Risco de evasão escolar é maior para estudantes com deficiência

Pesquisa mostra desigualdades no acesso ao ensino remoto na perspectiva de estudantes com deficiência

Da redação Publicado em 29.06.2022
Na foto, uma estudante de pele clara usa uma máscara azul e está sentada em uma cadeira, dentro de uma sala de aula. Ela conversa com a professora utilizando linguagem de sinais.
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Resumo

Apesar de mais otimistas para o retorno presencial, estudantes com deficiência enfrentam maior desigualdade no acesso ao ensino remoto - 47% sequer tiveram acesso ao atendimento educacional especializado (AEE), garantido por lei, no contraturno das aulas.

Estima-se que 1 a cada 10 estudantes com deficiência não teve nenhuma aula com recursos de acessibilidade ao longo do período de pandemia, além de 59% ter raro contato ou nunca ter recebido atendimento especializado especial (AEE), serviço de educação especial regulamentado por lei. Estes e outros dados voltados a estudantes com deficiência estão disponíveis na pesquisa “Desigualdades no acesso ao ensino durante a pandemia”, lançada no início de junho, pelo Plano CDE, Fundação Lemann, Itaú Social e Banco Interamericano de Desenvolvimento. A publicação possui quatro tópicos principais de análise (acesso ao ensino remoto, reabertura de escolas, percepções sobre o aprendizado e perspectivas sobre o futuro). 

Além da falta de acessibilidade, há uma tendência maior entre estudantes com deficiência não estarem frequentando a escola. Os fatores principais para a evasão escolar consistem no risco à saúde (64%) e falta de profissionais de apoio necessários (20%). Apesar de existir uma maior oferta de apoio psicológico voltado para estudantes com deficiência e a sensação de otimismo ser maior quando comparados a estudantes sem deficiência, o despreparo para o retorno presencial atinge 59% dos estudantes com deficiência. 

  • 48% dos responsáveis pelos estudantes acreditam que eles se sentem com dificuldades para manter uma rotina de estudos;
  • 32% veem dificuldades no relacionamento com professores ou colegas;
  • 28% acreditam que eles têm mais risco de desistir da escola, seja por não conseguirem acompanhar as atividades (31%) ou não se sentirem acolhidos (25%).

Cenário durante a pandemia

O WhatsApp foi a principal ferramenta para obter orientações e material didático durante o ensino remoto, com 73% dos estudantes com deficiência utilizando a plataforma. Aulas com recursos de acessibilidade, materiais didáticos adaptáveis (ou com recursos de acessibilidade) e contato escolar foram relatados pela maioria dos estudantes como disponíveis durante todo o período remoto ou em alguns momentos. Porém, o AEE teve maior dificuldade de acesso: apenas 23% acessaram o recurso durante todo o período de aulas remotas. 

A reabertura das escolas teve uma evolução na frequência escolar dos estudantes com deficiência: 79% voltaram a frequentá-las. As principais ações de apoio ao retorno estão sendo, em sua maioria, pautadas em disponibilizar professores para responder dúvidas de alunos e responsáveis (72%);  enviar informações sobre o estudante (70%); reuniões com responsáveis e equipe escolar (69%); e avaliações para entender as dificuldades dos alunos (66%).

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