixive”. Ao contrário da maior parte dos jogos de tabuleiro, no jogo da onça, um time joga com 14 peças, enquanto o outro apenas com uma. A peça solitária corresponde à onça, que precisa fugir dos 14 cachorros. O objetivo da onça é comer, pelo menos, seis cachorros. E o dos cachorros? Cercar a fera!
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Você sabia?
O “Gioco dell’oca” ou “Jogo do Ganso” é o grande ancestral italiano dos jogos de trilha, como Monopólio e Jogo da Vida. Em formas de espiral, ele possui 63 casas e ganha quem chega ao fim do percurso. É um jogo carregado de simbolismos, já que o ganso era tido como um animal sagrado, símbolo da fertilidade, na Grécia Antiga. Na Europa Medieval, tornou-se um bicho de estimação tão eficiente como um “cão de guarda”. O jogo já foi presente oferecido aos reis e, atualmente, na Itália, ganha uma festa em sua homenagem, com uma reprodução do tabuleiro em 130 metros. Já inspirou tantas recriações que hoje possui um museu dedicado a ele, com 2.500 peças, o Musée du Jeu de L’Oie, na França.