Icterícia neonatal: o que é, como identificar e como tratar

Condição comum entre recém-nascidos, a icterícia provoca uma cor amarelada na pele dos bebês e não oferece riscos se controlada

Camilla Hoshino Publicado em 01.08.2018
Bebê em uma encubadora

Resumo

Bebê com pele amarelada pode ser sinal de icterícia neonatal, causada pelo aumento no sangue da substância bilirrubina, fabricada naturalmente pelo organismo. A icterícia é comum em graus variados em 60% a 80% dos bebês e não apresenta grandes riscos se controlada.

É muito comum bebês apresentarem, logo após o nascimento, uma coloração amarelada na pele, que pode também estar presente nas conjuntivas (branco dos olhos). É um quadro característico da icterícia neonatal, alteração causada pelo aumento no sangue de uma substância amarelo-esverdeada chamada bilirrubina, fabricada naturalmente pelo organismo.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, a icterícia atinge aproximadamente 60% dos recém-nascidos até 80% dos prematuros tardios (que nasceram com 34 a 37 semanas de gestação) na primeira semana de vida, permanecendo por 30 dias ou mais em cerca de 10% dos bebês em aleitamento materno.

Organismo do bebê

Como funciona: todos os dias milhões de células vermelhas (hemácias) são produzidas na medula óssea e outras milhões são destruídas no baço. O processo de destruição libera a bilirrubina, que é captada e metabolizada pelo fígado e, em seguida, eliminada pelas fezes ou urina. Como a capacidade de metabolização e eliminação ainda é limitada nos recém-nascidos, ocorre a concentração desse pigmento na corrente sanguínea.

Quem explica essa condição presente nos bebês é o médico neonatologista Joaquim Eugenio Bueno Cabral, da Rede D’or São Luiz, em São Paulo. “A icterícia normalmente é fisiológica (normal) e regride espontaneamente. Alguns fatores, entretanto, podem agravá-la.

O mais comum é a incompatibilidade de sangue entre a mãe e o bebê, tanto do grupo ABO como Rh”, afirma. Isso significa que, a mãe apresentando Rh- e o filho Rh+, por exemplo, pode ocorrer maior e mais rápida destruição das células vermelhas do que a capacidade hepática do bebê de processamento da bilirrubina.

Outros fatores menos comuns, segundo o pediatra, são infecções materno-fetais e doenças congênitas que levam à hemólise (destruição das hemácias e anemia). Entre elas a deficiência de G6PD, esferocitose e falciforme. Estas doenças normalmente são detectadas no teste do pezinho.

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Como identificar a icterícia?

“Em variados graus, praticamente todos os recém-nascidos acabam apresentando icterícia. E, muitas vezes, é tão leve que os pais nem percebem”, atenta Joaquim Cabral. Em boa parte dos casos, a ictericia se caracteriza como uma situação transitória e desaparece naturalmente. Ela costuma ser identificada entre o segundo e o terceiro dia de vida do bebê, durando em média dez dias, exceto nos casos dos que nascem prematuros, que podem apresentar quadros mais intensos e duradouros.

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Quais são as causas da icterícia?

Uma das causas nos prematuros tardios, que têm a capacidade de sucção ainda pouco desenvolvida, pode estar relacionada à dificuldade de amamentação, já que o leite materno contém substâncias que auxiliam na deposição da bilirrubina. O diagnóstico da icterícia é feito pelo médico em exame clínico ou por meio de exame sanguíneo, capaz de detectar com precisão o nível de concentração da bilirrubina.

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Qual o melhor tratamento para a icterícia neonatal?

O tratamento padrão da icterícia é a fototerapia (banho de luz). Em casos extremos indica-se a exosanguineo-transfusão (troca de sangue). O tratamento pode e deve ser feito ao lado da mãe, preferencialmente no hospital. Desde que disponível o equipamento de fototerapia, também pode ser feito em casa, mas sempre com acompanhamento médico.

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Há riscos se não tratada?

Quando não tratada, a icterícia em caso severo pode levar a deficiência auditiva, além da intoxicação e lesão de vários órgãos, principalmente do cérebro. Infelizmente, também não existe meios para prevenir a icterícia, somente cuidados e controles nos fatores de agravo.

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