Igualdade: Em livro, heróis também choram e princesas fazem cocô

Na recriação da cartunista Linnéa Johansson, Batman aparece como um herói desconstruído: antes de combater o crime, ele ajuda a cozinhar e cuidar das crianças

Da redação Publicado em 17.10.2016

Resumo

Já imaginou como seriam os super-heróis na vida real? Para convidar as crianças a refletir sobre igualdade de gênero, a cartunista Linnéa Johansson desenhou Batman carregando bebê no sling, e o Homem-Aranha fazendo cocô.

No mundo do “era uma vez”, heróis, heroínas, rainhas e princesas representam um modelo de comportamento, beleza e elegância. Porém, a vida real está muito distante desse universo idealizado e pretensamente perfeito.

Com o intuito de transmitir essa ideia para as crianças de um jeito leve, divertido e com pronta identificação, a cartunista Linnéa Johansson, da Suécia, criou dois livros para colorir que apresentam personagens conhecidos do imaginário infantil em situações muito diferentes. “Heróis Super Suaves” e “Princesas Super Fortes” trazem o Batman assando biscoitos, o Homem-Aranha fazendo cocô, a Cinderela jogando videogame e até a princesa Elsa, de Frozen, ficando careca. Já as heroínas Esmeralda e Pocahontas aparecem no livro como ativistas pelo meio-ambiente.

No livro, as princesas Elsa e Anna, de “Frozen”, dão adeus aos cabelos quando recebem uma tarefa especial: cuidar de uma criança com leucemia

Mais do que colocar os personagens em cenas incomuns para fazer rir, a artista pretende levantar a reflexão sobre estereótipos e instigar a curiosidade para pensar, afinal, de onde vêm os ‘papéis sociais’ aos quais somos induzidos a obedecer? Quem disse que o Batman, além de combater o crime, não pode ajudar nas tarefas domésticas?

“Na recriação da cartunista, o Batman aparece como um herói desconstruído: antes de combater o crime, ele ajuda a cozinhar e cuidar das crianças”

Mais do que uma proposta de entretenimento para os pequenos, os livros também fazem uma necessária defesa do mundo real. Afinal, educar as crianças dentro de bolhas superprotegidas e idealizadas pode acarretar problemas futuros, como dificuldade de lidar com obstáculos e aceitação das diferenças.

Pensando nisso, Linnéa faz um prefácio especialmente dedicado aos pais, onde ela explica a proposta do trabalho e questiona o que há por trás das imagens socialmente estabelecidas como a do ‘herói’ e da ‘princesa’:

“Uma das minhas coisas preferidas sobre os super-heróis é sua dualidade. Seu lado humano é o que dá a eles profundidade e complexidade; ou seja, eles choram SIM, eu só queria que eles chorassem na frente das crianças”

No texto, a cartunista faz ainda uma crítica ao machismo implícito nos desenhos infantis e na superficialidade do papel atribuído à mulher. “Comparadas ao super-heróis, as princesas são personagens unidimensionais”, ela afirma, referindo-se a um fato óbvio mas que poucas pessoas reparam: os heróis masculinos têm quase uma vida dupla – são humanos E heróis – enquanto as princesas representam apenas um papel. O problema disso, segundo ela, é que, diante dessas figuras superidealizadas, as crianças se esquecem que humanos também choram, se sentem frágeis e inseguros.

A boa notícia é que, apesar de os livros não serem brasileiros, ambos estão disponíveis para download gratuito. Que tal usar o livro na sala de aula ou em casa com os pequenos? Pode ser uma oportunidade de discutir sobre igualdade entre meninos e meninas. Inspire-se com os “Heróis Super Suaves” e divirta-se com as “Princesas Super Fortes“. Um jeito divertido e descomplicado de falar sobre os perigos dos estereótipos com os pequenos.

Confira algumas ilustrações do livro:

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Super-heróis na vida real: Batman carregando bebê no sling e Homem-Aranha fazendo cocô.

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A ilustração do livro "Princesas superfortes", as heroínas Esmeralda e Pocahontas aparecem como ativistas pelo meio-ambiente.

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Na recriação da cartunista, o Batman aparece como um herói desconstruído: antes de combater o crime, ele ajuda a cozinhar e cuidar das crianças.

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No livro, as princesas Elsa e Anna, de "Frozen", dão adeus aos cabelos quando recebem uma tarefa especial: cuidar de uma criança com leucemia.

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