O oposto da sensação de intimidade é a de insegurança, o medo que sentimos quando não conhecemos bem aquela figurinha que nos chama de pai ou mãe - e vice versa
As melhores memórias afetivas com nossos pais e cuidadores, aquelas que vão construir nossa identidade e nosso bem estar emocional, são construídas no território da intimidade. Confira o texto do pediatra Daniel Becker!
Este texto foi escrito pelo pediatra Daniel Becker, autor do blog Pediatria Integral
A convivência entre pais e filhos é o único caminho para o desenvolvimento da intimidade. E a intimidade é a base de uma relação saudável, feliz e que faz crescer tanto crianças quanto seus cuidadores.
Todos nós precisamos da intimidade. É ela que nos permite conhecer nossos filhos profundamente, nos sentirmos à vontade com eles, seguros de nossas decisões. Intimidade é sentir-se em casa, conhecendo o território da convivência, onde o relacionamento flui, onde se estabelece um respeito afetuoso, onde somos mestres de nossas ações.
É o lugar onde o afeto floresce, onde nossa filha sabe o que queremos dizer com apenas um olhar, onde nossa intuição nos diz exatamente o que nosso filho precisa naquele momento, onde sabemos com segurança o que significa aquele choro, onde um meio-sorriso maroto traz lágrimas a nossos olhos.
O oposto da sensação de intimidade é a de insegurança, o medo que sentimos quando não conhecemos bem aquela figurinha que nos chama de pai ou mãe – e vice versa.
Sem intimidade, como saber porque minha filha está chorando, como antecipar ou responder às suas necessidades, como transmitir segurança?
E por outro lado, como negar um desejo seu, um gesto muita vezes tão importante? É muito mais difícil dar limites uma criança que não conheço, quando não sei como vai se sentir ou reagir a uma frustração. Quando tenho medo de que ela “não goste mais da mim”.
Na intimidade não há medo.
Ao contrário, há uma sensação de bem-estar, de fluxo, plenitude e encontro, que permitem saber a hora certa de intervir, ter discernimento no educar, dar limites quando necessário, com o respeito e a autoridade necessárias. Saber quando dar mais liberdade, e quando restringir.
Convivendo, aprendo a confiar no meu filho, e essa confiança é o motor da sua autonomia. Para desenvolver autonomia, a criança precisa saber que confiamos nela; e nós precisamos saber quando já é capaz de vencer um desafio, ou se ele ultrapassa sua medida.
As melhores memórias afetivas com nossos pais e cuidadores, aquelas que vão construir nossa identidade e nosso bem estar emocional, são construídas no território da intimidade. Aproveite a viagem, no dia dos Pais e em todos os outros.
Comunicar erro