Educação antirracista: escola pública homenageia mulheres negras

Na Escola Municipal de Educação Infantil Nelson Mandela, na zona norte de São Paulo, cada sala de aula leva o nome de uma personalidade negra brasileira

Da redação Publicado em 14.02.2019
Foto da entrada da sala de aula, tem uma menina entrando em sala de aula, com sua mochila rosa, e ao lado da entrada da sala, uma placa com o retrato da Dona Ivone Lara
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Resumo

Quer se inspirar com uma iniciativa de educação antirracista? Clementina de Jesus, Dona Ivone Lara e Elza Soares são algumas das mulheres negras homenageadas pelas salas de aula da EMEI Nelson Mandela, em São Paulo.

Na entrada de uma Escola Municipal de Educação Infantil de São Paulo, a EMEI Nelson Mandela, as crianças são recebidas com a mensagem “sou brasileiro com muito orgulho”, em um cartaz com papéis coloridos e motivos tropicais característicos da mata do nosso país. Localizada no bairro do Limão, zona norte de São Paulo, a instituição vem se consolidando como um exemplo bem-sucedido de pedagogia propositiva e humanista. Assim, contribui com sua função em oferecer uma educação antirracista e a favor da pluralidade de protagonismos.

Com cozinha aberta, horta comunitária, redário para hora da leitura e até mesmo um foguete no meio do refeitório, a escola agora inova ao colocar a história negra feminina no centro da atenção dos estudantes. Em 2019, todas as salas de aula da Nelson Mandela ganharam nomes de mulheres negras. O Lunetas esteve por lá, acompanhando o primeiro dia de aula deste ano letivo para uma fotorreportagem que você pode conferir aqui.

Vimos de perto a potência que é uma criança de quatro a seis anos dizer de boca cheia “vou estudar na Elza Soares”. É o caso da pequena Naima Bentia, filha da nossa colunista Luciana Bento, que é aluna da escola.

Narrativas e suas transformações sociais

Socióloga e livreira ativista do movimento negro, Luciana conta que ela mesma teve contato recentemente com a biografia da cantora e sua luta antirracista e feminista.  “Me encantei pela resiliência e pela capacidade de autotransformação dessa mulher, que está muito longe de ser uma santa, mas com seus erros e acertos tem uma história de vida incrível”, compartilhou.

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A foto de baixo do Feed ficou linda. A menina feliz, olhos brilhantes e alegria em estar na escola. ?. . Mas a vida real é mais que uma foto no Instagram. É menina querendo que a mãe fique na escola com ela. É o medo do primeiro dia dia aula. É a mãe indo levar a criança na escola praticamente de pijama, porque acordou duas horas antes, arrumou a irmã, fez café da manhã, arrumou a mochila, penteou o cabelo e deixou a menina no transporte e começou todo o processo com a outra filha, que agora não quer entrar na sala de aula. . . A vida real é a mãe tentando convencer a filha que a escola é a mesma do ano passado, aquela que ela ama e estava com saudades, que as novas prôs são legais e que agora ela é da turma Elza Soares, que é uma mulher bem legal e meio louquinha como ela. . . A vida real é a filha finalmente aceitando que vai ficar tudo bem e deixando a mãe ir pra sua segunda jornada, pras 8 horas diárias do capitalismo que não vão deixá-la ir buscar a filha na escola após o primeiro dia e que só antes de dormir poderá perguntar como foi o dia de menina. . . A vida real tem um monte de dúvidas, medos e negociações, mas muitas vezes tem um sorriso lindo como o da outra foto, o olhar brilhante que nos faz esquecer o cansaço do dia a dia. . . Obrigada coletivo @dicampanafotocoletivo pelo belo registro e @portal_lunetas pela bela reportagem. A ? é do @leubritto.

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“Que orgulho saber que minha pequena já na primeira infância, vai conhecer um pouco da história uma mulher que talvez tenha muita coisa a ver com ela”

“Mesmo com a distância de 80 anos entre as duas, que a história de Elza possa apontar caminhos para minha pequena em sua própria jornada”, escreveu Luciana em seu Instagram, reforçando a importância de apresentar referenciais positivos para as crianças desenvolverem sua identidade com autoconfiança.

Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Elza Soares e outras personalidades negras femininas que marcaram a História do Brasil ganharam uma espécie de estandartes que enfeitam a entrada de cada sala de aula. A educação antirracista é um lugar de importância para a identidade cultural do país que incentiva as crianças desde cedo a se apropriarem de narrativas possíveis de transformação social.

Confira fotos da EMEI Nelson Mandela!

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Léu Britto/DiCampana Foto Coletivo

A EMEI Nelson Mandela anhou uma série de prêmios por suas iniciativas pedagógicas, entre eles o 6º prêmio “Educar para a Igualdade”- Categoria Escola, promovido pelo CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades)

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Léu Britto/DiCampana Foto Coletivo

A EMEI Nelson Mandela ganhou uma série de prêmios por suas iniciativas pedagógicas, entre eles o 6º prêmio “Educar para a Igualdade”- Categoria Escola, promovido pelo CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades)

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Léu Britto/DiCampana Foto Coletivo

A EMEI Nelson Mandela ganhou uma série de prêmios por suas iniciativas pedagógicas, entre eles o 6º prêmio “Educar para a Igualdade”- Categoria Escola, promovido pelo CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades)

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